O ofício do ministro de Cristo; Jesus, a luz do mundo; a impiedade do homem; os privilégios dos que crêem
- Sónia Ramos
- 2 de mai. de 2024
- 5 min de leitura

02/05/2024
Leia João 1.6-13
O apóstolo João, depois de começar seu evangelho com uma afirmação sobre a natureza divina do Senhor Jesus Cristo, passa a falar do antecessor de Cristo, João Batista. Devemos notar o contraste entre a linguagem que o apóstolo usou ao falar do Salvador e de seu antecessor. Sobre Jesus, ele diz que é o Deus eterno, o Criador de todas as coisas, a fonte de luz e vida. Sobre João Batista, ele diz simplesmente: "Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João".
Primeiro, vemos nesses versículos a verdadeira natureza do ofício de ministro de Cristo. Podemos observá-la na descrição de João Batista: "Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele".
Os ministros de Cristo não são sacerdotes nem mediadores entre Deus e o homem. Não são agentes em cujas mãos o homem pode entregar sua alma e deixar sua vida espiritual aos seus cuidados. Eles são testemunhas. Existem para dar testemunho da verdade de Deus, especialmente da verdade de que Cristo é o único salvador e a luz do mundo. Foi este o ministério do apóstolo Pedro, no dia de Pentecostes: "Com muitas outras palavras, deu testemunho" (At 2.40). A isso, resumia-se também o ministério de Paulo: "Testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus" (At 20.21). O ministro cristão não será fiel ao seu ofício a menos que dê um testemunho completo acerca de Cristo. E, se realmente testifica de Cristo, estará fazendo sua parte e receberá seu galardão, mesmo que seus ouvintes não creiam em seu testemunho. Até que seus ouvintes creiam no Cristo que lhes está sendo pregado, nenhum benefício receberão daquilo que lhes está sendo ministrado. Poderão até mesmo sentir-se satisfeitos e interessados, mas, enquanto não crerem, não serão beneficiados. A grande finalidade do testemunho de um ministro é que, por meio dele, os homens venham a crer Jo 1.7). Segundo, vemos nesses versículos a principal posição ocupada pelo Senhor Jesus Cristo em relação à humanidade. Notamos isso ao ler que ele é "a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem".
Cristo é para as almas o que o sol é para o mundo. Ele é o centro e a fonte de toda vida, saúde, crescimento, beleza, ardor e progresso espiritual. Assim como o sol, ele brilha em benefício de toda a humanidade: para o rico e o pobre, para o de alta e o de baixa posição, para o judeu e para o grego. Assim como o sol, ele está ao acesso de todos. Todos podem olhar para ele e sorver da saúde que procede de sua luz. Se milhões de pessoas fossem insanas a ponto de habitar em cavernas subterrâneas ou se vendassem os próprios olhos, a escuridão seria a de sua própria culpa, e não a da ausência do sol. Da mesma maneira, se milhões de homens e mulheres amam "mais as trevas do que a luz", a culpa recai sobre seus corações obscurecidos, e não sobre Cristo. Esses se "tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato" (Rm 1.21). Quer o homem veja, quer não, Cristo é o verdadeiro sol e a luz do mundo. Não há outra luz para os pecadores, a não ser o Senhor Jesus Cristo.
Terceiro, vemos nesses versículos a grande impiedade do coração natural do homem. Notamos isso nas seguintes palavras: Cristo "estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam".
Cristo estava de forma invisível no mundo, muito antes de nascer da virgem Maria. Ele estava, desde o princípio, reinando, dispondo e governando toda a Criação. Através dele, tudo veio a subsistir (Cl1.17). A todos, ele concedeu vida e respiração, a chuva do céu e as colheitas abundantes. Por ele, reinaram os reis, e as nações foram exaltadas ou humilhadas. Contudo, os homens não o conheceram e não o honraram. Pois adoraram e serviram "a criatura, em lugar do Criador" (Rm 1.25). Com razão, o coração natural do homem é chamado "corrupto"!
Cristo veio de forma visível ao mundo quando nasceu em Belém, mas foi tratado com a mesma indiferença. Veio para o povo que ele mesmo havia tirado do Egito e comprado para si. Veio para os judeus, a quem havia separado dentre as nações e revelado a si mesmo, por intermédio dos profetas. Veio para aqueles judeus que liam a seu respeito no Antigo Testamento, viam-no através de simbolos e figuras nos cultos realizados no templo e professavam estar aguardando sua vinda. Todavia, quando ele veio, esses mesmos judeus não o receberam. Na verdade, eles o rejeitaram, desprezaram e o mataram. Com razão, o coração natural é chamado "desesperadamente corrupto" Jr 17.9).
Por último, vemos nesses versículos os muitos privilégios de todos os que recebem a Cristo e nele creem. Lemos que "a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome". Cristo jamais deixará de ter servos. Se a maioria dos judeus não o recebeu como o Messias, houve pelo menos alguns que não o rejeitaram. A esses, ele deu o privilégio de serem filhos de Deus e os adotou como membros da família do Pai. Reconheceu-os como seus irmãos e irmãs, ossos de seus ossos e carne de sua carne. Conferiu-lhes um estado digno, que foi a ampla recompensa pela cruz que teriam de carregar por amor a ele. Tornou-os filhos e filhas do Senhor Todo-poderoso.
Tais privilégios, devemos lembrar, são possessões de todos os que, em todos os tempos, pela fé recebem a Cristo como Salvador e o seguem. Esses são "filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus" (GI 3.26). São nascidos de novo, mediante um novo e celestial nascimento, e adotados na família do Rei dos reis. Poucos em número e desprezados pelo mundo, são cuidados e amados pelo Pai celeste com infinito amor. E, por causa de seu Filho, o Pai se compraz neles. No tempo certo, providencia-lhes as coisas que cooperam para seu bem. E, na eternidade, ele lhes dará a coroa de glória, que jamais fenece. Essas coisas são grandiosas! A fé em Cristo é que concede ao homem o direito de desfrutálas todas. Assim como os bons senhores cuidam de seus servos, também Cristo cuida dos seus. E, quanto a nós, somos filhos de Deus? Já nascemos de novo? Temos as marcas que acompanham o novo nascimento - senso do pecado, fé em Cristo, amor ao próximo, vida de retidão e separação do mundo? Enquanto não dermos respostas satisfatórias a essas perguntas, não estejamos contentes. Deseiamos realmente ser filhos de Deus? Então, recebamos Cristo como nosso Salvador e creiamos nele de coração. A todo aquele que o recebe dessa forma, ele dá o privilégio de se tornar filho de Deus.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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