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21/05/2024
Leia João 5.24-29
O texto que acabamos de ler é singularmente rico em verdades profundas. Essas palavras causaram grande
impacto na mente dos judeus, os quais estavam familiarizados com os escritos de Moisés e de Daniel. Ao ouvirem esse pronunciamento de Cristo, não deixariam de perceber o apelo que ele fazia para ser aceito como o Messias prometido.
Vemos, em primeiro lugar, que a salvação de nossas almas depende de ouvirmos a Cristo. Aquele que ouve as palavras de Cristo e crê que Deus, o Pai, o enviou para salvar os pecadores "tem a vida eterna". Esse "ouvir" implica algo mais do que simplesmente escutar. Significa ouvir com atitude de humildade, como um discípulo submisso, com fé, amor e um coração disposto a fazer a vontade de Cristo - esse é o ouvir que salva. Foi esse tipo de ouvir que Deus mencionou na famosa predição sobre o profeta semelhante a Moisés: "A ele ouvirás (...) De todo aquele que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, disso lhe pedirei contas" (Dt 18.15-19).
Não devemos esquecer que, em nossos dias, "ouvir" a Cristo com essa atitude é tão necessário quanto o foi nos séculos passados. Não basta ouvir sermões e correr em busca de pregadores, embora alguns pensem que nisso se resume a vida cristã. Precisamos ir muito além dessa maneira de pensar; temos de "ouvir a Cristo". O caminho para o céu está em submeter nossos corações aos ensinos de Cristo; em nos sentar humildemente a seus pés, pela fé, e aprender com ele; em demonstrar verdadeiro arrependimento e fé genuína; em ouvir a voz de Cristo e segui-lo. Enquanto não experimentarmos essas coisas, não haverá vida em nós.
Em segundo lugar, vemos nesses versículos quão ricos e abundantes são os privilégios daquele que ouve e crê verdadeiramente. Esse usufrui a salvação já no presente. Mesmo agora, em seus dias terrenos, "tem a vida eterna". Está completamente justificado e perdoado. Para ele, não há mais condenação. Seus pecados são lançados fora; ele "não entra em juízo". Tal pessoa se encontra em uma posição inteiramente nova diante de Deus; assemelha-se a alguém que passou de um lado do abismo para o outro: "Passou da morte para a vida".
Os privilégios do crente verdadeiro são grandemente subestimados por muitos. Estes, principalmente por possuírem uma deplorável ignorância acerca das Escrituras, não fazem ideia dos tesouros espirituais de todo crente em Jesus. Se considerarmos com atenção, veremos esses tesouros aqui reunidos em harmoniosa disposição. Um dos tesouros do crente é a "realidade presente" da salvação. Não é algo distante, que ele receberá no futuro, se cumprir seu dever e for uma boa pessoa. No momento em que crê, a salvação já lhe pertence por direito. Ele está, de fato, perdoado e salvo, embora ainda não esteja no céu. Outro tesouro do crente é a plenitude de sua justificação. Por intermédio do sangue de Jesus, seus pecados são inteiramente perdoados, removidos e apagados do livro de Deus. O crente pode olhar sem temor para o julgamento futuro e dizer: Quem me condenara? (Rm 8.34). Ele se apresentará sem culpa, diante do trono de Deus.
O último, mas não o menos importante tesouro do verdadeiro crente, é a completa mudança em sua posição e em seu relacionamento com Deus. Aos olhos de Deus, ele já não é alguém morto em seu espírito e legalmente sentenciado à morte. Ele está vivo "para Deus, em Cristo Jesus" (Rm 6.11). "É nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2Co 5.17). Bom seria para os crentes se esses tesouros fossem mais conhecidos! Em muitos casos, a ausência de paz resulta da falta de conhecimento.
Em terceiro lugar, nesses versículos encontramos uma declaração impressionante a respeito do poder de Cristo em dar vida às almas mortas. O Senhor nos diz: "Vem a hora e já chegou em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão". Parece improvável que essas palavras se restringissem à ressurreição de mortos e que se tenham cumprido em milagres semelhantes à ressurreição de Lázaro. É mais provável que nosso Senhor tivesse em vista o despertamento, a ressurreição e a conversão de almas (Ef 2.1; C1 2.13).
Essas palavras se cumpriram em muitas ocasiões, durante o ministério do próprio Senhor Jesus e, de maneira mais abrangente, após o dia de Pentecostes, por meio do ministério dos apóstolos. As inúmeras conversões, em Jerusalém, Antioquia, Éfeso, Corinto e outros lugares, comprovam sua realização. Em todos esses casos, "a voz do Filho de Deus" despertou para a vida espiritual corações que estavam mortos e os fez sentir a necessidade de salvação, arrependimento e fé. Essas palavras se cumprem, ainda hoje, em cada instância em que ocorre uma conversão genuína. Sempre que alguém entre nós é despertado para reconhecer o valor de sua alma e se torna vivo para Deus, essa afirmativa de Jesus se cumpre diante de nossos olhos. É Cristo quem lhes fala ao coração, através do seu Espírito. Os mortos ouvem "a voz do Filho de Deus" e vivem. Por último, esses versículos nos apresentam a profecia mais solene a respeito da ressurreição final de todos os mortos. Nosso Senhor declarou: "Vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo".
Essa passagem deveria arraigar-se profundamente em nossos corações e jamais ser esquecida. Quando os homens morrem, não está tudo acabado. Quer eles queiram, quer não, terão de sair do túmulo, no último dia, e comparecer diante do tribunal de Cristo. Ninguém escapará à chamada de Cristo. Quando sua voz convocá-los à sua presença, todos obedecerão. E, ao ressuscitarem, os homens não ressurgirão todos na mesma condição. Haverá duas classes de pessoas, dois partidos, dois grupos. Nem todos irão para o céu e serão salvos. Alguns ressuscitarão para herdar a vida eterna, mas outros ressurgirão apenas para ser condenados. Essas verdades são terríveis! Mas as palavras de Cristo são claras e inconfundíveis. Está escrito e assim acontecerá.
Procuremos nos certificar de que estamos ouvindo agora a voz de Cristo a nos despertar e de que estamos alistados entres seus verdadeiros discípulos. Conheçamos os privilégios do crente genuíno, enquanto temos vida e saúde. E, quando sua voz abalar os céus e a terra e chamar das sepulturas os mortos, sentiremos confiança e dele não nos envergonharemos "na sua vinda" (1Jo 2.28).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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