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Foto do escritorSónia Ramos

Cristo chora por Jerusalém; a purificação do templo


09/03/2024

Leia Lucas 19.41-48


Inicialmente, aprendemos, nesses versículos, quão grandes são a ternura e a compaixão de Cristo para com os pecadores. Quando ele se aproximava de Jerusalém, pela última vez, "vendo a cidade, chorou". Jesus conhecia bem o caráter dos habitantes de Jerusalém. A crueldade, a justiça própria, a teimosia, o obstinado preconceito contra a verdade e o orgulho íntimo daquelas pessoas não estavam ocultos ao Senhor Jesus. Ele sabia tudo o que, em poucos dias, os judeus lhe fariam. Seu julgamento injusto, a entrega aos gentios, seus sofrimentos, sua crucificação - tudo estava descortinado diante dos olhos de seu coração. No entanto, sabendo tudo isso, nosso Senhor teve compaixão de Jerusalém! "Vendo a cidade, chorou." Erramos grandemente quando supomos que Cristo se interessa apenas pelos crentes. Ele se interessa por todos. Seu amor é suficientemente intenso para manifestar interesse por todas as pessoas. Sua compaixão se estende a todos os homens, mulheres e crianças da terra. Ele possui um amor de compaixão geral por aqueles que ainda se encontram no caminho da impiedade, bem como um amor de afeição especial pelas ovelhas que ouvem sua voz e o seguem. O Senhor Jesus não deseja que ninguém pereça; ele quer que todos cheguem ao arrependimento. Pecadores de coração endurecido tendem a apresentar desculpas por sua conduta. No entanto, nunca serão capazes de afirmar que Cristo não era misericordioso e não estava disposto a salvá-los.

Demonstramos que conhecemos apenas um pouco sobre o cristianismo verdadeiro, se não sentimos uma profunda preocupação pelas almas das pessoas não convertidas. Uma indiferença ociosa quanto ao estado espiritual das outras pessoas certamente pode evitar muitos problemas para nós. Sem dúvida, o fato de não nos importarmos se nossos vizinhos vão para o céu ou para o inferno é uma atitude que caracteriza o caminho do mundo. Mas o crente que tem a mesma atitude manifesta não ser semelhante a Davi, que disse: "Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei" (SI 119.136); e muito diferente de Paulo, que afirmou: "Tenho grande tristeza e incessante dor no coração [...] por amor de meus irmãos" (Rm 9.2-3). Acima de tudo, esse tipo de crente mostra não ser semelhante a Cristo. Se o Senhor sentia ternura pelas pessoas ímpias, seus discípulos devem nutrir o mesmo sentimento.

Em segundo lugar, aprendemos que existe uma ignorância espiritual que é pecaminosa e digna de culpa. Nosso Senhor denunciou a falta de discernimento de Jerusalém ao declarar: "Não reconheceste a oportunidade da tua visitação". Jerusalém deveria ter reconhecido que o tempo do Messias havia chegado completamente e que Jesus de Nazaré era o Messias. Mas não reconheceu. Seus líderes se mostraram espontaneamente ignorantes. Não quiseram averiguar com calma as evidências e considerar com imparcialidade os grandes fatos evidentes. O povo de Jerusalém não quis ver "os sinais dos tempos". Portanto, o julgamento logo viria sobre a cidade, destruindo-a completamente. Sua ignorância voluntária deixou-a sem desculpa.

O princípio apresentado pelo Senhor Jesus é muito importante. Contradiz uma opinião muito comum no mundo. Ensina com clareza que toda ignorância não tem desculpas e que, quando os homens podem conhecer a verdade e recusam-se a fazê-lo, sua culpa é imensa ao olhos de Deus. Existe um nível de conhecimento pelo qual todos somos responsáveis, mas, se, por negligência ou preconceito, não o atingimos, sua falta arruinará nossa alma.

