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28/06/2024
Leia João 8.21-30
Essa passagem fala sobre coisas tão profundas que não dispomos de meios para examiná-las plenamente.
Enquanto lemos esses versículos, relembramos as palavras do salmista: "Quão grandes, SENHOR, são as tuas obras! Os teus pensamentos, que profundos!". Mas essa passagem contém, em seu início, verdades que são evidentes e inconfundíveis. Estejamos atentos a elas e procuremos enraizá-las com firmeza em nossos corações.
Em primeiro lugar, aprendemos que é possível alguém procurar Cristo em vão. O Senhor Jesus disse aos judeus incrédulos: "Vos me procurareis, mas perecereis no vosso pecado". Com essas palavras, ele estava mostrando que, em algum momento, os judeus o procurariam em vão.
Esse é um ensino muito doloroso. O fato de que o Senhor Jesus, tão repleto de amor e disposto a salvar, pode ser buscado em vão é uma realidade que causa bastante tristeza. Mas é verdadeira! Qualquer pessoa pode ter sentimentos espirituais a respeito de Cristo e não ter a salvação. A doença, a aflição repentina, o temor da morte, a falta de conforto para a alma tudo isso pode causar em alguém uma grande medida de religiosidade. Pressionada por tais situações, uma pessoa é capaz de orar com fervor, demonstrar fortes sentimentos espirituais e, por algum tempo, professar que está buscando Cristo e ser diferente. No entanto, seu coração jamais foi regenerado. Se as circunstâncias não a afligirem, provavelmente ela retornará aos seus antigos caminhos; procurou Cristo em vão porque o buscava com falsos motivos, e não com todo o seu coração. Infelizmente, isso não é tudo. Existe uma coisa chamada "hábito de resistir à luz e ao conhecimento", até chegar ao ponto de buscar a Cristo "em vão". As Escrituras e a experiência comprovam que os homens podem rejeitar a Deus, até que ele os rejeite e não ouça suas orações; eles podem continuar abafando suas convicções morais, suprimindo a luz da consciência e lutando contra virem a possuir um melhor conhecimento de Deus, até que ele seja provocado a abandoná-los e deixá-los sozinhos. Não foi sem motivo que estas palavras foram escritas: "Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão-de achar. Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do SENHOR" (Pv 1.28-29). Casos assim são menos frequentes, mas possíveis, e, às vezes, deparamos com eles. Alguns pastores podem testemunhar que visitaram pessoas, em seu leito de morte, que pareciam ter procurado a Cristo, mas o fizeram em vão.
Não há qualquer segurança, exceto em buscar Cristo enquanto ele pode ser achado, e em invocá-lo enquanto está por perto, fazendo isso com um coração verdadeiro e um espírito sincero. Estejamos certos de que essa busca não será inútil. Jamais será dito a respeito daqueles que buscam a Cristo: "Eles morreram em seus pecados". Aquele que realmente vem a Cristo nunca "será lançado fora". O Senhor mesmo declarou, de modo solene, que não tem "prazer na morte de ninguém" (Ez 18.32) e que se deleita "na misericórdia" (Mg 7.18).
Em segundo lugar, aprendemos quão ampla diferença existe entre Cristo e os homens ímpios. Nosso Senhor afirmou: "Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou". Sem dúvida, essas palavras aplicavam-se em especial a nosso Senhor. No sentido mais completo e literal, jamais existiu alguém que pôde afirmar: "Eu sou lá de cima (...) deste mundo não sou".
Existe um sentido em que essas palavras podem ser aplicadas a todos os membros do Corpo de Cristo, a Igreja. Comparados aos milhares de pessoas que vivem ao seu redor, eles são "de cima", e não "deste mundo", assim como seu Mestre. Os pensamentos dos ímpios estão voltados para as coisas deste mundo; as afeições dos verdadeiros crentes estão centradas nas coisas "do alto". As coisas deste mundo dominam o coração do incrédulo; sua atenção é absorvida por preocupações, benefícios e prazeres terrenos.
O verdadeiro cristão, embora esteja no mundo, não pertence a ele; sua cidadania está no céu, e as melhores coisas que lhe pertencem estão por vir. O verdadeiro cristão fará bem em jamais esquecer essa linha de separação. Se ama sua alma e deseja servir a Deus, precisa contentar-se em permanecer separado de muitos ao seu redor, separado por uma barreira que ele não pode transpor. Isso resulta da graça que reina em seu coração. Ele perceberá que essa separação lhe trará ódio, escárnio e palavras desagradáveis; contudo, esse foi o cálice que seu Mestre bebeu e sobre o qual advertiu antecipadamente seus discípulos: "Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso o mundo vos odeia" (Jo 15.19). Portanto, o cristão jamais deve sentir-se envergonhado de permanecer firme e mostrar seu caráter. Se deseja receber a coroa, ele tem de levar a cruz. Se já recebeu uma nova vida, proveniente "do alto", esta precisa ser vista.
Por último, aprendemos quão terrível é o destino ao qual a incredulidade conduz. Nosso Senhor declarou aos seus inimigos: "Se não crerdes que Eu Sou, morrereis nos vossos pecados".
Essas palavras solenes estão revestidas de peculiar importância quando pensamos naquele que as proferiu. Quem falou sobre os homens morrerem em seus pecados, sem perdão e despreparados, para se encontrar com Deus? Quem falou sobre os homens partirem para o outro mundo levando consigo toda a culpa de seus pecados? Essas verdades foram ditas pelo próprio Salvador da humanidade, aquele que entregou sua vida em favor das ovelhas, o amável, gracioso, compassivo, misericordioso Amigo dos pecadores, o Senhor Jesus Cristo!
Jamais esqueçamos isso. Estão profundamente enganados os que julgam que é falta de cortesia e severidade falarmos sobre o inferno e a condenação futura. Como essas pessoas reagem diante da linguagem apresentada nessa passagem? O que dizem a respeito de expressões como as que nosso Senhor utilizou ao se referir ao lugar "onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga" (Mc 9.48)? Não podem responder a essas perguntas. Enganados por falsa caridade e mórbida amabilidade, condenam o evidente ensino das Escrituras e mostram-se mais sábios do que as verdades afirmadas na Palavra de Deus.
Gravemos em nossas mentes, como uma das verdades fundamentais de nossa fé, que o inferno é uma realidade. Visto que acreditamos firmemente na existência do céu como uma morada eterna para os salvos, também devemos crer, com toda a certeza, no inferno como um lugar de condenação para os ímpios. Nunca imaginemos que demonstramos falta de amor quando falamos a respeito do inferno. Pelo contrário, afirmemos que advertir os homens sobre o perigo e exortá-los a "fugir da ira vindoura" (Mt 3.7) é uma sublime demonstração de amor. Foi Satanás, o enganador, mentiroso e assassino, quem disse a Eva no princípio: "É certo que não morrereis" (Gn 3.4). Agradamos a Satanás quando evitamos contar aos homens que, se não crerem, perecerão em seus pecados; se deixarmos de proclamar essa verdade, estaremos desagradando a Deus.
Finalmente, não esqueçamos: a incredulidade é o pecado que causa a ruína dos homens. Se os judeus tivessem crido em Jesus, todas as suas blasfêmias e todos os seus pecados teriam sido perdoados. Porém, a incredulidade fecha a porta para a misericórdia e elimina a esperança. Vigiemos e oremos contra a incredulidade. O pecado da imoralidade tem vitimado seus milhares, mas a incredulidade, seus dez milhares. "Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado" (Mc 16.16), essa foi uma das mais fortes declarações de nosso Senhor.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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