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Foto do escritorSónia Ramos

Judas Iscariotes entende-se com os principais sacerdotes; a preparação da Páscoa


21/03/2024

Leia Lucas 22.1-13


Esses versículos iniciam os capítulos em que Lucas relata os sofrimentos e a morte de nosso Senhor. Aqui, temos a parte mais importante do evangelho. A morte de Cristo consiste em vida para o mundo. Ainda que os escritores dos evangelhos descrevam bem esse fato da vida de nosso Senhor, nenhum deles escreve com tantos detalhes como aqueles que encontramos nessa passagem. Somente dois dos evangelistas narram o nascimento de Cristo, mas todos eles contam minuciosamente os fatos sobre sua morte. E, de todos eles, nenhum outro nos fornece tantos detalhes completos e interessantes quanto Lucas.

Em primeiro lugar, vemos nesses versículos que as altas posições no ministério da igreja não protegem aqueles que as ocupam contra a cegueira espiritual e o pecado. Somos informados de que "preocupavam-se os principais sacerdotes e os escribas em como tirar a vida a Jesus". O primeiro passo em direção a matar Jesus foi tomado pelos ensinadores religiosos da nação de Israel. Os homens que deveriam ter recebido com alegria o Messias foram os mesmos que conspiraram para lhe tirar a vida. Os pastores que deveriam ter-se regozijado com o aparecimento do Cordeiro de Deus foram os principais em levantar sua mão contra ele.

Assentavam-se na cadeira de Moisés, reivindicavam ser "guias de cegos" e "luz" para os que se encontravam em "trevas" (Rm 2.19). Pertenciam à tribo de Levi. Em sua maioria, eram descendentes diretos e sucessores de Arão. Apesar disso, foram os mesmos homens que crucificaram o Senhor da glória! Com todo o seu conhecimento vanglorioso, eram muito mais ignorantes do que os poucos pescadores galileus que seguiam Cristo.

Acautelemo-nos de atribuir excessiva importância aos ministros religiosos por causa de seu ofício. Cargos e posições não eximem de erro pessoa alguma. As maiores heresias foram semeadas e graves abusos práticos foram introduzidos no cristianismo por homens de posição religiosa. Sem dúvida, o respeito deve ser tributado âqueles que ocupam posições elevadas. A ordem e a disciplina não podem ser negligenciadas. Não devemos, levianamente, rejeitar o ensino e os conselhos procedentes de ensinadores especificamente designados para isso. No entanto, existem limites que não podem ser ultrapassados. Não devemos permitir que o cego nos conduza ao abismo. Não podemos permitir que os principais sacerdotes e escribas modernos nos façam novamente crucificar Cristo. Devemos julgar todos os ensinadores por meio do infalível padrão da Palavra de Deus. Pouco nos deve importar quem está afirmando alguma coisa sobre os assuntos espirituais; o que realmente deve nos preocupar é o que está sendo afirmado. É bíblico? Corresponde à verdade? Essas são as únicas perguntas. "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva" (Is 8.20).

Em segundo lugar, vemos nesses versículos quão profundamente uma pessoa pode cair depois de ter feito uma sublime confissão a respeito de Cristo. Somos informados de que o segundo passo em direção à morte de nosso Senhor foi a traição de um de seus doze apóstolos. "Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era um dos doze." Essa é uma afirmativa peculiarmente alarmante. Ser tentado por Satanás é algo ruim. Ser peneirado, afligido e levado cativo por ele é algo realmente terrível. Mas, quando o diabo entra e habita em uma pessoa, ela se torna um verdadeiro filho do inferno.

Judas Iscariotes deve ser um aviso permanente para a igreja de Cristo. Ele, precisamos lembrar, era um dos apóstolos escolhidos por Cristo. Seguiu nosso Senhor durante todo o seu ministério; abandonou tudo por causa de Jesus. Ouviu suas pregações, contemplou seus milagres. Pregou e falou como qualquer outro dos apóstolos. Nada o distinguiu de Pedro, Tiago e João. Jamais seria suspeito de ter um coração impuro. No entanto, Judas, por fim, mostrou-se um hipócrita, traiu seu Senhor, ajudou seus inimigos e o entregou à morte; e ele mesmo morreu como um "filho da perdição" (Jo 17.12). São coisas terríveis, mas verdadeiras.

