09/05/2024
Leia João 2.1-11
O milagre descrito nesses versículos reveste-se de interesse especial aos olhos do verdadeiro crente. É o primeiro dos muitos milagres realizados por Jesus durante sua vida na terra. Somos informados de que, "com este, deu Jesus princípio a seus sinais, em Caná da Galileia". Tal como os outros milagres que João foi inspirado a registrar, esse foi relatado com muitos detalhes e pormenores. E, também como os demais milagres no Evangelho de João, esse se encontra repleto de lições espirituais.
Em primeiro lugar, vemos, através desses versículos, quanto é digno de honra o matrimônio, aos olhos de Cristo. Estar presente em um "casamento" foi basicamente o primeiro ato público no ministério do nosso Senhor.
O casamento não é um sacramento, como afirma a Igreja de Roma. É simplesmente algo ordenado por Deus, em benefício do homem. Mas é uma instituição que nunca deve ser tratada com leviandade ou vista com desrespeito. O culto de casamento celebrado nas igrejas evangélicas refere-se apropriadamente ao matrimônio como "uma condição de honra, instituído por Deus na época da inocência do homem, simbolizando para nós a união mística entre Cristo e sua Igreja". Onde o laço matrimonial é pouco valorizado, a condição moral da sociedade nunca é saudável e a vida espiritual verdadeira jamais floresce. Aqueles que menosprezam o casamento não têm a mente de Cristo. Aquele que, com seu primeiro milagre em Caná, embelezou o ato matrimonial e, com sua presença, o adornou continua o mesmo hoje. O Espírito Santo inspirou o escritor da carta aos Hebreus a escrever: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio" (Hb 13.4).
Uma coisa, contudo, não deve ser esquecida. O casamento é um passo que influi imensamente na felicidade e no bem-estar espiritual de duas almas imortais; por isso, nunca deveria ser assumido de maneira "irrefletida, leviana e sem a devida consideração". Para um casamento ser verdadeiramente feliz, é preciso ser assumido com "reverência, prudência, sobriedade e no temor a Deus". A presença e a bênção de Cristo são essenciais para um casamento feliz. Não se espera que venha a progredir a união que não dá lugar para Cristo e seus seguidores.
Aprendemos ainda, nesses versículos, que há ocasiões em que a alegria e o regozijo são legitimamente apropriados. O Senhor Jesus Cristo sancionou, com sua presença, a legitimidade de uma festa de casamento. Ele não recusou o convite para o "casamento em Caná da Galileia". Eclesiastes 10.19 diz: "O festim faz-se para rir, o vinho alegra a vida". O texto de João nos mostra que Jesus deu sua aprovação a esse tipo de festa.
O verdadeiro cristianismo nunca pretendeu tornar o homem um ser melancólico. Ao contrário, seu objetivo sempre foi promover gozo genuíno e felicidade entre os homens. É inquestionável que o servo de Cristo nada tem a ver com shows, bailes, teatros e outras diversões semelhantes, que tendem à frivolidade, ao desregramento e a uma vida de pecado. Por outro lado, o servo de Cristo não tem o direito de entregar a Satanás e ao mundo as recreações inofensivas e as atividades que promovem a reunião da família. O crente que se retrai completamente de outras amizades e vive sobre a terra com um rosto triste, como se estivesse sempre diante de um funeral, causa realmente prejuízo ao evangelho. Ter um espírito jovial e bondoso é bastante recomendável para o crente. É uma grande infelicidade para o cristianismo quando o crente não pode sorrir. Ter o coração alegre e prontidão para participar de toda recreação saudável é algo de valor inestimável e de grande proveito para amenizar os preconceitos, remover do caminho os empecilhos e preparar o coração para o evangelho e para Cristo.
