03/04/2024
Leia Lucas 23.50-56
Vemos nesses versículos que Cristo tem alguns discípulos sobre os quais pouco sabemos. Lucas nos fala sobre um discípulo chamado José, "homem bom e justo (que não havia concordado com o desígnio e a ação dos outros, de condenar e matar nosso Senhor) e "que esperava o reino de Deus". José de Arimateia foi ousadamente a Pilatos, depois da crucificação, e "pediu-lhe o corpo de Jesus, e, tirando-o do madeiro, envolveu-o num lençol de linho, e o depositou num túmulo".
Nada sabemos a respeito de José de Arimateia, exceto o que Lucas nos conta nessa passagem. Em nenhuma parte de Atos dos Apóstolos ou nas epístolas, encontramos menção a seu nome. Ele não apareceu em nenhuma ocasião anterior, durante o ministério de nosso Senhor. Não podemos explicar o motivo pelo qual José de Arimateia não se uniu publicamente aos outros discípulos. Mas agora, à hora undécima, esse homem não tem medo de se mostrar como um dos amigos de nosso Senhor. No próprio tempo em que os apóstolos abandonaram Jesus, José de Arimateia não se envergonhou de manifestar seu amor e respeito. Outros haviam confessado o Senhor enquanto ele vivia e realizava milagres. Foi reservado a José de Arimateia confessá-lo quando já havia morrido. A história desse discípulo é cheia de instrução e encorajamento. Ela nos mostra que Cristo tem amigos sobre os quais a Igreja sabe muito pouco ou nada, amigos que o confessam menos do que outros, porém são amigos que, em verdadeiros amor e afeição por Cristo, não ficam atrás de ninguém. Acima de tudo, a história de José de Arimateia nos mostra que os acontecimentos podem revelar a existência da graça divina no coração de pessoas em quem, no presente, não esperaríamos encontrar; revela também que a obra de Cristo um dia poderá comprovar que ele tem muitos colaboradores cuja existência no presente não temos conhecimento. Esses colaboradores são pessoas que Davi chamou de "protegidos" (SI 83.3) e que Salomão comparou ao "lírio entre os espinhos" (Ct 2.2).
Aprendamos de José de Arimateia a ser amáveis e esperançosos em nossos julgamentos. Nem tudo está improdutivo neste mundo, quando nossos olhos não podem ver algum fruto. Pode haver alguns brilhos repentinos de luz, enquanto tudo parece estar em trevas. Pequenas plantas de vida espiritual, plantadas por nosso Pai celestial, talvez sejam encontradas nas mais remotas congregações. Sementes da fé verdadeira podem estar escondidas no coração de algum negligenciado membro da igreja, sementes que Deus colocou ali. Havia sete mil verdadeiros adoradores em Israel sobre os quais Elias não sabia coisa alguma (1Rs 19.18). O Dia do Juízo trará à luz homens que pareciam ser os últimos e os colocará entre os primeiros.
Na sequência, vemos nesses versículos a realidade da morte de Cristo. É um fato apresentado de maneira incontestável pelas circunstâncias relatadas sobre o sepultamento de nosso Senhor. Não poderiam estar enganados aqueles que retiraram seu corpo da cruz e o envolveram em lencóis de linho. A própria percepção sensorial de tais pessoas foi testemunha de que estavam carregando apenas um cadáver. Seus olhos e suas mãos devem ter dito a eles que o corpo colocado por elas no túmulo de José não estava vivo, e sim morto.
A importância desse fato é mais sublime do que pode imaginar um leitor desatento. Se Cristo realmente não morreu, acabariam todas as consolações fornecidas pelo evangelho. Nada menos do que sua morte poderia ter pago a dívida do homem para com Deus. Sua encarnação, seus milagres, parábolas, sermões e obediência imaculada à Lei não teriam qualquer proveito se ele não houvesse morrido. A penalidade imposta ao primeiro Adão era a morte eterna no inferno. Se o segundo Adão não tivesse morrido verdadeiramente em nosso lugar, de maneira tão autêntica quanto nos ensinou a verdade, a penalidade original permaneceria com todo o seu poder sobre Adão e todos os seus filhos. E o vivificador sangue de Cristo que salva nossas almas.
Devemos bendizer a Deus para sempre, porque a morte de nosso Redentor é um fato inquestionável. O centurião que ficou perto da cruz, os amigos que removeram os cravos de seu corpo e colocaram no sepulcro, as mulheres que presenciaram sua morte, os sacerdotes que mandaram selar o túmulo, os soldados que o guardaram - todos são testemunhas de que Cristo realmente morreu. O grande sacrifício foi verdadeiramente oferecido. A vida do Cordeiro foi realmente tirada. A pena devida ao pecado foi, de fato, paga por nosso divino Substituto. Os pecadores que creem em Jesus podem ter esperança e viver sem medo. Em si mesmos, eles são culpados; mas Cristo morreu pelos ímpios e, agora, a dívida deles está completamente paga.
Por último, vemos nesses versículos o respeito com que os discípulos de Cristo obedeceram ao quarto mandamento. "No sábado" as mulheres que prepararam aromas e bálsamos, para ungir o corpo de Jesus, "descansaram, segundo o mandamento".
É um pequeno fato mas um poderoso argumento indireto em resposta àqueles que nos declaram ter Cristo abolido o quarto mandamento. Nem essa passagem nem qualquer outra nos fornecem qualquer coisa para assegurarmos tal conclusão. Vemos nosso Senhor frequentemente denunciando as tradições humanas dos judeus em referência à observação do dia de descanso; removendo desse dia as opiniões supersticiosas e antibíblicas, e mantendo com firmeza que as obras necessárias e de misericórdia não constituem transgressões do quarto mandamento. No entanto, em nenhum lugar o achamos ensinando que o dia de descanso não deve ser observado de maneira alguma. E, nessa passagem, seus discípulos se mostraram tão escrupulosos quanto qualquer outro judeu no que dizia respeito ao dever de guardar o dia de descanso. Certamente eles nunca foram ensinados por seu Senhor que o quarto mandamento não era um dever dos crentes.
Apeguemo-nos com firmeza à antiga doutrina de que o dia de descanso não é simplesmente uma instituição judaica, e sim um dia que, desde o princípio, tinha em vista o benefício do homem e que foi estabelecido para ser observado pelos crentes, bem como pelos judeus. Não tenhamos dúvida de que os apóstolos foram instruídos por seu Senhor a mudar o dia de descanso do sétimo para o primeiro dia da semana, embora, sob a misericórdia divina, a mudança não tenha sido proclamada publicamente, para evitar ofensa ao povo de Israel. Acima de tudo, devemos considerar o dia de descanso uma instituição de importância primária para a alma do homem e lutar ardentemente por sua observância entre nós, em toda a sua integridade. É bom para o corpo, a alma e a mente. É bom para a nação que o observa e para a igreja que o honra. Há pouca distância entre o negar o quarto mandamento e o negar a Deus. O indivíduo que transforma o domingo em um dia voltado a negócios e prazeres é um inimigo dos melhores interesses de seus companheiros. Aquele que supõe que o crente deveria ser tão espiritual a ponto de não separar um dia entre os demais da semana sabe pouco a respeito do coração humano e das exigências de nosso cumprimento da Palavra em um mundo sedutor e perverso.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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