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Foto do escritorSónia Ramos

A pobreza e a diferença de caráter dos primeiros discípulos; evidências abundantes da ressurreição de Cristo



20/12/2024

Leia João 21.1-14


A manifestação de Jesus aos seus discípulos descrita nesses versículos é uma parte

interessante da história narrada nos evangelhos. As circunstâncias que cercaram essa manifestação têm sido consideradas amplamente alegóricas e figurativas, em todas as épocas da existência da Igreja. Entretanto, com razão podemos questionar se os comentadores e intérpretes não foram muito longe em suas opiniões sobre esse assunto. É possível espiritualizar e destilar os relatos do evangelho até perdermos completamente o pleno significado de suas palavras. Nessa manifestação de Jesus aos discípulos, após a ressurreição, demonstraremos sabedoria em nos restringir às grandes e simples lições que, indubitavelmente, essa passagem contém.

Inicialmente, devemos observar nesses versículos a pobreza dos primeiros discípulos de Cristo. Nós os encontramos envolvidos no trabalho de suas próprias mãos, a fim de suprir suas necessidades diárias, desempenhando uma atividade bem simples: estavam pescando. Eles não tinham ouro nem prata, terras nem investimentos; por isso, não se envergonharam de retornar à sua antiga profissão, na qual muitos deles haviam sido treinados. É interessante o fato de que alguns deles estavam pescando quando o Senhor os chamou para ser apóstolos e novamente estavam pescando quando ele lhes apareceu quase pela última vez. Podemos ter certeza de que Pedro e João receberam essa coincidência com especial significado.

A pobreza dos apóstolos serve de instrumento para comprovar a origem divina do cristianismo. Esses homens, que labutaram durante toda a noite em um barco, puxando suas redes e nada apanhando; esses homens, que sentiram a necessidade de trabalhar arduamente para obter alimento; eles foram os principais fundadores da poderosa Igreja de Cristo, que se espalhou por grande parte do mundo. Eles foram os homens que saíram de um lugarzinho obscuro do mundo e, em algum tempo depois, o reviraram de cabeça para baixo. Eles foram os homens sem cultura e ignorantes que, com ousadia, confrontaram os sutis sistemas da filosofia antiga e silenciaram seus defensores, ao pregarem sobre a cruz de Cristo. Eles foram os homens que, em Éfeso, Atenas e Roma, esvaziaram os templos pagãos e converteram multidões a uma nova e melhor fé. Se alguém é capaz de explicar esses fatos sem admitir que o cristianismo procede dos céus, é uma pessoa notavelmente incrédula. A razão e o bom senso nos levam a apenas uma conclusão nesse assunto. Nada pode explicar a expansão do cristianismo, exceto a intervenção divina.

Em segundo lugar, devemos observar nesses versículos o diferente caráter dos vários discípulos de Cristo. De novo, nessa ocasião profundamente interessante, vemos Pedro e João lado a lado no mesmo barco. E, uma vez mais, assim como no sepulcro, nós os observamos comportando-se de maneira diferente. Estando Jesus na praia, durante o ofuscado amanhecer do dia, João foi o primeiro a reconhecer e disse: "É o Senhor!"; mas Pedro foi o primeiro a se lançar ao mar, esforçando-se para chegar perto do Senhor. Em resumo, João foi o primeiro a ver; Pedro, o primeiro a agir. O espírito gentil e amável de João foi mais rápido para discernir; porém, a natureza impulsiva de Pedro foi mais rápida para impulsioná-lo à ação. Os dois eram verdadeiros discípulos, amavam o Senhor em suas vidas e mostraram-se fiéis a ele até a morte; mas o temperamento natural deles não era o mesmo.

