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Foto do escritorSónia Ramos

O ofício e a dignidade de Cristo; a graciosa apreciação de Jesus a respeito de seus discípulos

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18/10/2024

Leia João 17.1-8


Esses versículos iniciam um dos mais admiráveis capítulos das Escrituras, em que vemos o

Senhor Jesus dirigindo uma longa oração a Deus, o Pai. É maravilhoso como um exemplo da comunhão que sempre existiu entre o Pai e o Filho, durante seu ministério terreno; é um maravilhoso modelo da intercessão que o Filho, como Sumo Sacerdote, realiza nos céus em nosso favor; e, ao mesmo tempo, é um admirável exemplo dos assuntos que o crente pode mencionar em suas orações. Aquilo que, nessa ocasião, Cristo pediu a seu povo, este pode suplicar para si mesmo. Foi corretamente dito por um antigo teólogo: "O melhor e mais completo sermão já pregado foi acompanhado da melhor de todas as orações".

Não precisamos dizer que esse capítulo dos evangelhos contém muitas verdades profundas. Não poderia ser de outra maneira. Quem lê as palavras do Filho, uma das pessoas da bendita Trindade, dirigidas ao Pai, o qual é outra dessas pessoas, com certeza precisa estar preparado para deparar com muitas verdades que não poderá entender completamente e não será capaz de explicar. Nos vinte e seis versículos desse capítulo, existem sentenças, palavras e expressões que jamais foram totalmente interpretadas. Nossas mentes são incapazes de fazê-lo e de entender os assuntos apresentados nessa passagem. Mas, em João 17, há grandes verdades que permanecem claras e evidentes; faremos bem em considerá-las, dirigindo-lhes nossa melhor atenção.

Em primeiro lugar, devemos observar a gloriosa descrição do ofício e da dignidade de nosso Senhor. Somos informados de que o Pai lhe deu "autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna". A salvação das almas dos homens está nas mãos de Jesus. Além disso, ele declarou que "a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". O simples conhecimento de Deus não é suficiente para salvar qualquer pessoa. Temos de conhecer o Filho e também o Pai. Conhecer a Deus sem o conhecimento de Cristo equivale a conhecermos um Ser que devemos apenas temer e do qual não ousamos nos aproximar. Somente Deus, em Cristo, "reconciliando consigo o mundo", é aquele que pode conceder paz e vida às nossas almas. Além disso, o texto bíblico também nos diz que Cristo consumou a obra que o Pai lhe dera para fazer. Ele concluiu a obra de redenção e concretizou uma perfeita justiça para seu povo. O primeiro Adão falhou em cumprir a vontade de Deus e trouxe o pecado para a raça humana, mas o segundo Adão fez tudo e, do que ele veio fazer, nada deixou incompleto. Ainda lemos que Cristo possuía glória com o Pai, "antes que houvesse mundo". O Senhor Jesus existia desde a eternidade, mesmo antes de o mundo ser criado, e, antes de se tornar carne e nascer da virgem Maria, compartilhava da glória do Pai. Todas essas afirmativas maravilhosas contêm assuntos que nossas mentes frágeis jamais poderão compreender plenamente. Devemos contentar-nos em admirar e reverenciar aquilo que não somos capazes de assimilar ou de explicar por completo. Porém, isso é bastante evidente: afirmativas assim podem ser pronunciadas apenas por alguém que é o próprio Deus. A Escritura jamais aplicou esse tipo de linguagem a qualquer apóstolo, profeta, patriarca ou rei. Ela pertence exclusivamente a Deus.

Sejamos sempre gratos a Deus, pois a esperança do crente descansa em um fundamento seguro, o Salvador divino. O Salvador, ao qual somos ordenados a buscar para receber perdão e no qual somos ordenados a descansar para termos paz em nossas almas, é Deus e homem. Para todos aqueles que realmente se preocupam com suas almas, não são descuidados e mundanos, esse pensamento está repleto de consolação. Tais pessoas reconhecem e sentem que grandes pecadores necessitam de um poderoso Salvador, e também sabem que um redentor apenas humano não satisfaria suas necessidades. Então, regozijem-se eles em Cristo e descansem confiantes nele. Cristo tem todo o poder, sendo capaz de salvar até o fim, porque ele é divino. Ofício, poder e preexistência - tudo isso se combina para comprovar que ele é Deus.

Em segundo lugar, devemos observar nesses versículos a graciosa apreciação de nosso Senhor a respeito de seus discípulos. Jesus disse: "Eles têm guardado a tua palavra (...) reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste".

Podemos considerar maravilhosas essas palavras quando pensamos sobre o caráter dos homens aos quais se aplicavam. Quão frágil era sua fé, pequeno seu conhecimento e superficiais suas realizações espirituais! Seus corações se mostraram débeis na hora do perigo! Logo depois de Jesus ter pronunciado esses elogios, todos eles o abandonaram, fugindo; e um deles, com juramento, o negou por três vezes. Em resumo, ninguém pode ler os evangelhos e deixar de perceber que os onze apóstolos eram servos de Jesus com muitas imperfeições. No entanto, nessa passagem, o amável Cabeça da Igreja empregou termos elevados para falar a respeito desses mesmos servos.

Essa lição está repleta de conforto e instrução. É evidente que Jesus contemplava nos crentes mais do que eles mesmos ou outras pessoas são capazes de ver. A fé, ainda que frágil, é bastante preciosa aos olhos do Senhor. Ainda que não seja maior do que uma semente de mostarda, é uma planta de crescimento celestial e causará uma grande diferença entre aquele que a possui e o incrédulo. Naquele em que o gracioso Salvador dos pecadores contempla a fé, ainda que essa seja pequena, ele contempla com misericórdia as muitas imperfeições de tal pessoa e cobre suas falhas. Assim aconteceu com os onze apóstolos. Eles eram instáveis e inconsistentes como a água, mas criam e amavam seu Senhor, ao passo que milhões de pessoas recusaram-se a aceitá-lo. E a linguagem do Senhor Jesus, afirmando que não perderia sua recompensa aquele que desse um copo de água a um de seus discípulos, demonstra que a consistência dos apóstolos não foi esquecida por ele.

O verdadeiro servo de Deus deve prestar bastante atenção aos traços do caráter de Cristo apresentados nessa passagem e neles descansar sua alma. O melhor de todos os crentes sempre precisa ver em si mesmo uma grande quantidade de defeitos e imperfeições, e envergonhar-se de suas insignificantes realizações na vida espiritual. Nós realmente cremos em Jesus? Achegamo-nos a ele e lhe entregamos nosso fardo? Podemos afirmar com sinceridade e certeza o mesmo que o apóstolo Pedro disse: "Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo"? Então, fortaleçamo-nos nessas palavras de Cristo e não fiquemos desanimados. Ele não desprezou os onze por causa de suas fraquezas, mas suportou-os e salvou-os, somente porque eles creram. O Senhor Jesus é sempre o mesmo, não muda jamais. Aquilo que ele fez pelos onze também fará por nós.


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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