Sem dúvida, o assunto que estou abordando é delicado. Em nenhum outro aspecto da prática cristã é tão difícil manter o equilíbrio entre o legítimo e o ilegítimo, entre o correto e o incorreto. De fato, é difícil ser, ao mesmo tempo, alegre e prudente. Um espírito jovial cai facilmente em frivolidades. Aceitar muitos convites para festas conduz a um desperdício de tempo e empobrece a alma. A prática de comer e beber com frequência na companhia de incrédulos enfraquece e se torna um grande prejuízo à vida espiritual. Nessa área, assim como em todas as outras, o crente precisa estar atento. Cada crente deve conhecer suas próprias limitações e seu temperamento natural, agindo de modo apropriado. Alguns crentes podem ir, sem risco pessoal, a certos lugares que outros devem evitar. Feliz o que pode usar sua liberdade cristã sem abusar dela! É possível alguém ficar com a alma profundamente ferida ao participar de uma festa de casamento e banquetear-se com amigos.
Quanto a esse assunto, podemos estabelecer uma regra áurea, cuja aplicação nos poupará muitos problemas. Cuidemos de frequentar as festas sempre com o mesmo espírito do nosso Mestre divino e jamais estejamos em lugares que ele não aceitaria estar. Assim como Cristo, procuremos estar sempre tratando dos "negócios" do nosso Pai (Lc 2.49). Assim como ele, devemos promover, de boa vontade, a alegria e o regozijo. Mas esforcemo-nos para que seja uma alegria isenta de pecado e, melhor ainda, que constitua a alegria do Senhor. Empenhemo-nos em ser como o sal da graça para nossas amizades e ter uma palavra apropriada a cada pessoa com quem falamos.
A sociedade em que vivemos recebe imensos benefícios quando mantemos um tom saudável em nossas conversações. Jamais nos envergonhemos de mostrar o que realmente somos e de fazer com que os homens saibam a quem pertencemos e a quem servimos. Poderemos dizer: "Quem, porém, é suficiente para essas coisas?". Entretanto, se Cristo foi a uma festa de casamento em Caná, certamente existem coisas que os crentes podem fazer em ocasiões semelhantes. Devem apenas lembrar que, se tiverem de ir a um lugar onde seu Mestre também estaria, deverão ir com o mesmo espírito que ele foi.
Por último, aprendemos sobre o infinito poder de nosso Senhor Jesus Cristo. Tomamos conhecimento de um milagre que Jesus fez quando acabou o vinho naquele casamento. Por um simples ato de sua vontade, ele transformou água em vinho, suprindo, assim, a necessidade de todos os convidados.
Merece atenção especial a maneira como o milagre ocorreu. Não somos informados de qualquer ação exterior que tenha precedido ou acompanhado a realização do milagre. Não é dito que Cristo tocou os jarros com a água que seria transformada em vinho. Não lemos que tenha ordenado à água para que mudasse suas propriedades ou que tenha orado ao Pai Celestial. Ele simplesmente desejou que houvesse a mudança, e ela ocorreu. Em nenhuma parte da Bíblia lemos sobre qualquer profeta ou apóstolo que tenha operado um milagre seguindo esses mesmos padrões. Jesus Cristo, que pôde fazer de tal forma uma obra tão poderosa, era o próprio Deus.
É maravilhoso pensar que o mesmo infinito poder de vontade, demonstrado ali pelo nosso Senhor, ainda é exercido em favor daqueles que creem nele. Não necessitam da presença física de Cristo para advogar a causa deles. Não há razão para ficarem deprimidos porque não veem Cristo intercedendo por eles ou por não poderem tocá-lo e abraçá-lo, em busca de proteção. Se Cristo deseja a salvação e o suprimento diário de todas as necessidades espirituais dos que lhe pertencem, estes se encontram seguros e bem cuidados, como se o estivessem vendo de perto. A vontade de Cristo é tão poderosa e efetiva quanto os atos executados por ele. A vontade daquele que disse ao Pai: "A minha vontade é que, onde eu estou, estejam também comigo os que me deste" é uma vontade que tem todo o poder, nos céus e na terra, e que prevalece (Jo 17.24).
Felizes os que, assim como os discípulos, creem naquele que realizou esse milagre. Algum dia, haverá uma festa muito maior do que a de Caná, quando o próprio Cristo será o noivo e os crentes, a noiva. Uma glória mais intensa se manifestará quando Jesus reinar com seu grande poder. "Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro" (Ap 19.9).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
コメント