Jamais esqueçamos essa lição prática. Enquanto vivermos, devemos utilizá-la com diligência ao formular opiniões a respeito de outros crentes. Não devemos condenar os outros como pessoas incrédulas e destituídas da graça divina somente porque não têm as mesmas opiniões que nós temos no que se refere aos deveres cristãos e não expressam sentimentos iguais aos nossos. "Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo" (1Co 12.4).

Os dons dos filhos de Deus não são outorgados exatamente na mesma proporção e medida. Alguns possuem maior medida de um dom; outros têm mais de outro dom. Alguns dons brilham com mais intensidade quando utilizados em público; outros, em particular. Alguns crentes brilham mais em sua vida de passividade; outros, em uma vida de atividade; mas todos os membros da família de Deus, de acordo com seu dom e no devido tempo, glorificam a Deus. Marta era uma mulher agitada que se preocupava com muitos afazeres, enquanto sua irmã, Maria, assentava-se aos pés do Senhor, para ouvir sua Palavra (Lc 10.39-40). Todavia, chegou o dia em que Maria ficou abatida e prostrada por causa de muita tristeza, enquanto a fé exercida por Marta resplandeceu mais do que a de sua irmã (Jo 11.20-28). Ambas eram amadas por nosso Senhor. A única coisa realmente necessária é ter a graça do Espírito e amar a Cristo. Amemos todos aqueles que possuem essa graça e amam o Senhor, embora não vejam as coisas com nossos olhos. A Igreja de Cristo precisa de todos os tipos de servos e instrumentos - facas e espadas, machados e martelos, formões e serrotes, Marta e Maria, Pedro e João. A nossa regra áurea deve ser: "A graça seja com todos os que amam sinceramente a nosso Senhor Jesus Cristo" (Ef 6.24).

Por último, devemos observar nesses versículos a abundante evidência que as Escrituras fornecem sobre a ressurreição do Senhor Jesus. Nesta, assim como em outras passagens bíblicas, achamos uma incontestável prova de que nosso Senhor ressuscitou em um corpo físico, uma prova que um grupo de homens maduros viram com seus próprios olhos, ao mesmo tempo. Esse relato nos mostra o Senhor Jesus comendo e bebendo na praia do mar da Galileia, por um considerável período de tempo. O sol matutino da primavera brilhava sobre o pequeno grupo. Estavam sozinhos à beira do famoso lago da Galileia, bem distantes do barulho e das multidões de Jerusalém. Em seu meio, tendo os espetos em suas mãos, assentava-se o Senhor, o próprio Senhor, a quem eles haviam seguido por três anos e que pelo menos um deles vira na cruz. Não podiam estar enganados. Alguém ousaria afirmar que precisaria ser apresentada uma prova ainda maior do fato de que Jesus ressuscitou dos mortos? Sabemos que Pedro ficou satisfeito e convencido, pois disse: "Nós (...) comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos" (At 10.41). Aqueles que, em nossa época, dizem não estar convencidos também podem afirmar que estão determinados a não acreditar em qualquer evidência.

Devemos agradecer a Deus porque temos uma grande nuvem de testemunhas para comprovar que nosso Senhor ressuscitou. A ressurreição de Cristo é uma das grandes provas de sua missão divina. Ele disse aos judeus que não precisavam acreditar que ele era o Messias se não ressuscitasse ao terceiro dia. A ressurreição de Cristo é o clímax da obra de redenção. Ela comprovou que Cristo terminou a obra que viera realizar e, como nosso Substituto, venceu a morte. A ressurreição é um milagre que nenhum homem pode explicar. Se quiserem, os homens podem contestar e criticar os relatos sobre Balaão em seu jumento e sobre Jonas no ventre do grande peixe; mas, até provarem que Cristo não ressuscitou, permaneceremos inabaláveis. Acima de tudo, a ressurreição de Cristo é a garantia de nossa própria ressurreição. Assim como a sepultura não podia deter a Cabeça, também não deterá os membros do corpo. Com certeza, podemos afirmar juntamente com Pedro: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" (1Pe 1.3).



Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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