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Foto do escritorSónia Ramos

O pecado do homem imputado a Cristo; o conflito íntimo do Senhor Jesus; a voz de Deus ouvida dos céus; a profecia de Cristo sobre sua morte

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25/07/2024

Leia João 12.27-33


Esses versículos nos mostram o que Pedro pretendia dizer ao afirmar que "há certas coisas difíceis de

entender" nas Escrituras (2Pe 3.16). Nessa passagem, encontramos verdades profundas que não podemos sondar completamente. Isso não deve surpreender-nos ou abalar nossa fé. A Bíblia não seria um livro "inspirado por Deus" se não tivesse muitas coisas que ultrapassam a finita capacidade de entendimento do homem. Apesar disso, contém muitas passagens que a pessoa menos instruída pode facilmente compreender.

Nesses versículos, se os considerarmos com bastante atenção, podemos aprender lições importantes.

Em primeiro lugar, encontramos uma grande doutrina comprovada de maneira indireta. Essa doutrina é a imputação do pecado do homem a Cristo. Aqui vemos o Salvador, o eterno Filho de Deus, aflito e preocupado em sua mente: "Agora está angustiada a minha alma". Aquele que pôde curar enfermidades apenas com o toque de sua mão, expulsar demônios com uma palavra e ordenar aos ventos e às ondas que obedecessem a ele, nós o vemos aqui em intensa agonia e conflito de espirito. Como podemos explicar isso?

Afirmar, como alguns o fazem, que a única causa da aflição de nosso Senhor foi a contemplação antecipada de sua dolorosa morte na cruz é uma explicação insatisfatória. Diante dessa explicação, alguém poderia afirmar que alguns mártires demonstraram mais paciência e coragem do que o próprio Filho de Deus. Essa conclusão é, no mínimo, revoltante. Contudo, é a conclusão a que os homens são levados quando aceitam o moderno conceito de que a morte de Cristo foi apenas um grande exemplo de autossacrifício.

Nada jamais pode explicar essa angústia de nosso Senhor, tanto aqui como no Getsêmani, exceto a antiga doutrina de que ele sentiu o fardo dos pecados do homens causando-lhe aflição. O intenso peso da culpa do mundo estava sendo imputado e colocado sobre ele, fazendo-o agonizar e clamar: "Agora está angustiada a minha alma". Sempre abracemos essa doutrina, não apenas para compreender essa passagem bíblica, mas também como a única base de vigoroso conforto para a alma do crente. Nossos pecados realmente foram lançados sobre ele e levados por nosso divino Substituto; a justiça dele é imputada em nosso favor - essas são as verdadeiras garantias da paz que o crente desfruta. E, se alguém nos pergunta como sabemos que nossos pecados foram colocados sobre Cristo, recomendamos que leia passagens como essa que estamos considerando e, se puder, explique-as de acordo com algum outro princípio. Cristo levou, suportou e gemeu sob o fardo de nossos pecados, sendo "angustiado" por causa do peso deles; o Senhor Jesus realmente pagou o preço por nossos pecados. Estejamos certos: isso é sã doutrina e teologia bíblica.

Em segundo lugar, nesses versículos encontramos um grande mistério desvendado. O mistério é a possibilidade de haver um intenso conflito íntimo sem a ocorrência de pecado. Não podemos deixar de perceber nesse relato uma forte luta no coração de nosso Senhor. Provavelmente temos uma vaga ideia da profundidade e da dimensão dessa luta. No entanto, o agonizante clamor: "Agora está angustiada a minha alma", a solene pergunta: "E que direi eu?", a súplica de alguém que estava sofrendo: "Pai, salva-me desta hora"; a humilde confissão: "Precisamente com este propósito vim para esta hora"; a petição característica de uma vontade perfeitamente submissa: "Pai, glorifica o teu nome" - o que tudo isso significa? Com certeza, existe apenas uma resposta: essas frases nos revelam uma luta no íntimo de nosso Senhor, uma luta que surgiu dos sentimentos naturais daquele que era um homem completo e, nessa condição, podia sofrer tudo o que os homens sofrem. Mas essa angústia aconteceu naquele que era o Filho de Deus, e "nele não existe pecado" (1Jo 3.5). Para todos os servos genuínos de Cristo, há uma inesgotável fonte de consolo nessa verdade, a qual jamais deve ser esquecida. Eles devem aprender, com o exemplo de nosso Senhor, que os conflitos interiores não são necessariamente algo pecaminoso. Acreditamos que muitos, por não entenderem esse fato, sofrem durante todos os dias em que estão peregrinando rumo ao céu. Imaginam que não possuem a graça divina, visto que percebem essa luta em seus corações. Eles se negam a receber conforto do evangelho, porque sentem a batalha entre a carne e o Espírito. Essas pessoas devem observar a experiência de seu Senhor e Mestre e deixar de lado todos os seus temores. Estudem a experiência dos crentes de todas as épocas, do apóstolo Paulo em diante, a fim de entender que, assim como o Senhor Jesus teve conflitos interiores, também os crentes devem passar por tais conflitos. Dar lugar à dúvida e à incredulidade é incorreto e nos impede de gozar a paz. Inquestionavelmente, existe um desanimo que traz vergonha e precisa ser rejeitado, necessita de arrependimento e de ser trazido à fonte de pureza para todo pecado, a fim de que o Senhor o perdoe. Entretanto, a simples presença de conflito em nosso coração não é, em si mesma, pecado. O crente é reconhecido tanto por sua paz como por suas lutas interiores.

