31/05/2024
Leia João 6.60-65
Esses versículos nos ensinam que foi difícil para o homem ouvir alguns dos discursos de Cristo. Somos
informados de que muitos dos que há algum tempo seguiam Jesus ficaram ofendidos quando ele falou sob "comer" e "beber" seu corpo e seu sangue. Murmurando, disseram: "Duro é esse discurso; quem pode ouvi-lo?". Murmúrios e queixas desse tipo são muito comuns. Não devemos ficar surpresos por ouvi-los; pois existiram, existem e existirão enquanto houver mundo. Para alguns, parece difícil entender as palavras de Cristo. Para outros, como nesse caso, parece difícil crer nelas e, mais ainda, obedecer a elas. Essa é apenas uma das maneiras como a corrupção natural do homem se manifesta. Enquanto o coração do homem for orgulhoso, mundano, incrédulo, inclinado a se justificar por seus atos e até mesmo por seus pecados, sempre haverá pessoas que, ao ouvir as doutrinas e os ensinamentos cristãos, vão dizer: "Duro é esse discurso; quem pode ouvi-lo?".
Se não queremos ficar ofendidos com esses ensinos, devemos buscar e orar por uma atitude de humildade. Se achamos difícil entender quaisquer dos ensinamentos de Cristo, precisamos lembrar, com humildade, nosso estado de ignorância no presente e crer que, em breve, saberemos mais. Se achamos difícil obedecer a algumas de suas palavras, devemos também, humildemente, recordar que ele nunca exigirá de nós algo impossível; ele nos concede força para realizar o que nos ordena.
Outra lição que esses versículos nos ensinam é o dever de vigiarmos para não atribuir significado carnal a palavras espirituais. Aos judeus murmurantes, que tropeçavam na ideia de comer sua carne e beber seu sangue, nosso Senhor afirmou: "O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida".
É inútil contestar que esse versículo é complexo. Contém expressões de difícil entendimento. É mais fácil compreender o significado de toda a passagem do que explicá-la palavra por palavra. No entanto, podemos entender algumas coisas com clareza, coisas das quais devemos nos apropriar com firmeza. Passemos a considerá-las.
Nosso Senhor disse: "O espírito é o que vivifica". Com isso, ele estava afirmando que o Espírito Santo, em especial, é o autor da vida espiritual na alma do homem. Por meio da atividade do Espírito Santo, essa vida é concedida ao homem e posteriormente, nutrida e preservada nele. Se os judeus pensavam haver Jesus afirmado que o homem pode ter vida espiritual através do ato físico de comer e beber, estavam enganados.
O Senhor Jesus disse: "A carne para nada aproveita". Essas palavras significam que, se for literalmente ingerida, a carne do próprio Senhor Jesus, ou qualquer outra, não fará bem à alma. Visto que a alma é imaterial, não pode ser nutrida com alimento físico.
O Senhor também disse: "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. Ele pretendia asseverar que, aplicados ao coração pelo Espírito Santo, suas palavras e seus ensinos são os meios apropriados para despertar o interesse pelas coisas de Deus e conceder vida espiritual. Por meio das palavras de Cristo, a mente e a consciência são estimuladas. As palavras de Cristo, em especial, concedem vida e despertam o espírito.
Ainda que entendamos vagamente o significado desse versículo, as verdades nele contidas merecem atenção especial em nossos dias. Em muitos corações, existe a tendência de atribuir excessiva importância ao que é externo e visível, ou seja, às atividades religiosas. Essas pessoas imaginam que a essência do cristianismo consiste no batismo, na Ceia do Senhor, nas cerimônias públicas e formais, nas coisas que servem de apelo aos olhos e ouvidos ou ainda naquilo que traz satisfação ao corpo. Com certeza, esquecem que "o espírito é o que vivifica" e que "a carne para nada aproveita". A causa de Deus prospera mais pela atividade constante e serena do Espírito Santo do que por fazer alarde no intuito de tornar públicas as coisas espirituais. As palavras de Cristo, ao penetrar na consciência dos homens, são "espírito e vida".
Por último, esses versículos nos ensinam que Cristo conhece perfeitamente o coração dos homens. Vemos que "Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o havia de trair".
Afirmativas semelhantes a essa encontram-se nos evangelhos com tanta frequência que somos inclinados a subestimar sua importância. No entanto, existem poucas verdades tão importantes quanto essa para nossa alma recordar. O Salvador, com quem nos relacionamos, conhece todas as coisas!
Isso esclarece a admirável paciência demonstrada pelo Senhor, durante seu ministério terreno. Ele conhecia a tristeza e a humilhação que estavam diante dele e o tipo de morte que enfrentaria. Conhecia a incredulidade e a traição de alguns que se diziam seus amigos íntimos. Mas, "em troca da alegria que lhe estava proposta", suportou todas essas coisas (Hb 12.2). Isso também esclarece a loucura da hipocrisia e da religiosidade de alguém que apenas professa ser crente. Os que são culpados de cometer tais erros devem lembrar que não podem enganar a Cristo. Ele os vê e os conhece. E, no último dia, mostrará quem eles são, a menos que se arrependam. Não importa a condição de nossa vida cristã (mesmo que sejamos fracos), precisamos ser sinceros e verdadeiros.
Finalmente, isso fortalece os verdadeiros crentes em sua peregrinação diária. Eles devem sentir conforto ao pensar que seu Mestre os conhece. Embora sintam-se estranhos e sejam mal compreendidos pelo mundo, seu Mestre os conhece e os consolará no porvir. Feliz é aquele que, apesar de suas muitas fraquezas, pode dizer, assim como Pedro: "Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo"
(Jo 21.17).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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