06/05/2024
Leia João 1.29-34
Essa passagem contém um versículo que deveria estar gravado em grandes letras na memória de todo leitor da Bíblia. Todas as estrelas do céu são lindas e brilhantes, porém a glória de uma estrela excede a de outra. Da mesma maneira, todos os textos das Escrituras são inspirados e úteis; contudo, alguns são mais valiosos que outros.
Entre os mais valiosos, destaca-se o primeiro versículo da passagem que acabamos de ler. Jamais foi dado, sobre a face da terra, um testemunho mais completo a respeito de Cristo do que esse de João Batista.
Primeiro, observemos, nessa passagem, o nome peculiar que ele atribui a Cristo. João o chama "o Cordeiro de Deus". Ao contrário do que alguns supõem, por esse nome não se compreende simplesmente que Cristo fosse manso e gentil como um cordeiro. Sem dúvida, isso é verdadeiro, mas seria apenas uma pequena parcela da verdade. Há razões mais grandiosas para Cristo ser chamado assim. Compreendemos, por esse nome, que Cristo foi o grande sacrifício pelo pecado; aquele que veio para fazer a expiação pela culpa do pecado, por intermédio de sua morte na cruz. Ele era o Cordeiro verdadeiro que Deus haveria de prover, mencionado por Abraão a Isaque no monte Moriá (Gn 22.8). Era o Cordeiro verdadeiro, para o qual apontava cada sacrifício feito no templo, de manhã e à noite. Era o Cordeiro sobre o qual Isaías profetizou que seria "levado ao matadouro" (Is 53.7). Era o Cordeiro verdadeiro simbolizado, de maneira vivida, pelo cordeiro pascal, no Egito. Enfim, Cristo era a grande propiciação pelo pecado, a qual Deus prometera enviar ao mundo, desde a eternidade. Ele era o Cordeiro de Deus.
Estejamos atentos para que, ao pensarmos em Cristo, sempre o façamos conforme João Batista o apresentou nesse texto. Sirvamos a Cristo fielmente, como nosso Mestre. Obedeçamos a ele lealmente, como nosso Rei. Atentemos aos seus ensinos, como nosso Profeta. Sigamos diligentemente seus passos, tomando-o como exemplo. Aguardemos intensamente sua vinda, como aquele que há de redimir nosso corpo e nossa alma. Acima de tudo, prezemos Cristo como aquele que foi sacrificado por nós e descansemos todo o nosso fardo em sua morte, oferecida como expiação pelo pecado. Que seu sangue seja mais precioso para nós a cada dia que vivemos! Em todas as coisas que nos gloriamos a respeito de Cristo, gloriemo-nos, acima de tudo, em sua cruz. Essa é a pedra angular, esse é o lugar seguro, esse é o fundamento da verdadeira teologia cristã. Não estaremos certos de qualquer coisa acerca de Cristo até que o vejamos pela perspectiva de João Batista e nos regozijemos nele como o "Cordeiro que foi morto".
Segundo, notemos, nessa passagem, a obra peculiar que Cristo realiza segundo a descrição de João Batista. João diz que Cristo "tira o pecado do mundo". Cristo é o Salvador. Ele não veio ao mundo para ser um conquistador, um filósofo ou um mero professor de moralidade. Veio para salvar pecadores. Veio para fazer o que o homem jamais poderia fazer por si mesmo; para conceder o que o dinheiro e a cultura jamais poderiam obter; para realizar o que é essencial à felicidade do homem; enfim, veio para "tirar o pecado".
Cristo é um salvador completo. Ele "tira o pecado". Não fez apenas uma vaga proclamação de perdão e misericórdia. Ele levou sobre si nossos pecados e os afastou de nós. Consentiu em tomar e carregar "ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1Pe 2.24). Os pecados de todo aquele que crê em Jesus tornam-se como se nunca tivessem sido cometidos. O Cordeiro de Deus os removeu por completo.
Cristo é um Salvador poderoso, um Salvador para toda a humanidade. Ele "tira o pecado do mundo"; ele não morreu apenas para os judeus, mas também para os gentios; não sofreu somente por algumas pessoas, mas por toda a raça humana. O pagamento que efetuou na cruz é mais do que suficiente para saldar os débitos de todos. O sangue que derramou foi precioso o suficiente para lavar os pecados de todos. A expiação feita na cruz foi suficiente para toda a humanidade, embora seja eficaz apenas para os que creem. O pecado que ele tomou e carregou sobre a cruz foi o pecado do mundo inteiro.
Cristo é um Salvador perpétuo e incansável. Ele "tira" o pecado daqueles que nele creem. A cada dia, purifica, limpa e lava as almas de seu povo; a cada dia, concede e renova sobre eles sua misericórdia. Não cessou de trabalhar por seus santos quando morreu na cruz por eles. Ele vive no céu como um sacerdote, apresentando continuamente seu sacrifício perante Deus. Cristo ainda trabalha ao dispensar sua graça e providência ao seu povo. Ele tira continuamente o pecado.
Essas verdades são realmente preciosas. Se todos aqueles que as conhecem as aplicassem em sua vida, a Igreja de Cristo seria sobremodo abençoada! A própria familiaridade que temos com textos desse tipo é um dos maiores perigos que enfrentamos. Felizes são os que não somente memorizam esses textos, mas também deles se alimentam em seus corações!
Por último, notemos nessa passagem o ofício atribuído a Cristo por João Batista. João fala sobre Cristo como "o que batiza com o Espírito Santo'. O batismo aqui referido não é o batismo com água. Não se trata de imersão ou aspersão. Não é um batismo que pertence exclusivamente às crianças ou aos adultos. Não pode ser ministrado por homens, sejam episcopais, presbiterianos, independentes ou metodistas, leigos ou ministros. É o batismo que o grande Cabeça da Igreja guarda, com exclusividade, em suas próprias mãos, e consiste em implantar a graça no homem interior. É o mesmo que o novo nascimento. É o batismo do coração, e não do corpo. É o batismo que o ladrão arrependido recebeu, embora não tenha sido aspergido nem submerso em água por mãos humanas. É o batismo que Ananias e Safira não receberam, embora tenham sido admitidos na comunhão da Igreja, pelas mãos dos apóstolos.
Devemos estabelecer, como uma verdade fundamental de nossa fé, que João Batista refere-se ao batismo que é absolutamente essencial para a salvação. É ótimo ser batizado na igreja visível, porém é mais grandioso ser batizado na Igreja que é formada somente de crentes genuínos. O batismo nas águas é uma ordenança que traz grandes bênçãos e benefícios; negligenciá-lo é um grande pecado. Mas o batismo do Espírito Santo tem importância extremamente superior. O homem que morre sem ter o coração batizado por Cristo nunca poderá ser salvo.
Ao terminar essa passagem, perguntemos a nós mesmos se somos batizados com o Espírito Santo e se temos interesse genuíno no Cordeiro de Deus. Infelizmente, milhares de pessoas gastam o tempo com controvérsias sobre o batismo nas águas e negligenciam o batismo do coração. Outras milhares ou se contentam com um conhecimento intelectual acerca do Cordeiro de Deus ou nunca o buscaram pela fé, para que seus pecados fossem realmente tirados. Estejamos sempre atentos, para que tenhamos fé e um coração novo, com vistas à salvação de nossas almas.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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