13/05/2024
Leia João 3.22-36
De certa forma, essa passagem merece atenção especial daqueles que amam a leitura da Bíblia. Aqui, nós temos o último testemunho que João Batista deu a respeito do Senhor Jesus Cristo. No final de seu ministério, João Batista, ministro fiel de Deus, foi o mesmo que era no início. Não mudou o que pensava sobre si mesmo, nem a respeito de Cristo. Feliz é a igreja cujo ministro é firme, ousado e constante como João Batista!
Vemos, inicialmente, um exemplo marcante da inveja e do partidarismo que pode haver entre os que professam o cristianismo. Lemos que os discípulos de João Batista ficaram ofendidos porque o ministério de Jesus começou a atrair mais a atenção do que o de seu mestre: "Foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro".
Infelizmente, a atitude demonstrada nessa reclamação é muito comum nas igrejas de Cristo. Tais queixosos jamais deixaram de ter sucessores. Não têm faltado seguidores que se importam mais com o aumento de seu próprio grupo do que com o desenvolvimento do verdadeiro cristianismo. Pessoas assim não conseguem regozijar-se com o crescimento da igreja, a não ser que isso ocorra em seu próprio grupo. Muitos não conseguem ver boas coisas sendo realizadas, a não ser em suas próprias congregações. Tais homens parecem dispostos a deixar outros fora do céu se não procurarem entrar por sua denominação.
O crente verdadeiro deve orar e guardar-se dessa atitude manifestada pelos discípulos de João. Trata-se de uma atitude insidiosa, contagiosa e prejudicial à causa do evangelho. Nenhuma outra coisa, mais do que a inveja e o partidarismo entre os crentes, causa tanta desonra ao cristianismo e leva os inimigos da verdade a blasfemar. Estando presente a verdadeira graça divina, devemos estar prontos e dispostos a reconhecê-la, mesmo que isso ocorra fora de nosso campo de trabalho. E esforcemo-nos em dizer como o apóstolo: "Uma vez que Cristo (...) está sendo pregado (...) também com isso me regozijo, sim, sempre me regozijarei" (Fp 1.18). Se o bem está sendo praticado, devemos ser gratos; mesmo que não esteja sendo feito da maneira que pensamos ser a melhor. Se almas estão sendo salvas, devemos nos alegrar, qualquer seja o meio que Deus considere apropriado utilizar.
Nesses versículos, também vemos um esplêndido modelo de verdadeira e piedosa humildade. Notamos, na vida de João Batista, uma atitude bastante diferente daquela demonstrada por seus discípulos. Ele inicia sua argumentação apresentando o grande princípio de que a aceitação diante dos homens é um dom de Deus; portanto, não devemos presumir que acharemos falta em outros quando forem mais aceitos do que nós. "O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada." Prosseguindo, relembra seus seguidores de ter declarado anteriormente que alguém maior que ele mesmo estava para vir: "Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Eu não sou o Cristo". Esclarece que seu ofício, em relação a Cristo, é o ofício do amigo do noivo em relação a este. Finalmente, com solenidade, afirmou que Cristo haveria de crescer mais e mais, e que ele próprio se tornaria cada vez menos importante; assim como o brilho da estrela é ofuscado pelo sol nascente, gradualmente ele desapareceria.
Uma atitude semelhante à de João Batista é o mais elevado nível de graça que o homem mortal pode obter. Aos olhos de Deus, o homem mais santo é aquele que mais se reveste de humildade (1Pe 5.5). O segredo para sermos homens da qualidade de Abraão, Moisés, Jó, Davi, Daniel, Paulo e João Batista é conhecido por nós? Eles eram, acima de tudo, homens humildes. Viveram em épocas diferentes e experimentaram diferentes graus de iluminação espiritual; mas, pelo menos no aspecto da humildade, tinham a mesma característica. Nada viam em si mesmos, além de pecado e fraqueza. A Deus, rendiam toda a glória por aquilo que eram. Andemos em seus passos. Busquemos com zelo os melhores dons, mas, acima de tudo, procuremos ser humildes. A honra verdadeira é alcançada por meio da humildade. Ninguém mais foi tão honrado por Cristo quanto o homem humilde que disse: "Convém que ele cresça e que eu diminua".
Vemos ainda a instrutiva declaração quanto à honra e à dignidade de Cristo. Uma vez mais, João Batista ensinou aos seus discípulos a grandeza daquele cuja crescente popularidade lhes servira de ofensa. E, novamente, talvez pela última vez, ele declarou que Jesus era digno de toda honra e todo louvor. Usou várias expressões marcantes para transmitir a ideia correta a respeito da majestade de Cristo. Referiu-se a ele como "o noivo" da Igreja; aquele que veio "das alturas", "o enviado de Deus"; a quem Deus não concedeu "o Espírito por medida"; o que é "amado do Pai", em cujas mãos todas as coisas foram confiadas; aquele que nele crê obtém a vida eterna, mas aquele que o rejeita sofre eterna destruição. Cada uma dessas afirmações tem um profundo significado e forneceria assunto para um longo sermão. Todas elas demonstram a profundidade e a estatura da compreensão espiritual de João Batista. Não há registradas, em qualquer outra parte das Escrituras, palavras que deem mais honra a Cristo do que essas proferidas por João.
Na vida ou na morte, esforcemo-nos para ter a mesma compreensão demonstrada por João Batista a respeito do Senhor Jesus. Jamais seremos capazes de exaltar a Cristo acima do que convém. Nossos pensamentos acerca da Igreja, do ministério e das ordenanças podem facilmente ser muito elevados e exagerados. Mas, acerca de Cristo, nunca chegaremos a pensar de uma forma demais elevada, ou amá-lo de um modo exagerado, ou nele confiar de modo excessivo, ou louvá-lo mais do que é conveniente. Ele é digno de toda a honra que pudermos lhe oferecer. Nos céus, ele é tudo. Vigiemos para que, na terra, ele seja tudo em nossos corações.
Por último, nessa passagem, vemos que João Batista faz uma grande declaração sobre a salvação que os verdadeiros crentes desfrutam no presente. Ele afirmou: "Quem crê no Filho tem a vida eterna". O que nele crê não precisa anelar por um privilégio que ainda está muito distante. No momento em que crê, "tem a vida eterna". O perdão, a paz e o total direito ao céu tornam-se sua possessão imediata, no instante em que deposita a fé em Cristo. E essa possessão não se tornará mais completa do que agora, mesmo que o crente viva tanto quanto Matusalém.
Essa verdade contém um dos mais gloriosos privilégios do evangelho. Para que o pecador seja aceito por Deus, não há obras a serem realizadas, nenhuma condição a cumprir, nenhum preço a ser pago, tampouco a necessidade de passar por desgastantes anos de provação. Aquele que tão somente crê em Cristo é imediatamente perdoado. A salvação está próxima do pior dos pecadores; basta apenas arrepender-se e crer, e, a partir desse momento, será salvo. Através de Cristo, os que creem são inteiramente justificados, de uma vez por todas.
Na conclusão dessa passagem, devemos ponderar seriamente estas verdades: se a fé em Cristo traz consigo privilégios imediatos, permanecer na incredulidade significa estar em condição de grande perigo; se o céu está tão próximo do que crê, o inferno também deve estar muito próximo do que não crê. Quanto maior é a misericórdia oferecida pelo Senhor Jesus, maior é a culpa dos que a negligenciam e rejeitam. Quem "se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus"
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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