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Foto do escritorSónia Ramos

O ladrão arrependido


01/04/2024

Leia Lucas 23.39-43


Esses versículos merecem ser impressos em letras de ouro. Talvez eles já tenham sido usados para a salvação de milhares de almas. Multidões agradecerão a Deus, durante toda a eternidade, porque a Bíblia relata a história do ladrão arrependido.

Inicialmente, vemos nessa história a soberania de Deus em salvar os pecadores. Somos informados de que dois malfeitores foram crucificados juntamente com nosso Senhor: um, à sua direita, o outro, à sua esquerda. Ambos estavam igualmente próximos de Cristo. Viram e ouviram tudo que se passou durante as horas em que ele esteve pendurado na cruz. Ambos estavam morrendo e sofrendo dores intensas; eram pecadores ímpios e necessitavam de perdão. Entretanto, um deles morreu em seus pecados, assim como passara toda a sua vida, com o coração endurecido, impenitente e incrédulo. O outro arrependeu-se, creu, clamou a Jesus por misericórdia e foi salvo.

Fatos semelhantes a esse deveriam ensinar-nos humildade. Não podemos explicá-lo. Podemos apenas dizer: "Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado" (Mt 11.26). Como pode acontecer que exatamente nas mesmas circunstâncias um homem se converta a Cristo e outro permaneça morto em seus pecados? Por que o mesmo sermão foi ouvido com indiferença por um homem, enquanto motivou o outro a orar e buscar Cristo? Por que o mesmo evangelho foi ocultado a um homem e revelado a outro? Todas essas são perguntas às quais provavelmente não somos capazes de responder. Apenas sabemos que assim aconteceu, sendo inútil tentar negar.

Nosso dever é claro e óbvio. Temos de utilizar com diligência todos os meios que Deus designou para o bem de nossa alma. A oferta do evangelho é gratuita, ampla e geral. "Em tudo que fazemos", diz o artigo de um credo, "a vontade de Deus precisa ser obedecida, a vontade expressamente declarada para nós na Palavra de Deus". Sua soberania jamais tencionou anular a responsabilidade do homem. Um dos ladrões foi salvo para que nenhum pecador se sinta desesperado; mas somente um, para que ninguém seja presunçoso.

Em seguida, vemos o imutável caráter do arrependimento para a salvação. É um assunto frequentemente esquecido na história do ladrão arrependido. Milhares de pessoas prendem-se ao fato de que ele foi salvo na hora da morte e não consideram outros aspectos de sua salvação. Não levam em conta as evidências nítidas e bem definidas do arrependimento, manifestadas por meio das palavras que seus lábios pronunciaram antes de ele morrer. Essas evidências merecem uma observação especial.

O primeiro e notável passo no arrependimento do ladrão foi sua preocupação com a atitude ímpia de seu companheiro em ultrajar Cristo. O ladrão arrependido disse: "Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença?". O segundo passo foi o pleno reconhecimento de seu próprio pecado: "Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem". O terceiro passo foi uma confissão sobre a inocência de Cristo: "Este nenhum mal fez". O quarto passo foi uma demonstração de fé no poder e na vontade de Cristo para salvá-lo. Ele se voltou a alguém que sofria agonizante e reconhece-o como "Senhor", ao declarar sua crença de que ele possuía um reino. O quinto passo foi uma oração. Ele clamou a Jesus, quando estava pendurado na cruz, e suplicou-lhe mesmo naquela hora que pensasse em sua alma. O sexto passo foi a humildade. Ele implorou ser lembrado por Cristo. Ele implorou ser lembrado por nosso Senhor. O ladrão arrependido não pediu qualquer ato grandioso; se Cristo se lembrasse dele, isso seria o bastante. Esses seis passos sempre devem ser mencionados em conexão com o arrependimento do ladrão. Seu tempo foi muito curto para apresentar evidências de conversão. Mas foi um tempo bem

utilizado. Poucas pessoas na hora da morte têm deixado evidências tão boas quanto as mostradas pelo ladrão arrependido.

