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29/08/2024
Leia João 14.4-11
Em primeiro lugar, devemos observar nessa passagem que Cristo fala sobre os crentes de uma
maneira melhor do que eles mesmos falam a respeito de si. Ele disse aos seus discípulos: "E vós sabeis
o caminho para onde eu vou". Mas Tomé replicou com esta observação: "Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?". Essa contradição aparente e não real demanda esclarecimento.
Considerado de certo ponto de vista, o conhecimento dos discípulos era limitado. Eles sabiam pouco a respeito da crucificação e da ressurreição, em comparação ao conhecimento que deveriam possuir e ao que chegaram a saber depois do dia de Pentecostes. No que se refere ao propósito da vinda de nosso Senhor ao mundo, à sua morte sacrificial e vicária na cruz em nosso favor, a ignorância dos discípulos era grande e evidente. É possível dizer com segurança que eles sabiam apenas "em parte", sendo crianças em seu entendimento das coisas espirituais.
Mas, considerado de acordo com outro ponto de vista, o conhecimento dos discípulos era imenso. Eles sabiam mais do que a maioria dos judeus e assimilaram verdades que os escribas e fariseus rejeitaram por completo. Se comparados às pessoas do mundo ao seu redor, eles eram "iluminados" no sentido mais amplo da palavra. Acreditavam e sabiam que seu Senhor era o Messias prometido, o Filho do Deus vivo; reconheciam que segui-lo era o primeiro passo em direção ao céu. Fatos se esclarecem por meio de comparações. Antes de os reputarmos como superficiais por causa de sua ignorância, tenhamos cuidado para não subestimar o conhecimento que possuíam. Conheciam mais verdades do que eles mesmos estavam cônscios. Seus corações eram melhores do que suas mentes.
A verdade é que muitos crentes mostram-se propensos a menosprezar o ministério do Espírito em suas almas, imaginando que não sabem nada, porque não conhecem todas as verdades. Nos céus, o que Deus pensa a respeito de muitos crentes é melhor do que eles imaginam acerca de si mesmos, enquanto vivem na terra; e, no último dia, descobrirão, surpresos, esse fato. No céu, existe alguém que leva mais em conta o conhecimento de coração do que o conhecimento intelectual. Muitos deles passam toda a sua peregrinação até o céu reclamando, porque sabem tão pouco e imaginam que se afastarão do caminho durante a jornada. No entanto, possuem corações que agradam a Deus.
Em segundo lugar, devemos observar nesses versículos os nomes gloriosos com os quais o Senhor Jesus designou a si mesmo. Ele disse: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. O significado pleno dessas preciosas palavras jamais será compreendido pelos homens. Aquele que tenta explicá-las está apenas escavando superficialmente um solo fertilíssimo. Jesus é o caminho, o caminho para o céu e a paz com Deus. À semelhanca de Moisés, Jesus é o único que guia, instrui e outorga sua lei. Ele mesmo é a porta, a escada e o caminho pelo qual devemos nos achegar a Deus. Através da satisfação
que realizou na cruz, o Senhor Jesus abriu o caminho à arvore da vida; caminho que havia sido fechado quando Adão e Eva caíram em pecado. Por intermédio do sangue de Cristo, podemos ter acesso à presença de Deus e nos aproximar dele com confianca.
Jesus é a verdade, a essência da verdadeira religião, que o coração do homem requer. Sem ele, o mais sábio incrédulo tateia em densas trevas e nada sabe a respeito de Deus. Antes de Jesus vir ao mundo, até mesmo os judeus viam obscuramente, "como por espelho", e não distinguiam com clareza os tipos, figuras e cerimônias da lei mosaica. Cristo é a verdade completa e satisfaz todas as necessidades do coração humano.
Jesus é a vida, o perdão e a vida eterna do pecador, a fonte da vida espiritual e da santidade, a certeza da ressurreição do crente. Aquele que crê em Jesus tem a vida eterna. Aquele que permanece em Jesus, à semelhança do ramo da videira, produz fruto em abundância. Aquele que crê em Jesus, ainda que morra, viverá. Jesus é a fonte de toda a vida, da alma e do corpo.
Sempre aceitemos e defendamos essas doutrinas. Estar a cada dia andando em Cristo, sendo ele nosso caminho, crer permanentemente nele como a verdade, viver em Jesus todos os dias de nossa vida - isso é o que significa ser um crente bem informado e completamente preparado, um crente firme.
Em terceiro lugar, devemos observar nesses versículos: o Senhor Jesus afirmou que ele é o único caminho de salvação. Ele disse: "Ninguém vem ao Pai senão por mim".
Não há vantagem em ser esperto, erudito, superdotado, amável, caridoso, benigno e zeloso em alguma forma de religião. Nada disso salvara a alma de alguém, se a pessoa não se achegar a Deus por intermédio da expiação realizada por Cristo e apropriar-se do próprio Filho de Deus como Mediador e Salvador. Deus é imensamente santo, e todos os homens são devedores e culpados diante dele. A pecaminosidade do pecado é tão extensa que nenhum homem pode expiá-lo. Tem de haver um mediador, alguém que pague a dívida, um redentor entre nós mesmos e Deus, ou jamais seremos salvos. Existe somente uma porta, um acesso, uma escada entre a terra e o céu - o Filho de Deus crucificado. Quem entrar por essa porta será salvo; mas, para aqueles que se recusam a entrar, a Bíblia não oferece esperança. Sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados.
Se amamos nossas almas, estejamos atentos para não imaginar que a sinceridade levará alguém para o céu, mesmo que tal pessoa nada saiba a respeito de Cristo. Essa ideia é um erro terrível e fatal. A sinceridade jamais cancelará nossos pecados. Não é verdade que todas as pessoas são salvas por intermédio de sua própria religião, não importando aquilo em que creem, contanto que sejam zelosas e sinceras. Não sejamos pretensiosos, desejando ser mais sábios do que Deus. O Senhor Jesus disse e permanecerá fiel à sua palavra: "Ninguém vem ao Pai senão por mim".
Por último, devemos observar nesses versículos a íntima união que existe entre o Pai e o Filho. Quatro vezes o Senhor Jesus nos revela essa preciosa verdade, utilizando uma linguagem inconfundível: "Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai"; "Quem me vê a mim vê o Pai"; "Eu estou no Pai e o Pai está em mim"; "(...) o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras".
Afirmações assim estão repletas de mistérios profundos. Não podemos entender seu significado completo; somos incapazes de esquadrinhá-lo; não temos palavras para descrevê-lo ou mentes capazes de assimilá-lo. Precisamos nos alegrar em crer, quando não podemos explicar, e adorar com reverência, quando somos incapazes de interpretar. Isto deve ser suficiente para nós: saber e afirmar que o Filho, bem como o Pai, é Deus e que, embora sejam pessoas distintas, os dois são apenas um em essência - inefavelmente, um; porém, inefavelmente, distintos. Essas são verdades sublimes; não temos capacidade para atingir uma plena compreensão delas.
Apesar disso, confortemo-nos com a verdade simples de que Cristo é verdadeiramente Deus, igual ao Pai em todas as coisas, sendo um com o Pai. Aquele que nos amou, e na cruz derramou seu sangue em favor de nossos pecados, e nos ordena a confiar nele até mesmo para recebermos o perdão, não é apenas um homem, é o "Deus bendito para todo o sempre", poderoso para salvar totalmente o pior dos pecadores. Ainda que nossos pecados sejam como escarlate, ele pode torná-los brancos como a neve. Aquele que confia sua alma a Cristo tem um Amigo Todo-poderoso, o próprio Deus, um Amigo que é um com o Pai.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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