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17/05/2024
Leia João 4.31-42
O Senhor declarou: "A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra". Fazer o bem não era considerado por ele apenas uma questão de dever e prazer. Ele considerava isso sua comida e bebida. Jó, um dos homens mais santos do Antigo Testamento, disse que prezava a Palavra de Deus mais do que seu alimento (Jó 23.12). Cristo, o Cabeça da Igreja neotestamentária, foi mais além. Ele fez a mesma afirmação sobre a obra de Deus. Nós fazemos qualquer trabalho para Deus? Procuramos, embora com fragilidade, promover sua causa na terra, reprimir o mal e fomentar o bem? Caso estejamos procedendo assim, nunca devemos nos envergonhar de fazê-lo com todo o coração, com toda a nossa alma, entendimento e força. Tudo o que vier às nossas mãos para fazer pelas almas, façamos com toda a nossa força (Ec 9.10). O mundo poderá zombar, escarnecer e nos chamar de fanáticos. A humanidade admira o zelo em qualquer tipo de serviço, menos no serviço de Deus; e exalta o entusiasmo que alguém sente por qualquer assunto, menos pela vida espiritual. Prossigamos inabaláveis em nosso trabalho. O que quer que os homens pensem ou digam, estamos andando nos passos de nosso Senhor Jesus Cristo.
Além disso, podemos sentir conforto em lembrar que o Senhor Jesus nunca muda. É imutável em seus pensamentos aquele que, assentado junto à fonte de Samaria, considerou "comida" o ato de fazer o bem a uma alma que vivia na ignorância. Ele está exaltado no céu, à direita de Deus; ainda se deleita em salvar os pecadores e aprova o zelo e o labor na causa de Deus. O trabalho de missionário e evangelista pode ser ridicularizado por muitos. Mas, enquanto os homens escarnecem, Cristo se agrada desse trabalho. Graças sejam dadas a Deus! Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
Notamos também, nessa passagem, o grande encorajamento de Cristo aos que se aplicam em fazer o bem às almas. Nosso Senhor descreveu o mundo como campos que "já branquejam para a ceifa". E também disse aos discípulos: "O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna".
O trabalho realizado em prol das almas é acompanhado, sem dúvida, por grande desencorajamento. O coração do homem natural é muito endurecido e incrédulo. É indescritível a cegueira da maioria dos homens quanto à sua situação de perigo, perdição e ruína. "O pendor da carne é inimizade contra Deus" (Rm 8.7). É impossível descrever com exatidão a dureza do coração humano até que se procure fazer-lhe o bem. Ninguém pode ter uma concepção clara sobre o número reduzido dos que se arrependem e creem até que, pessoalmente, procure "salvar alguns" (1Co 9.22). É infantilidade supor que se converterão todos os que ouvem falar de Cristo e são convidados a crer. "Estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela" (Mt 7.14). Os que trabalham na obra de Cristo verão que, por mais que façam, a maioria permanece incrédula e sem arrependimento. São "muitos" os que não se voltam para Cristo. Esses fatos são desanimadores, mas são uma realidade e devem ser conhecidos.
O verdadeiro antídoto para o desânimo na obra de Deus está em constantemente relembrar promessas como a que vimos nessa passagem. Há "recompensas" reservadas para os ceifeiros fiéis, os quais receberão, no último dia, uma recompensa que excede a qualquer coisa que tenham feito por Cristo; uma recompensa proporcional não ao sucesso que alcançaram, mas à quantidade de serviço que prestaram. Agora, eles estão juntando "frutos que permanecerão quando este mundo passar. Frutos vistos em algumas almas salvas, embora não sejam muitos os que creem; e frutos evidenciados pela fidelidade que demonstraram, que serão apresentados diante do mundo inteiro reunido. Se nossas mãos afrouxarem e os joelhos enfraquecerem, se formos inclinados a dizer: "Meu trabalho é vão e minhas palavras nada valem", apoiemo-nos nessa gloriosa promessa. Há "recompensas" a serem recebidas, há "fruto" a ser revelado. "Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem" (2Co 2.15). Prossigamos no trabalho! "Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes" (S1 126.6). Uma única alma salva tem mais valor e permanência que todos os reinos deste mundo.
Por último, temos nesses versículos um exemplo esclarecedor sobre os diversos modos pelos quais os homens são levados a crer em Cristo. "Muitos samaritanos (...) creram nele, em virtude do testemunho da mulher." Mas isso não é tudo. Lemos ainda que muitos outros creram nele por causa de sua própria palavra. Em suma, alguns foram convertidos através do testemunho dado pela mulher, e outros, por ouvir o próprio Cristo falar.
As palavras de Paulo não deveriam ser esquecidas: "Há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos" (1Co 12.6). A maneira como o Espírito conduz os filhos de Deus é sempre a mesma. Mas os meios utilizados para lhes trazer ao caminho de Cristo são, na maioria das vezes, diversos. Em alguns casos, a obra de conversão é repentina e instantânea. Em outros, a conversão acontece lenta e calmamente, em graus quase imperceptíveis. Alguns têm os corações abertos, como Lídia. Outros despertam com algo alarmante, como o carcereiro de Filipos. Todos são finalmente trazidos ao arrependimento para com Deus, à fé no Senhor Jesus Cristo e à santidade no viver. Mas nem todos iniciam pela mesma experiência. O instrumento utilizado para infundir a convicção de pecados em alguns não é o mesmo que, a princípio, penetra o coração de outros. As flechas usadas pelo Espírito são todas retiradas da mesma aljava; porém, às vezes, ele utiliza uma e, às vezes, outra, de acordo com sua vontade soberana.
Somos realmente convertidos? Esse é o assunto para o qual nossa atenção deve estar direcionada. Nossa experiência pode não corresponder à de outros crentes. Mas não é essa a questão. Sentimos o pecado, odiamos e fugimos dele? Amamos a Cristo e dependemos unicamente dele para a salvação? Estamos produzindo os frutos do Espírito, em retidão e verdadeira santidade? Se essas coisas são realidade em nosso viver, podemos ser gratos a Deus, sentindo-nos encorajados.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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