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05/07/2024
Leia João 9.26-41
Nesses versículos, vemos que os homens pobres às vezes são mais sábios do que os ricos. Evidentemente,
o homem curado por nosso Senhor era uma pessoa de condição humilde. O apóstolo afirmou que ele
"estava assentado pedindo esmolas" (v. 8). Entretanto, percebeu coisas que os orgulhosos líderes religiosos não puderam compreender ou aceitar. Ele viu no milagre de nosso Senhor uma irrefutável prova de sua comissão divina, pois declarou: "Se este homem não fosse de Deus, nada poderia ter feito". De fato, desde o dia em que Jesus realizou a cura, a posição desse homem foi alterada. Ele podia ver, enquanto os fariseus permaneciam cegos.
O mesmo pode ser encontrado em outros lugares da Escritura. Os servos de Faraó reconheceram o "dedo de Deus" nas pragas do Egito quando o coração de seu monarca ficou endurecido. Os servos de Naamã perceberam a sabedoria do conselho de Elias enquanto seu senhor estava retornando para casa irado. As pessoas de posição elevada, os grandes e os nobres frequentemente são os últimos a aprender as lições espirituais. Suas riquezas e posição quase sempre cegam os olhos de seu entendimento e os mantêm longe do reino de Deus. Está escrito que "não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento" (1Co 1.26).
O cristão pobre jamais deve sentir-se envergonhado de sua pobreza. Ser orgulhoso, incrédulo e voltado às coisas deste mundo é um pecado, mas ser pobre, não. As próprias riquezas que muitos desejam possuir são vendas que tapam os olhos das almas dos homens e os impedem de ver Cristo. O ensino ministrado pelo Espírito Santo é mais encontrado entre os simples e menos entre os ricos e cultos. As palavras de nosso Senhor são frequentemente confirmadas como verdadeiras: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" (Mc 10.23); "Ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11.25).
Em segundo lugar, vemos, nesses versículos, a crueldade e a injustica com que os homens incrédulos às vezes tratam aqueles que não admitem suas opiniões. Quando os fariseus não puderam atemorizar o cego que fora curado, expulsaram-no da comunhão judaica. Visto que ele, ousadamente, recusou-se a negar a evidência de seus próprios sentimentos, os fariseus excluíram-no de sua comunhão religiosa e o sujeitaram à vergonha pública. Eles o expulsaram como um gentio e publicano.
A injúria temporal que esse tratamento causou àquele homem foi realmente grande. Ele ficou privado dos privilégios visíveis da religião judaica, tornou-se objeto de escárnio e suspeita entre todos os verdadeiros israelitas. No entanto, essa injúria não poderia causar-lhe danos à alma. Aquilo que os ímpios ligam na terra não é ligado no céu. "A maldição sem causa não se cumpre" (Pv 26.2).
Os filhos de Deus, em cada época, têm constantemente enfrentado esse tipo de atitude. Excomunhão, perseguição, aprisionamento têm sido as armas favoritas dos tiranos eclesiásticos. Sendo incapazes, assim como os fariseus, de responder
aos argumentos, eles têm recorrido à violência e à injustiça. Os filhos de Deus devem consolar-se com o pensamento de que existe uma verdadeira igreja da qual nenhum homem poderá expulsá-los e uma membresia eclesiástica da qual nenhum poder terreno seria capaz de excluí-los. Abençoado é somente aquele que Cristo abençoa, e amaldiçoado, apenas aquele sobre quem Cristo pronunciará maldição no último dia.
Em terceiro lugar, vemos nesses versículos a grande bondade e condescendência do Senhor. Assim que esse homem foi expulso da comunhão religiosa dos judeus, Jesus o encontrou e transmitiu-lhe palavras de conforto. Ele sabia quanto a excomunhão do judaísmo causava tristeza a um israelita e logo consolou aquele homem com palavras amáveis. Ele se revelou mais plenamente a esse homem do que o fizera à mulher samaritana. Quando o homem perguntou a Jesus quem era o Filho de Deus, ele prontamente lhe respondeu: "Já o tens visto, e é o que fala contigo". Temos aqui uma das muitas ilustrações da mentalidade do Senhor Jesus. Ele vê as aflições pelas quais seus filhos passam por sua causa e se compadece de todos, do mais simples ao mais elevado. Jesus está ciente de todas as perdas, sofrimentos e perseguições de seu povo. "Não estão elas inscritas no teu livro?" (Sl 56.8). Ele sabe como alcançar o coração de seus discípulos com palavras de consolo, no tempo de necessidade, e transmitir-lhes paz quando todos os homens parecem odiá-los. Quando os homens nos abandonam, Cristo se aproxima de nós, dizendo: "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com minha destra fiel" (Is 41.10).
Por último, vemos nesses versículos quão perigoso é ter conhecimento e não utilizá-lo corretamente. Os líderes religiosos dos judeus estavam persuadidos de que sabiam todas as verdades religiosas. Ficaram indignados diante da ideia de que eram ignorantes e destituídos de percepção espiritual. "Também nós somos cegos?", indagaram eles. Então, veio a resposta poderosa: "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado". Sem dúvida, o conhecimento é uma grande bênção. O homem que não pode ler, vivendo em completa ignorância das Escrituras, encontra-se numa situação deplorável. Está à mercê dos falsos ensinadores, que o assediam; talvez aprenda crenças absurdas e siga práticas corruptas. Qualquer educação é melhor do que nenhuma.
Mas, quando o conhecimento serve apenas para confundir a mente do homem e não influencia sua vida e seu coração, torna-se um bem perigoso. E, quando aquele que o possui mostra-se exaltado e satisfeito consigo mesmo, imaginando que sabe tudo, o resultado será um dos piores estados de espírito em que uma pessoa pode cair. Há mais esperança para aquele que diz "Sou um pobre pecador, desejo que Deus me ensine" do que para a pessoa que está sempre declarando: "Eu sei, eu sei, não sou ignorante", mas continua apegado aos seus pecados. O pecado desse homem "subsiste".
Utilizemos diligentemente o conhecimento espiritual que possuímos e supliquemos sempre que Deus nos conceda mais. Nunca esqueçamos que o próprio diabo é uma criatura que tem amplo conhecimento; no entanto, tal conhecimento para nada serve, pois não é utilizado corretamente. Nossa súplica constante deve ser a mesma que Davi, com frequência, pronunciava: "Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome" (S1 86.11).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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