Em terceiro lugar, nesses versículos, encontramos um grande milagre realizado. O milagre foi a voz celestial descrita nessa passagem, uma voz que foi ouvida com tanta nitidez que as pessoas imaginaram ter sido um trovão. A voz proclamou: "Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei".

Essa voz maravilhosa manifestou-se três vezes durante o ministério terreno de nosso Senhor. A primeira ocorreu em seu batismo, quando os céus se abriram e o Espírito Santo desceu sobre ele. A segunda, na transfiguração, por ocasião em que Moisés e Elias apareceram junto com o Senhor, diante de Pedro, Tiago e João. A terceira, nessa época em Jerusalém, em meio a uma grande multidão de discípulos e de judeus incrédulos. Em todas as vezes, sabemos que era a voz de Deus, o Pai. Entretanto, para saber o motivo pelo qual essa voz foi ouvida apenas nessas três ocasiões, precisamos especular. Trata-se de um mistério profundo, e não pretendemos falar especificamente sobre ele.

Para nós, deve ser o bastante crer que esse milagre tinha o propósito de mostrar a íntima e permanente relação entre o Pai e o Filho, durante todo o ministério terreno do Filho. Em nenhuma ocasião de seu ministério o Pai deixou de estar bem perto do Filho, embora isso não fosse perceptível aos homens. Também devemos reconhecer que esse milagre tinha o objetivo de demonstrar aos que ali estavam a plena aprovação do Pai ao Filho como Messias, Redentor e Salvador dos homens. A aprovação veio do Pai nas três oportunidades em que ele falou audivelmente, por meio dos milagres e dos poderosos feitos realizados pelo Senhor Jesus. Com certeza, podemos crer em todas essas coisas. Porém, apesar de termos dito tudo isso, devemos ainda confessar: essa voz foi um mistério. Com admiração e temor, lemos a seu respeito, mas somos incapazes de explicá-la.

Por último, nesses versículos, encontramos o pronunciamento de uma grande profecia. O Senhor Jesus declarou: "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo".

No que se refere ao significado dessas palavras, pode haver somente uma ideia na mente de qualquer pessoa esclarecida. Elas não significam que, se a doutrina de Cristo crucificado for exaltada e proclamada pelos ministros e ensinadores do evangelho, surtirá um efeito de atração nos que a ouvirem. Simplesmente significam que a morte de Cristo na cruz teria um efeito de atração em toda a raça humana. Sua morte, como nosso Substituto e como sacrifício por nossos pecados, atrairia multidões, de todas as nações, a crerem nele e receberem-no como seu Salvador. Por ser crucificado em nosso favor, e não por assumir um trono temporário, o Senhor Jesus estabeleceria um reino no mundo e reuniria a si mesmo os súditos. Essa profecia tem-se cumprido na integra até agora, e a história da Igreja o comprova sobremaneira. Em todos os lugares do mundo, onde quer que a história do Cristo crucificado tenha sido plenamente anunciada, as almas têm sido convertidas e atraídas a ele, assim como o ferro é atraído ao imã. Além da verdade sobre o Cristo crucificado, nenhuma outra satisfaz com tamanha exatidão as necessidades dos filhos de Adão, de todas as raças, línguas e nações.

E essa profecia ainda não se exauriu; ainda terá uma realização mais completa. Virá o dia em que todo o joelho se dobrará diante do Cordeiro, que foi morto, e confessará que ele é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai. Aquele que foi morto na cruz ainda se assentará no trono de glória e, diante dele, serão "atraídas" todas as nações. Amigos e inimigos, todos em sua própria ordem, serão "atraídos" de seus sepulcros e comparecerão diante do trono de julgamento do Senhor Jesus. Estejamos atentos para que, naquele dia, nos encontremos entre os que ficarão à sua direita!


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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