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Foto do escritorSónia Ramos

O uso irreverente de lugares santos é reprovado; as palavras de Cristo relembradas; Cristo conhece perfeitamente o coração humano


10/05/2024

Leia João 2.12-25


Esses versículos nos chamam a atenção para o segundo milagre realizado pelo Senhor Jesus. Como o primeiro milagre em Canã, este é uma figura significativa das coisas que estão por vir. Participar de uma festa de casamento e purificar a profanação do templo estiveram entre os primeiros atos do ministério do Senhor, em sua primeira vinda. Purificar toda igreja invisível e oferecer uma festa de casamento estarão entre os primeiros atos da Segunda Vinda de Jesus.

Nesse texto, vemos quanto Jesus Cristo desaprova qualquer comportamento irreverente na casa de Deus. Lemos que expulsou do templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou suas mesas e disse aos que vendiam as pombas: "Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio". Em nenhuma outra ocasião de seu ministério nós o vemos agindo tão energicamente e demonstrando tão justa indignação. Nada parece ter instigado nele uma manifestação tão marcante de sua ira santa como esta grave irreverência no templo, permitida pelos sacerdotes, apesar de todo zelo pela lei de Deus que se ufanavam em possuir. Devemos lembrar que, no intervalo de três anos, ele encontrou por duas vezes o mesmo tipo de profanação na casa do Pai: no início e no fim de seu ministério. E nas duas ocasiões nós o vemos a expressar com os termos mais fortes o seu desprazer. O fato se repetiu para que a lição ficasse marcada de modo profundo em nossas mentes. Essa passagem deveria levar as pessoas a sondar profundamente seus corações. Não existem aqueles que professam ser cristãos, mas agem, domingo após domingo, de forma tão perversa quanto aqueles judeus? Não existem aqueles que, em seu íntimo, trazem à casa de Deus a preocupação com seu dinheiro, terras, casas, gado e uma série de interesses mundanos e aqueles que estão presentes apenas fisicamente no culto de adoração, permitindo que seus corações vagueiem para longe? Não há os que estão prestes a pecar, mesmo estando entre os da congregação? (Pv 5.14)

Essas questões são bastante sérias! Receio que muitos não possam responder a elas satisfatoriamente. Sem dúvida, os templos e as igrejas cristãs são bem diferentes do templo judeu. Não são construídos de acordo com um modelo dado por Deus; não possuem altares ou lugares sagrados, nem suas mobílias têm significado simbólico. Mas são lugares nos quais a Palavra de Deus é lida e Cristo está especialmente presente. Aquele que presta adoração a Deus nesses recintos deve portar-se com reverência e respeito. Todo aquele que traz consigo seus cuidados pelas coisas terrenas ao vir adorar está fazendo o que, evidentemente, é mais ofensivo a Cristo. As palavras que o Espírito Santo inspirou Salomão a escrever são aplicáveis em qualquer época: "Guarda o teu pé quando entrares na Casa de Deus" (Ec 5.1).

Nesse texto do evangelho, vemos que as pessoas podem lembrar-se de verdades espirituais, mesmo que tenham sido aprendidas há muito tempo; e talvez algum dia descubram nessas verdades um significado que antes não entendiam. Somos informados de que nosso Senhor disse aos judeus: "Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei". João esclarece que Jesus "se referia ao santuário do seu corpo" e falava de sua própria ressurreição. Porém, essas palavras não foram compreendidas pelos discípulos quando Jesus as pronunciou. Somente depois que ele "ressuscitou dentre os mortos", três anos após os eventos aqui narrados, é que seus corações foram iluminados para compreender inteiramente o significado delas. Por três anos, essa afirmação foi obscura e inútil para eles, permanecendo adormecida em seus corações, como uma semente sob a terra, sem produzir qualquer fruto. Mas, ao fim desse período, a obscuridade se foi. Puderam, então, compreender o que Jesus estava falando e, assim, foram confirmados na fé. "Lembraram-se seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus."

