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Foto do escritorSónia Ramos

Ascensão


08/04/2024

Leia Lucas 24.50-53


Esses versículos formam a conclusão da história do ministério de nosso Senhor relatada por Lucas. Constituem uma conclusão adequada ao evangelho que, em ternura comovente e plena exibição da graça de Cristo, permanece como a maior das quatro narrativas daquilo que nosso Senhor Jesus fez e ensinou (At 1.1).

Inicialmente, observamos nesses versículos a maneira notável como nosso Senhor deixou seus discípulos. Ele, "erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles". Em resumo, ele os deixou durante o próprio ato de abençoá-los.

Não podemos duvidar, por um momento sequer, de que havia um significado naquela circunstância. O propósito era relembrar aos discípulos tudo o que Jesus trouxera consigo quando veio ao mundo. Serviu para assegurá-los daquilo que ele ainda faria, depois que se retirasse do mundo. Ele viera à terra para abençoar, não para amaldiçoar; e, abençoando, ele partiu. O Senhor Jesus veio em amor, não com ira; e, em amor, ele se retirou. Jesus veio não como juiz que condena, mas como amigo compassivo; e, como Amigo, retornou ao seu Pai. Cristo viera como um Salvador repleto de bênçãos para seu pequeno rebanho, enquanto esteve com ele. E pretendia que seus discípulos soubessem que ele continuava a ser um Salvador abundante de bênçãos para eles, mesmo depois de se retirar do mundo.

Se conhecemos alguma coisa a respeito do verdadeiro cristianismo, devemos fazer nossa alma confiar para sempre no gracioso amor de Cristo. Jamais encontraremos um amor mais terno, mais afetuoso, mais paciente, mais benigno e mais compassivo do que este. Afirmar que a virgem Maria é mais compassiva do que Cristo é uma prova de terrível ignorância. Recorrer aos santos em busca de consolo, quando deveríamos recorrer a Cristo, é uma mistura de estupidez com blasfêmia e um furto à glória dele. Gracioso foi nosso Senhor quando viveu entre seus frágeis discípulos, gracioso mesmo na ocasião de sua agonia na cruz, gracioso quando ressuscitou dos mortos e reuniu ao redor de si aquele seu rebanho disperso, gracioso na maneira como partiu deste mundo. Sua partida ocorreu durante o próprio ato de abençoar. Podemos estar certos de que ele é gracioso estando sentado à direita de Deus. Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre - um Salvador sempre disposto a abencoar, um Salvador que possui bênçãos abundantes.

Em seguida, observamos nesses versículos o lugar ao qual nosso Senhor foi após deixar o mundo. Ele foi "elevado para o céu".

É claro que não podemos entender o significado completo de tudo o que foi dito. Seria fácil inquirir sobre a habitação exata do corpo glorificado de Cristo, fazendo perguntas às quais os mais hábeis teólogos nunca poderiam responder. Não podemos desperdiçar nosso tempo em especulações sem proveito ou nos intrometer em coisas que não sabemos (C12.18). Basta sabermos que nosso Senhor Jesus Cristo entrou na presença de Deus em favor de todos que creem nele, como um Precursor e um Sumo Sacerdote (Hb 6.20; Jo 14.2).

Na qualidade de Precursor, Jesus foi ao céu preparar um lugar para todos os membros de seu corpo. Nosso grande Cabeça tomou posse de uma herança gloriosa em benefício de seu corpo místico e tem-na em seu poder como nosso irmão mais velho e nosso fiador, até que venha o dia em que a Igreja será aperfeiçoada. Na qualidade de Sumo Sacerdote, Jesus foi ao céu para interceder por todos os que creem nele. Ali, no Santo dos Santos, em favor dos crentes ele apresenta os méritos de seu próprio sacrifício e obtém para eles suprimento diário de misericórdia e graça. O grande segredo da perseverança dos santos é a presença de Cristo no céu intercedendo por eles. Eles têm um Advogado eterno diante do Pai e, por isso, jamais serão rejeitados (Hb 9.24; 1 Jo 2.1).

Assim como ele subiu, também um dia Jesus retornará do céu. Ele não permanecerá sempre habitando no Santo dos Santos. Ele sairá, tal como o fazia o sumo sacerdote dos judeus, para abençoar o povo, reunir seus eleitos e restaurar todas as coisas (Lv 9.23; At 3.21). Devemos esperar, ansiar e orar por esse dia. Cristo morrendo na cruz em favor dos pecadores, vivendo nos céus para interceder e vindo novamente em glória, esses são os três grandes fatos que sempre devem permanecer com preeminência nos pensamentos de todo crente verdadeiro.

Por último, observamos nessa passagem os sentimentos dos discípulos de nosso Senhor quando ele finalmente os deixou e foi elevado ao céu. Eles "voltaram para Jerusalém, tomados de grande júbilo; e estavam sempre no templo, louvando a Deus".

Qual a explicação para os sentimentos de júbilo dos discípulos? Como podemos justificar o fato singular de que aquele pequeno e frágil grupo de discípulos, como se fossem órfãos no meio de um mundo irado, não ficou abatido, mas, sim, repleto de alegria? Temos respostas curtas e simples. Os discípulos se regozijaram porque conseguiam ver com mais clareza as coisas referentes ao seu Senhor. O veu fora removido de seus olhos. Por fim, as trevas se haviam dissipado. O significado da humilhação e da modesta condição de Cristo; o significado de sua misteriosa agonia, paixão e sofrimento na cruz; o significado de ele ser o Messias e, apesar disso, sofrer; o significado de sua crucificação, embora fosse o Filho de Deus - tudo, tudo finalmente foi desvendado e tornou-se claro para eles. Suas dúvidas foram removidas. As pedras de tropeço foram retiradas. Agora, eles finalmente tinham um entendimento nítido e, possuindoo, sentiram júbilo autêntico.

Devemos ter em nosso coração o firme princípio de que a pequena intensidade de júbilo que muitos crentes sentem resulta normalmente de sua falta de conhecimento. Não há dúvida de que uma fé fraca e uma prática incoerente são duas grandes razões para os muitos filhos de Deus desfrutarem tão pouca paz. No entanto, com certeza podemos suspeitar que pontos de vista obscuros e indistintos quanto ao evangelho são a verdadeira causa de intranquilidade para muitos crentes. Quando não se conhece, nem se entende corretamente o Senhor Jesus, segue-se necessariamente que existe pouco regozijo no Senhor. Terminemos nossa meditação no evangelho de Lucas com o firme propósito de buscar mais conhecimento espiritual, a cada ano que vivermos. Examinemos mais profundamente as Escrituras e oremos com todo o coração a respeito de seus assuntos. Muitos crentes examinam as Escrituras apenas de maneira superficial e nada sabem acerca de escavar seus tesouros ocultos. Deixemos a Palavra de Cristo habitar em nós abundantemente. Leiamos nossa Bíblia com mais diligência. Fazendo isso, experimentaremos mais gozo e paz em nosso crer e saberemos o que significa estar constantemente "louvando a Deus".



Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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