Esse é um princípio que deve ser gravado profundamente em nosso coração. E, com diligência, procuremos transmiti-lo aos outros quando lhes falamos sobre as coisas espirituais. Não enganemos a nós mesmos, pensando que a ignorância servirá como desculpa para todos os que morrem sem conhecimento e imaginando que serão perdoados porque não tinham um conhecimento melhor das coisas espirituais! Eles viveram de acordo com a luz que possuíam? Eles, sinceramente, empregaram todos os meios ao seu dispor e procuraram com empenho obter sabedoria? Essas são perguntas sérias. Se uma pessoa não tem as respostas, certamente será condenada no Dia do Juízo. Deus nunca permitirá que uma ignorância espontânea seja utilizada como apelo em favor de qualquer homem. Pelo contrário, tal ignorância apenas lhe aumentará a culpa.

Em terceiro lugar, aprendemos nesses versículos que Deus às vezes se agrada em conceder oportunidades e convites especiais. O Senhor Jesus revelou que Jerusalém não conheceu o dia de sua visitação. Ela teve uma época singular de misericórdia e privilégios. O próprio Filho de Deus a visitou. Os mais poderosos milagres que os homens já contemplaram foram realizados nos arredores de Jerusalém. Os mais admiráveis sermões foram proferidos no interior de seus muros. Os dias do ministério de nosso Senhor foram os dias das mais claras chamadas ao arrependimento e à fé, jamais proclamadas em qualquer cidade. Foram chamadas tão claras, peculiares e diferentes de quaisquer outras proclamadas a Jerusalém que pareceria impossível seus moradores as desprezarem. Mas elas foram desprezadas, e nosso Senhor declarou que essa rejeição foi um dos principais pecados de Jerusalém.

Tomemos conhecimento do assunto, pois é profundo e misterioso. Ele exige afirmação cuidadosa e uma abordagem delicada, para que não façamos uma passagem das Escrituras contradizer outra. Não há dúvida de que igrejas, nações e mesmo indivíduos em algumas ocasiões são visitados com manifestações especiais da presença de Deus e de que negligenciar tais manifestações é o primeiro passo para a ruína espiritual dessas pessoas. Mas nós somos incapazes de explicar por que isso acontece a algumas pessoas e a outras, não. Os fatos evidentes da história parecem comprovar esta realidade: algumas pessoas as recebem; outras, não. O último dia provavelmente demonstrará ao mundo que houve ocasiões na vida de muitos indivíduos, mortos no pecado, em que Deus ficou perto deles, quando a consciência de tais pessoas foi despertada de modo especial e quando havia apenas um passo entre elas e a salvação. Essas ocasiões provavelmente serão aquelas que nosso Senhor chama de "o dia da visitação" de tais pessoas. Negligenciá-las talvez venha a ser, ao final, uma das acusações mais graves contra suas almas.

Esse é um assunto profundo e deve ensinar às pessoas uma lição prática, ou seja, a imensa importância de atentarmos para as convicções bíblicas e não abafarmos as atividades da consciência. Aquele que resiste à voz da consciência pode estar jogando fora sua última chance de salvação. A voz da advertência pode ser o dia em que Deus está visitando uma pessoa. Negligenciá-la poderá encher a medida dos pecados dela e fará com que Deus a deixe sozinha para sempre.

Por último, aprendemos que Cristo desaprova a profanação das coisas sagradas. Somos informados de que ele expulsou do templo os que ali comerciavam e disse-lhes que haviam transformado a casa de Deus em "covil de salteadores". Ele sabia quão formais e ignorantes eram os sacerdotes do templo; sabia que logo o templo e seu culto seriam destruídos, o véu seria rasgado e o sacerdócio acabaria. Mas o Senhor Jesus desejava ensinar-nos que a reverência é devida a todos os lugares nos quais Deus é adorado. A reverência que Cristo reivindicou para o templo não era para o templo como um lugar de sacrifícios, mas, sim, como uma "casa de oração".

Lembremos a conduta e a linguagem de nosso Senhor sempre que formos a um lugar de adoração pública a Deus. As igrejas cristãs, sem dúvida, são diferentes do templo dos judeus. Não possuem altar, sacerdotes, sacrifícios ou mobília figurativa. Mas são lugares em que a Palavra de Deus é ensinada, Cristo está presente e o Espírito Santo opera nas almas. Tais fatos devem tornar-nos pessoas mais sérias, reverentes, solenes e respeitosas quando entramos na igreja. Tem muito a aprender a pessoa que se comporta na igreja de maneira tão à vontade quanto se comporta em um hotel ou em sua casa; ela não possui a "mente de Cristo".


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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