A recordação de Judas Iscariotes deve constranger todo crente professo a orar muito, suplicando por humildade. Digamos sempre: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos" (S1 139.23). No máximo, temos uma pobre concepção do engano de nosso próprio coracão. E mais extenso do que podemos imaginar o ponto em que uma pessoa pode avancar em seu cristianismo e apesar disso, estar sem a graca divina em seu coração.

Em terceiro lugar, vemos nesses versículos o enorme poder do amor ao dinheiro. Quando Judas dirigiu-se aos principais sacerdotes e ofereceu-se para trair seu Mestre, "eles se alegraram e combinaram em lhe dar dinheiro". Essa pequena sentença revela o segredo da queda de um homem ímpio. Ele amava o dinheiro. Sem dúvida, Judas ouvira a solene advertência de nosso Senhor: "Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza" (Lc 12.15); mas ele a esqueceu ou não lhe prestou atenção. A avareza foi a rocha que o fez naufragar; foi a ruína de sua alma.

Não nos admiremos do fato de Paulo ter qualificado o amor ao dinheiro como a "raiz de todos os males" (1Tm 6.10). A História da Igreja está repleta de dolorosas provas de que o amor ao dinheiro é uma das armas prediletas de Satanás para corromper e arruinar aqueles que professam o cristianismo. Geazi Ananias e Safira são nomes que, naturalmente, surgem em nossa mente. Mas, dentre todas as provas, não existe qualquer outra tão melancólica quanto a pessoa de Judas Iscariotes. Por dinheiro, um homem escolhido para ser apóstolo vendeu o melhor e mais amável dos senhores. Por dinheiro, Judas Iscariotes traiu o Senhor lesus Cristo.

Vigiemos e oremos contra o amor ao dinheiro. É uma enfermidade sutil e, com frequência, está mais perto de nós do que imaginamos. O pobre se encontra tão sujeito a esse tipo de amor quanto o rico. É possível alguém amar o dinheiro, ainda que não o tenha, ou tê-lo sem que o ame. "Contentai-vos com as coisas que tendes" (Hb 13.5). Não sabemos o que seremos capazes de fazer se, repentinamente, nos tornarmos ricos. É admirável ver que existe somente uma oração em todo o livro de Provérbios e que, nela, uma das três súplicas é a sábia petição: "Não me dês nem a pobreza nem a riqueza" (Pv 30.8). Por último, vemos nesses versículos a íntima conexão entre a morte de nosso Senhor e a festa da Páscoa. Quatro vezes somos lembrados de que a noite anterior à crucificação de Jesus era a ocasião da grande festa dos judeus. Aquele era o dia da Festa dos Pães Asmos, e o Cordeiro pascal teve de ser imolado. Não podemos duvidar de que a hora da crucificação de nosso Senhor foi controlada por Deus. Sua perfeita sabedoria e seu poder controlador dispuseram as coisas de modo que o Cordeiro de Deus morresse na mesma ocasião em que o cordeiro pascal era imolado. A morte de Cristo foi o cumprimento da Páscoa. Ele era o verdadeiro sacrifício que o cordeiro pascal estivera indicando desde a sua instituicão. Aquilo que a morte do cordeiro significou para Israel no Egito era o mesmo que significaria a morte de Cristo para os pecadores no mundo inteiro. A segurança que o sangue do cordeiro da Páscoa providenciou para Israel era a mesma que o sangue de Cristo providenciaria em maior abundância para todos os que nele creriam.

Nunca esqueçamos o caráter sacrificial da morte de Cristo. Rejeitemos com aversão a ideia moderna de que a morte de Cristo não passou de um poderoso exemplo de renúncia e autossacrifício. Sem dúvida, foi isso também, porém foi algo ainda mais sublime, mais profundo e mais importante que isso. A morte de Cristo foi uma propiciação pelos pecados do mundo. Foi uma expiação pelo pecado do homem, foi a morte da verdadeira Páscoa, por meio da qual a destruição eterna foi afastada de todo aquele que nele crê. Disse o apóstolo Paulo: "Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado" (1Co 5.7). Apeguemo-nos com firmeza a essa verdade e jamais a abandonemos


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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