Saber que a mesma coisa que aconteceu com os discípulos também ocorre com frequência em nossos dias nos traz ânimo e consolação. Não são totalmente perdidos e inúteis os sermões pregados a ouvintes aparentemente desinteressados em nossas igrejas. As orientações dadas em estudos e visitas pastorais não são totalmente desperdicadas e esquecidas. Os textos ensinados pelos pais aos filhos não são, em seu todo, ministrados em vão. Após um intervalo de muitos anos, frequentemente voltam à lembrança as orientações, os textos e os sermões. Às vezes, a boa semente germina quando quem a semeou já faleceu há muito tempo. Que os pregadores continuem a pregar, e os professores prossigam em ministrar, e os pais persistam em ensinar os filhos no caminho em que devem andar! Que todos semeiem a boa semente da verdade bíblica, com fé e paciência! Não é vão no Senhor o trabalho que realizam. Suas palavras serão lembradas mais do que podem imaginar, e ainda frutificarão "depois de muitos dias" (1Co 15.58; Ec 11.1).

Por último, vemos como Jesus conhece perfeitamente o coração humano.

Somos informados de que, estando em Jerusalém, "Jesus não se confiava" àqueles que professavam crer nele. Sabia que não eram pessoas em quem podia confiar. Estavam atônitos pelos milagres que viram ser operados. Ficaram convencidos "intelectualmente" de que ali estava o Messias, aquele que, havia muito, esperavam. Mas não eram discípulos verdadeiros (Jo 8.31). Não eram convertidos nem crentes genuínos. Seus corações não eram retos aos olhos de Deus, embora estivessem entusiasmados. O "homem interior" de cada um deles não fora renovado, apesar daquilo que professavam com os lábios. O Senhor Jesus sabia que quase todos eram ouvintes de corações empedernidos (Lc 8.13). Assim que a tribulação ou a perseguição por causa da Palavra os atingissem, definharia a suposta fé que diziam possuir. Se outros ao seu redor não puderam ver, Jesus viu tudo isso com muita clareza. André, Pedro, João, Filipe e Natanael talvez tenham se admirado de o Mestre não haver recebido de braços abertos aqueles que, aparentemente, haviam crido. Isso porque podiam julgar apenas pelas aparências. Mas o Mestre podia ver o coração, "porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana".

Essa verdade deve fazer os hipócritas e os falsos mestres tremerem. Eles podem enganar os homens, mas não enganam a Cristo. Podem usar uma vestimenta de religiosidade e ser como sepulcros caiados, belos aos olhos dos homens. Mas Cristo enxerga a podridão interior e certamente os trará a juízo, a menos que se arrependam. Cristo vê seus corações e sente um grande desprazer. Se a falsidade dessas pessoas não é conhecida na terra, é conhecida no céu; e, se morrerem sem experimentar a transformação, serão finalmente conhecidos e envergonhados diante de todos, no Dia do Juízo. "Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto" (Ap 3.1).

Entretanto, a verdade que está diante de nós tem dois lados, assim como a coluna de nuvem e a coluna de fogo, no mar Vermelho (Êx 14.20). Se, para os hipócritas, ela parece obscura, para os crentes verdadeiros, é bastante clara. Se traz a ameaça da ira divina aos falsos mestres, concede palavras de paz a todos os que, em sinceridade, amam o Senhor Jesus Cristo. O cristão verdadeiro pode ser fraco, mas é autêntico. Há uma coisa que, a qualquer custo, o servo de Cristo pode dizer quando se encontra prostrado pelo senso de sua própria fraqueza ou perturbado pela calúnia proferida por um mundo mentiroso. Ele pode dizer: "Senhor, sou um pobre pecador, mas estou sendo sincero e verdadeiro. Tu sabes todas as coisas; sabes que eu te amo. Conheces todos os corações; sabes que, embora eu seja fraco, meu coração se apega a ti". O falso cristão foge do olhar daquele que tudo vê. O crente verdadeiro anseia pelo olhar do seu Senhor de manhã, à tarde e à noite; e nada tem a ocultar.



Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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