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03/07/2024
Leia João 9.1-12
Esse capítulo do Evangelho de João relata um dos grandes milagres de Cristo. Mostra-nos como Jesus restaurou a visão de um homem que era "cego de nascença". Nesse relato, assim como em outros do evangelho, as circunstâncias a respeito do milagre são completa e minuciosamente descritas. À semelhança de muitas outras, essa narrativa está repleta de lições espirituais.
Em primeiro lugar, devemos notar que o pecado trouxe bastante tristeza a este mundo. João nos apresenta o triste caso de um homem "cego de nascença". Dificilmente podemos imaginar uma doença mais grave do que essa. De todas as cruzes que o homem carrega, exceto a morte, nenhuma é maior do que a perda da visão.
A cegueira impede-nos de desfrutar as coisas boas da vida, restringe nossa vida e nos torna lamentavelmente desamparados e dependentes dos outros. De fato, os homens só compreendem totalmente o valor de sua visão quando a perdem. A cegueira, assim como outras enfermidades, é um dos frutos do pecado. Se Adão não houvesse pecado, os homens jamais se tornariam cegos, mudos ou surdos. As muitas doenças que nos alcançam, as incontáveis dores, enfermidades e os defeitos físicos a que estamos sujeitos surgiram juntamente com a maldição que veio sobre a terra. "Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 5.12).
Aprendamos a odiar o pecado, demonstrando-lhe ódio santo, considerando-o a raiz da maior parte de nossas inquietações e tristezas. Lutemos contra o pecado, esforcemo-nos para mortificá-lo, crucificá-lo e odiá-lo, tanto em nós mesmos como nos outros. O fato de que a raça humana ama o pecado e nele se deleita é a prova mais evidente de que os homens são criaturas caídas.
Em segundo lugar, devemos notar a solene lição que Cristo ministrou a respeito de aproveitar as oportunidades. Ele respondeu aos discípulos que lhe perguntaram sobre o homem cego: "É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar".
Essa declaração era completamente verdadeira, quando aplicada ao próprio Senhor Jesus. Ele estava ciente de que todo o seu ministério terreno acabaria ao final de três anos; por isso, diligentemente, remiu o tempo. Não deixou escapar as oportunidades de realizar obras de misericórdia e atender aos negócios do Pai. Pela manhã, à tarde e à noite, ele estava sempre fazendo a obra que o Pai lhe confiara. Sua comida e sua bebida consistiam em realizar a vontade do Pai e concluir sua obra.
A vida de Cristo transpirava um sentimento: "Preciso trabalhar; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar". Essa afirmativa deve ser relembrada por todos os que se declaram cristãos. A vida que agora desfrutamos na carne é o nosso dia de oportunidade. Tenhamos cuidado em usá-lo a fim de glorificar a Deus e praticar o bem em favor de nossas almas. Desenvolvamos nossa salvação, com temor e tremor, enquanto é dia. Não há qualquer obra no sepulcro para onde todos nós apressadamente estamos indo. Oremos, leiamos a Bíblia e honremos o Dia do Senhor, ouvindo a Palavra de Deus e fazendo o bem em nossa geração, como homens que jamais esquecem: "A noite vem". Nosso tempo é curto. A luz do dia logo acabará. As oportunidades perdidas jamais poderão ser recuperadas. Nenhum homem terá de volta um segundo do tempo perdido. Então, resistamos à procrastinação, assim como resistimos ao diabo. Sempre que estiver ao nosso alcance realizar algo, devemos fazê-lo com todas as nossas forças. "A noite vem, quando ninguém pode trabalhar."
Em terceiro lugar, devemos notar os diferentes recursos empregados por Cristo ao realizar milagres. Ao curar esse homem, ele poderia, se tivesse julgado conveniente, apenas tê-lo tocado com o dedo ou proferido uma ordem com os lábios. Mas ele não se contentou em fazer isso. Somos informados de que ele "cuspiu na terra e, tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego". Em todos esses recursos, não havia qualquer virtude inerente. Mas, por razões sábias, o Senhor agradou-se em utilizá-los.
Não precisamos duvidar de que nessa, assim como em outras atitudes de nosso Senhor, há uma lição instrutiva. Esse milagre nos ensina que o Senhor dos céus e da terra não está limitado a empregar sempre os mesmos recursos ou instrumentos. Quando outorga suas bênçãos aos homens, ele age como quer e não permite que alguém lhe prescreva como fazê-lo. Acima de tudo, esse milagre ensina àqueles que recebem algo de Cristo a serem cuidadosos ao avaliar o que acontece com outras pessoas quando se fundamentam em sua própria experiência. Foram curados por Cristo, recebendo visão e vida nova? Agradeçamos a Deus por isso e sejamos humildes. Mas tenhamos cuidado em afirmar que somente foram trazidos à vida espiritual aqueles que tiveram exatamente as mesmas experiências pelas quais passamos. A grande questão é: os olhos de nosso entendimento foram abertos? Nós vemos? Temos vida espiritual? Para nós, é suficiente ter a cura realizada e a saúde restaurada. Se isso acontecer, deixemos que o grande Médico escolha os instrumentos e recursos - o lodo, o toque e a ordem.
Por último, devemos notar o imenso poder de Cristo. Nós o vemos realizar algo que, em si mesmo, era impossível. Sem remédios, ele sarou uma enfermidade incurável e deu visão a um homem cego de nascença.
Esse milagre destinava-se a ensinar a antiga verdade que jamais chegaremos a entender completamente: Jesus, o Salvador dos pecadores, tem todo poder nos céus e na terra. Tais obras poderosas nunca teriam sido realizadas por alguém que era apenas um homem. Na cura desse cego, vemos a mão do próprio Deus.
Acima de tudo, esse milagre tem o propósito de nos deixar esperançosos quanto às nossas próprias almas e às de outros. Por que desesperar da salvação de alguém quando possuímos um Salvador tão poderoso? Que enfermidade espiritual ele não pode curar? O Senhor Jesus é capaz de abrir os olhos dos homens mais pecadores e ignorantes, fazendo-os ver coisas que jamais viram. Ele pode trazer luz aos mais entenebrecidos corações, removendo a cegueira e o preconceito.
Com certeza, se não formos salvos, a culpa será de nós mesmos. À direita de Deus, está aquele que pode curar-nos, se recorrermos a ele. Estejamos atentos para que estas solenes palavras não sejam verdadeiras a nosso respeito: "O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más", "Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo 3.19; 5.40).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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