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Foto do escritorSónia Ramos

Os sofrimentos de Cristo, completamente voluntários; as profecias sobre a vinda de Cristo cumpriram-se minuciosamente

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22/07/2024

Leia João 12.12-19


Uma cuidadosa leitura dos evangelhos jamais deixará de nos mostrar que a conduta de nosso Senhor Jesus

Cristo, nessa etapa de seu ministério terreno, é bastante peculiar. Não há algo semelhante relatado a respeito dele no Novo Testamento. Até essa altura, nós o vimos evitando, enquanto podia, aparecer em público, retirando-se para o deserto e impedindo todos os que desejavam levá-lo e constituí-lo rei. Em geral, ele não cortejava a atenção do povo. Ele cumpriu a profecia: "Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz" (Mt 12.19). Nessa ocasião, ao contrário disso, nós o vemos realizando uma aparição pública em Jerusalém, cercado por imensa multidão de povo, levando os próprios fariseus a declarar: "Eis aí vai o mundo após ele (Jo 12.19).

Não é difícil encontrarmos a explicação para essa aparente incoerência. Finalmente, chegara o tempo em que Cristo deveria morrer pelos pecados do mundo, o tempo em que o verdadeiro Cordeiro Pascal deveria ser imolado, o verdadeiro sangue da expiação seria derramado e o Messias seria morto, de acordo com a profecia (Dn 9.26). Chegara o tempo em que o caminho para o Santo dos Santos seria aberto pelo verdadeiro sumo sacerdote de toda a humanidade. Sabendo tudo isso, nosso Senhor colocou-se publicamente diante de toda a nação de Israel. Era correto e adequado que isso não se passasse "em algum lugar escondido" (At 26.26). Se houve algo que se realizou publicamente no ministério terreno de nosso Senhor, isso foi o sacrifício que ele ofereceu sobre a cruz do Calvário. Ele morreu em uma época do ano em que todas as tribos de Israel estavam reunidas para a festa da Páscoa. E isso não foi tudo. Ele morreu em uma semana em que, por causa de sua notável entrada pública em Jerusalém, levou os olhos de todo o Israel a se fixar nele.

Inicialmente, nesses versículos, aprendemos quão voluntários foram os sofrimentos de Cristo. É possível não percebermos nessa história que o Senhor Jesus exercia uma misteriosa influência sobre as mentes e vontades de todos que estavam ao seu redor, sempre que ele considerava conveniente servir-se de tal influência. Nenhuma outra coisa pode explicar o efeito que sua chegada a Jerusalém teve sobre as multidões que o acompanhavam. Parece que foram conduzidas por um secreto poder constrangedor, que as impulsionava a obedecer, apesar de toda a censura dos líderes religiosos da nação. Em resumo, assim como nosso Senhor era capaz de fazer com que ondas e ventos, enfermidades e demônios obedecessem a ele, também podia, quando lhe agradasse, dispor as mentes e os corações dos homens de acordo com sua vontade.

Esse não é o único caso. Os homens de Nazaré não puderam segurá-lo quando ele decidiu passar por entre eles e retirar-se (Lc 4.30). O ódio dos judeus de Jerusalém não pôde impedi-lo quando, no templo, levantaram mãos violentas contra ele, pois "Jesus se ocultou e saiu" dali (Jo 8.59). Acima de tudo, os próprios soldados que o prenderam no jardim a princípio "recuaram e caíram por terra" (Jo 18.6). Em todas essas ocasiões, há apenas uma explicação: uma influência divina foi demonstrada. Durante o ministério terreno de nosso Senhor, houve uma misteriosa ocultação de "seu poder" (Hc 3.4). Mas ele demonstrava seu infinito poder sempre que achava conveniente

usá-lo.

Porque, então, o Senhor Jesus não resistiu a seus inimigos no final de seu ministério? Porque ele não dispersou, assim como a palha ao léu do vento, o destacamento de soldados que viera prendê-lo? Há apenas uma resposta: ele, voluntariamente, sofreria para assegurar a redenção de almas perdidas e arruinadas. Determinara-se a oferecer a própria vida como resgate, a fim de que pudéssemos viver para sempre; e a entregou na cruz com todo o desejo de seu coração. Ele não derramou seu sangue, sofreu e morreu porque foi constrangido por uma força superior e não podia socorrer a si mesmo, mas, sim, porque nos amou e regozijou-se em se entregar como nosso substituto. Ele não morreu porque não podia evitar a morte, mas, sim, porque, com todo o seu coração, desejava apresentar sua alma como oferta pelo pecado.

Nossos corações devem sempre descansar nesse pensamento. Temos um Salvador disposto e amável. Ele se deleitou em fazer a vontade do Pai e preparar o caminho para que o homem perdido e culpado se aproxime de Deus, em paz; o Senhor Jesus Cristo amava a obra que tinha para realizar e o mundo pecador ao qual veio salvar. Portanto, jamais alimentemos o indigno pensamento de que nosso Salvador não tem satisfação em ver os pecadores se dirigirem a ele e não se regozija em salvá-los. Ele, que se tornou um sacrifício voluntário na cruz, é também um Salvador voluntário que está à direita de Deus. Ele se mostra tão disposto a receber os pecadores que o buscam para obter paz quanto, voluntariamente, se ofereceu para morrer em favor dos pecadores, quando reteve seu poder e, com espontaneidade, sofreu no Calvário.

Em segundo lugar, nesses versículos, aprendemos quão minuciosamente se cumpriram as profecias sobre a vinda de Cristo. Sua entrada em Jerusalém assentado sobre um jumento, relatada nessa passagem, pode ter parecido, à primeira vista, uma atitude comum e insignificante. Mas, quando recordamos o Antigo Testamento, descobrimos que isso havia sido profetizado por Zacarias, quinhentos anos antes (Zc9.9). Verificamos que a vinda futura de um Redentor não era a única coisa que o Espírito Santo revelara aos profetas, mas também que os próprios detalhes sobre a vida terrena desse Redentor haviam sido vaticinados e descritos com exatidão.

O cumprimento de profecias assim merece especial atenção da parte de todos os que amam a Bíblia e a leem com reverência. Mostra-nos que toda palavra das Sagradas Escrituras foi dada por inspiração divina e nos ensina que devemos ser cuidadosos para não cair na enganosa prática de espiritualizar e explicar erroneamente a linguagem da Palavra de Deus. Temos de conservar em mente o fato de que o significado evidente e literal das Escrituras é o verdadeiro e correto. Nessa passagem, temos uma profecia de Zacarias que se cumpriu exata e literalmente. Nosso Senhor não era apenas uma pessoa humilde, assim como alguns intérpretes espiritualizadores explicam as palavras de Zacarias; ele realmente entrou em Jerusalém montado em um jumento. Além disso, o cumprimento das Escrituras nos ensina que temos de esperar uma realização literal das profecias no que diz respeito à Segunda Vinda de Cristo, e não uma realização espiritual e figurada. Sempre afirmemos esse princípio. Feliz é o leitor que acredita que as palavras da Bíblia significam exatamente o que parecem significar. Tal pessoa possui a verdadeira chave do conhecimento a respeito de aguardar as coisas vindouras. Saber que as predições sobre a Segunda Vinda de Cristo se cumprirão literalmente, assim como as profecias referentes ao seu Primeiro Advento, é o passo inicial em direção a um correto entendimento das profecias que ainda não se consumaram.



Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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