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Foto do escritorSónia Ramos

Crentes pouco conhecidos; alguns terminam melhor do que começam



06/12/2024

Leia João 19.38-42


Existe algo particularmente interessante nesses versículos da Bíblia. Eles nos apresentam um estranho a respeito do qual não ouvimos antes nesse evangelho; mencionam um velho amigo, cujo nome é conhecido em todos os lugares em que se leem as Escrituras. A passagem descreve o funeral mais importante já realizado neste mundo. Desses três interessantes assuntos, podemos extrair lições proveitosas.

Em primeiro lugar, aprendemos, nesses versículos, que, no mundo, existem alguns crentes a respeito dos quais pouco conhecemos. José de Arimateia nos ensina isso com bastante clareza. Ele foi citado entre os amigos de Cristo; não encontramos seu nome em qualquer outra passagem do Novo Testamento; sua história anterior e posterior a esse acontecimento não foi revelada à Igreja. Ele surgiu para honrar a Cristo no momento em que os apóstolos o haviam abandonado e fugido. Ele se preocupou com Jesus e serviu a ele, mesmo quando estava morto, não por causa de qualquer milagre que tenha visto Jesus realizar, mas motivado por seu amor livre e gratuito. José de Arimateia não hesitou em se revelar amigo de Cristo numa ocasião em que os judeus e os romanos o haviam condenado e sentenciado à morte. Com certeza, o homem que fez essas coisas tinha grande fé! Podemos nos admirar de que, em qualquer lugar onde o evangelho é pregado em todo o mundo, essa piedosa ação de José seja contada como um memorial para ele?

Tenhamos esperança e creiamos que, em todas as épocas, existem cristãos que, à semelhanca de José de Arimateia, são servos do Senhor Jesus, desconhecidos para a Igreja e o mundo, mas bem conhecidos por Deus. Na época de Elias, havia em Israel sete mil pessoas que jamais se haviam curvado diante de Baal, embora o desanimado profeta nada soubesse a respeito delas. Talvez em nossos próprios dias existam servos de Jesus nos lugares mais desconhecidos das grandes cidades ou nos lugares mais insignificantes de nosso grande país, servos que não fazem alarde de sua vida espiritual, mas amam Cristo e são amados por ele. A falta de saúde, a pobreza ou a preocupação diária com os trabalhos seculares tornam impossível sua vinda ao culto público; portanto, vivem e morrem de maneira relativamente desconhecida. Porém, o último dia causará admiração ao mundo por causa dessas pessoas que, tal como José de Arimateia, honraram a Cristo na mesma proporção que muitos outros, e seus nomes estão escritos nos céus. Acima de tudo, circunstâncias especiais revelam cristãos especiais. Nem sempre os amigos de Cristo mais dispostos são aqueles que fazem grandes obras na igreja.

Também aprendemos com esses versículos que existem alguns servos de Cristo que terminam melhor do que começaram. Nicodemos nos mostra isso com clareza. O único homem que ousou ajudar José de Arimateia a sepultar o corpo de nosso Senhor foi aquele que, no início de sua vida cristã, procurou Jesus "de noite" e, na ocasião, não era mais do que um inquiridor em busca da verdade. Algum tempo depois, no ministério terreno de nosso Senhor, encontramos Nicodemos com mais ousadia no conselho dos fariseus levantando a seguinte pergunta: "Acaso, a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?" (Jo 7.51). Finalmente, nós o vemos nesse acontecimento, ministrando ao corpo de nosso Senhor e não se envergonhando de tomar parte ativa em dar ao desprezado Nazareno um sepultamento de honra. Que grande contraste entre o homem que, com timidez, anteriormente viera ter com Jesus à noite e o homem que trouxe cerca de trinta e dois quilos de um composto de mirra e aloés para ungir o corpo de nosso Senhor! Porém, era o mesmo Nicodemos. Até que ponto um homem pode crescer na graça, na fé, no conhecimento e na ousadia em apenas três anos!

