-
23/07/2024
Leia João 12.20-26
Há muito mais coisas passando pela mente de certas pessoas do que podemos imaginar. Os gregos dessa
passagem constituem uma notável prova desse fato. Quem poderia ter imaginado, durante o tempo em que Jesus esteve na terra, que estrangeiros de um país distante viriam a Jerusalém e diriam: "Senhor, queremos ver Jesus"? Quem eram esses homens, o que pretendiam, por que desejavam vê-lo, quais eram seus motivos interiores - essas são perguntas às quais não podemos responder. Assim como Zaqueu, eles podem ter sido influenciados pela curiosidade. Assim como os sábios do Oriente, esses gregos podem ter concluído que Jesus era o Rei prometido que o mundo oriental esperava. É suficiente saber que eles demonstraram mais interesse por Cristo do que por Caifás e seus companheiros. Basta apenas estarmos cientes de que eles extraíram dos lábios de nosso Senhor afirmações que estão sendo lidas em milhares de idiomas, desde aqueles dias até o fim do mundo.
Em primeiro lugar, aprendemos das palavras de nosso Senhor que a morte é o caminho para a vida e a glória espiritual. "Se o grão de trigo, caindo em terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto". Essa sentença tinha o propósito inicial de ensinar àqueles gregos a verdadeira natureza do reino do Messias. Se eles imaginavam que veriam um rei semelhante aos deste mundo, cometeram um grande erro. Nosso Senhor desejava que soubessem que ele viera para carregar uma cruz, e não para usar uma coroa. Ele não viera para desfrutar uma vida de honra, tranquila e magnificente, mas para sofrer uma morte triste e vergonhosa. O reino que ele viera estabelecer começaria com uma crucificação, e não com uma coroação. A glória desse reino não consistia em vitórias conquistadas pela espada, nem em tesouros em ouro e prata, mas, sim, na morte de seu Rei.
Mas essa declaração também tinha o propósito de ensinar uma lição ainda mais ampla e abrangente. Ela revelou, por meio de uma figura admirável, a poderosa e fundamental verdade de que a morte de Cristo seria fonte de vida espiritual para o mundo. A paixão e a morte de Cristo resultariam em uma imensa colheita de benefícios para toda a humanidade. Sua morte, semelhante à de um grão de trigo, seria a raiz de bênçãos e misericórdias para incontáveis milhões de almas imortais. Em resumo, uma vez mais, o grande princípio do evangelho estava sendo exposto: a morte vicária de Cristo (não sua vida, seus milagres ou ensinos, mas sua morte) produziria frutos para a glória de Deus e proveria redenção para um mundo perdido.
Essa profunda e vigorosa declaração foi seguida por uma aplicação prática, que se refere a nós mesmos: "Aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna". Aquele que deseja ser salvo precisa estar disposto a rejeitar a própria vida, se necessário, a fim de obter a salvação. Tem de mortificar seu amor ao mundo, com suas riquezas, honras, prazeres e recompensas, crendo plenamente que, ao fazer isso, terá uma colheita melhor, tanto nesta vida como na vida futura. Aquele que ama esta vida a ponto de ser incapaz de negar para si mesmo qualquer coisa por amor à sua alma descobrirá, no final, que perdeu tudo. Ao contrário, aquele que está pronto a desprezar as coisas mais queridas desta vida, quando atrapalham o bem-estar de sua alma, e crucificar a carne com suas paixões e concupiscências descobrirá que nada perdeu. No mundo, suas perdas nada significam, em comparação aos seus ganhos.
Essas verdades devem arraigar-se em nossos corações e constranger-nos a um auto-exame. Isso é tão verdadeiro a respeito de Cristo quanto dos verdadeiros cristãos - não pode existir vida se não houver morte; não pode existir docura se não houver amargor; não receberemos a coroa se não passarmos pela cruz. Sem a morte de Cristo, não haveria vida para o mundo. A menos que estejamos dispostos a morrer para o pecado e crucificar tudo o que é mais querido à carne, não devemos esperar qualquer benefício da morte de Cristo. Recordemos essas verdades e tomemos diariamente a nossa cruz. Por causa da alegria proposta a nós, suportemos a cruz e desprezemos a vergonha; por fim, sentaremos com nosso Senhor à direita de Deus. O caminho da crucificação de nós mesmos e da santificação pode parecer tolice e desperdício para o mundo, assim como o ato de plantar um grão de trigo parece inútil a uma criança e ao tolo. No entanto, jamais existiu um homem que não descobrisse que, pelo semear do Espírito, ele obtém a colheita da vida eterna.
Aprendemos também que, se professamos servir a Cristo, temos de segui-lo. Ele afirmou: "Se alguém me serve, siga-me". O vocábulo "seguir" é bastante significativo e traz à nossa mente conceitos familiares. Assim como o soldado segue seu general; o servo, seu senhor; o aluno, seu Mestre; as ovelhas, seu pastor, também devem seguir a Cristo os que se declaram cristãos. A fé e a obediência são marcas características dos seguidores autênticos e sempre se encontrarão nos verdadeiros crentes. O conhecimento deles talvez seja pequeno, e suas fraquezas, muito grandes; sua graça, bem frágil, e sua esperança, ainda obscura. Mas creem no que Cristo diz e se esforçam para fazer o que ele ordena. A respeito deles, Cristo afirma: "Eles me servem; são meus".
Esse tipo de cristianismo produz pouco interesse nos homens. É muito abrangente, decidido, intenso e real. Servir a Cristo apenas de nome e aparência é fácil e satisfaz muitas pessoas; porém, segui-lo com fé durante toda a vida exige mais do que os homens estão dispostos a fazer por suas almas. Zombaria, oposição e perseguição frequentemente são as únicas recompensas que os seguidores de Cristo recebem deste mundo. Eles têm uma religião "cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus" (Rm 2.29).
Para aqueles que o seguem, não esqueçamos, o Senhor Jesus assegura abundante encorajamento: "Onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará". Guardemos em nossos corações essas promessas animadoras e prossigamos sem temor no caminho estreito. O mundo pode desprezar o servo de Cristo, reputando-o vil, e excluí-lo da sociedade; mas, quando habitarmos com Cristo na glória, teremos uma casa da qual jamais seremos expulsos. O mundo pode escarnecer de nossa religião e zombar de nosso cristianismo, mas, quando, no último dia, o Pai honrar-nos, diante da assembleia de anjos e homens, reconheceremos que seu louvor compensa todas as perdas.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
Comments