Tenhamos cuidado com o arrependimento sem evidências. Milhares de pessoas estão partindo deste mundo abraçadas à mentira. Imaginam que serão salvas porque o ladrão arrependido foi salvo na hora da morte. Esquecem que, se desejam ser salvas, têm de se arrepender assim como ele se arrependeu. Quanto mais curto for o tempo de uma pessoa, melhor deve ser a maneira como ela o utiliza. Quanto mais perto ela estiver da morte, mais nítidas devem ser as evidências que ela deixará após a sua partida. Com segurança, poderíamos estabelecer como regra geral o fato de que nada é tão insatisfatório quanto um arrependimento na hora da morte.

Na sequência, vemos nessa história os admiráveis poder e disposição de Cristo para salvar os pecadores. Está escrito que ele "pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus" (Hb 7.25). Se pesquisarmos a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, não encontraremos uma prova mais notável do poder e da misericórdia de Cristo do que a salvação do ladrão arrependido.

A ocasião em que o ladrão foi salvo era a hora de maior fraqueza de nosso Senhor. Ele estava agonizando, pendurado na cruz. E, mesmo naquela circunstância, ele ouviu e respondeu à súplica de um pecador, abrindo-lhe a porta da vida. Com certeza, isso foi uma demonstração de "poder".

O homem salvo por nosso Senhor era um pecador ímpio que estava às portas da morte, não tendo em sua vida passada nada que o recomendasse e nenhuma dignidade em sua presente condição, exceto uma oração humilde. Mesmo assim, ele foi resgatado como um tição tirado do fogo. Com certeza, isso foi uma demonstração de "misericórdia".

Queremos prova de que a salvação não resulta de obras, e sim da graça divina? O ladrão arrependido é uma prova. Ele teve suas mãos e seus pés cravados na cruz; não podia literalmente fazer nada por sua alma. Apesar disso, foi salvo pela infinita graça de Cristo. Ninguém recebeu uma segurança tão completa do perdão de seus pecados quanto aquele homem.

Queremos prova de que os sacramentos e as ordenanças não são absolutamente necessários à salvação e de que alguém pode ser salvo sem eles, quando essa pessoa não pode recebê-los? O ladrão arrependido é uma prova. Ele jamais foi batizado, não pertenceu a uma igreja, nem recebeu a Ceia do Senhor. Mas arrependeu-se, e creu, e, por isso, foi salvo.

Essas verdades devem ser guardadas nas profundezas de nosso coração. Cristo nunca muda. O caminho da salvação é sempre o mesmo. Aquele que salvou o ladrão arrependido continua vivo. Há esperança para o pior dos pecadores se ele tão somente se arrepender e crer.

Por último, vemos nessa história quão próximo da glória e do descanso eterno está o crente moribundo. Nosso Senhor disse ao malfeitor em resposta à sua oração: "Hoje estarás comigo no paraíso".

A palavra "hoje" contém muita teologia. Ela nos mostra que, no exato momento da morte do crente, sua alma está em um lugar de segurança e felicidade. Ainda não chegou à sua morada final. Porém, não haverá uma demora misteriosa, um tempo de suspense, um purgatório, entre sua morte e seu estado de recompensa. No dia em que o crente dá seu último suspiro, ele vai ao Paraíso. No momento em que o crente parte deste mundo, ele está com Cristo (Fp1.23). Lembremos sempre esses fatos quando falecerem nossos irmãos em Cristo. Não devemos nos entristecer por causa deles, tal como o fazem aqueles que não têm esperança. Enquanto nos entristecemos, eles estão se regozijando. Quando derramamos nossas lágrimas e lamentações em seus funerais, eles estão seguros e felizes com seu Senhor. Acima de tudo, se somos verdadeiros crentes, devemos recordar esses fatos ao olharmos para a frente e contemplarmos nossa própria morte. Morrer é algo solene; todavia, se morrermos no Senhor, não precisaremos ter dúvida de que nossa morte será lucro



Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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