Faremos bem se guardarmos esses fatos em nossos corações e recordarmos Nicodemos quando formularmos nossa opinião sobre a vida espiritual de outros crentes. Não podemos reputar os outros como pessoas incrédulas e destituídas da graça divina apenas porque não compreendem toda a verdade imediatamente e alcançam um caráter resoluto somente após muitos passos lentos. O Espírito Santo sempre guia os crentes às mesmas verdades fundamentais e ao mesmo caminho que conduz ao céu. Nessa atividade do Espírito, existe uniformidade invariável. No entanto, ele não os guia utilizando as mesmas experiências e a mesma rapidez.

Nesse aspecto do guiar do Espírito, há muita diversidade. Vivem em grande ilusão aqueles que afirmam a inutilidade da conversão e que os não convertidos também serão salvos. Todavia, vivem em ilusão semelhante os que promovem o ensino de que são convertidos apenas aqueles que rapidamente se tornam crentes maduros e firmes. Não sejamos apressados e precipitados em julgar os outros. Creiamos que um homem pode ter um começo insignificante em sua vida cristã e, mais tarde, crescer intensamente. Ele desfruta a verdadeira graça divina e a genuína obra do Espírito em seu coração? Isso é o que realmente importa. Se as possui, podemos esperar com tranquilidade que ele crescerá na graça e demonstrar-lhe gentileza e amabilidade, embora, no presente, ele seja apenas um bebê em suas realizações espirituais. A vida que existe em uma criança é tão real e verdadeira quanto a de um homem maduro; a diferenca é apenas uma questão de grau. Quem despreza o dia dos humildes começos? (Zc 4.10.) Aquele que começa a vida cristã com timidez e pouco conhecimento pode, mais tarde, permanecer firme, confessando sozinho e com ousadia o Senhor Jesus Cristo aos olhos de todos.

Por último, aprendemos, nesses versículos, que o sepultamento do corpo de Jesus foi um ato que Deus aprovou. Sem dúvida, essa passagem tinha o propósito de nos transmitir essa lição. Na verdade, fornece-nos inquestionável evidência de que nosso Senhor realmente morreu e ressuscitou, mas também nos ensina que é conveniente e adequado sepultar com honra e decência o corpo do cristão. Não foi em vão que a Bíblia relatou detalhadamente o sepultamento do corpo de Abraão, Isaque, Jacó, José e Moisés. Não foi em vão que as Escrituras nos informaram que o corpo de João Batista foi colocado em uma sepultura e que "alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele" (At8.2). Tampouco foi em vão que Deus nos falou sobre o sepultamento de Cristo.

O verdadeiro cristão nunca deve envergonhar-se de considerar um funeral com peculiar reverência e solenidade. O corpo deve ser reputado como o instrumento por meio do qual cometemos grande pecados ou glorificamos a Deus. O Filho de Deus honrou o corpo ao habitar nele durante trinta e três anos e, por fim, morrer em nosso lugar. Foi no corpo que ele ressuscitou dentre os mortos, ascendeu ao céu e assentou-se à destra de Deus, representando-nos agora diante de Deus como nosso Advogado e Sacerdote. O corpo será ressuscitado quando soar a última trombeta, e, unido novamente à alma, viverá toda a eternidade no céu. Com certeza, diante de fatos assim, não devemos supor que reverenciar o corpo é algo inútil.

Terminemos essas considerações com uma palavra de cautela. Tenhamos cuidado para não julgar um suntuoso funeral como uma compensação para alguém que viveu na impiedade e no pecado. Podemos sepultar um homem com muito luxo e gastar bastante dinheiro durante as lamentações por ele. Podemos colocar sobre seu sepulcro uma pedra de mármore caríssimo, escrevendo sobre ela um epitáfio lisonjeador. Mas tudo isso não salvará aquela alma. No último dia, o fato mais importante não será a maneira como fomos sepultados, mas se fomos "sepultados" com Cristo, cremos e nos arrependemos. É melhor morrer a morte do justo e ter um sepultamento humilde, depois de um funeral simples, do que morrer sem a graça de Deus e jazer em uma sepultura de mármore!


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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