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18/07/2024
Leia João 11.38-46
Esses versículos relatam um dos maravilhosos milagres que o Senhor Jesus realizou e fornecem
uma prova incontestável de sua divindade. Aquele cuja voz pôde retirar do sepulcro alguém que estivera morto por quatro dias tem de ser o próprio Deus! O milagre, em si mesmo, é descrito em uma linguagem que não precisa de nenhum comentário humano para esclarecê-lo melhor. Mas as afirmações de nosso Senhor, nessa ocasião, são especialmente interessantes e demandam observações.
Em primeiro lugar, devemos observar as palavras de Jesus sobre a pedra que fechava o sepulcro de Lázaro. Ele disse aos que estavam ao seu redor quando veio à sepultura: "Tirai a pedra".
Ora, por que nosso Senhor ordenou isso? Sem dúvida, era fácil para ele ordenar que a pedra rolasse sozinha, para que chamasse do sepulcro o cadáver. Todavia, esse não foi seu modo de agir. Como em outras ocasiões, ele decidiu dar aos homens algo para fazer. Assim como em outros acontecimentos, Jesus ensinou a grande lição de que seu infinito poder não se destinava a anular a responsabilidade do homem. Mesmo quando estava disposto e pronto para ressuscitar um morto, ele não desejava que os homens ficassem completamente ociosos.
Guardemos essa verdade em nossos corações; ela é muito significativa para nós. Ao fazer o bem aos outros, ao preparar nossos filhos para o céu e seguir a santidade em nosso viver diário - em todas essas atitudes, é indubitavelmente verdadeiro que somos fracos e inúteis. Sem Cristo, nada podemos fazer. Entretanto, devemos lembrar que ele nos ordena a agir. "Retirai a pedra", essa é a ordem diária que ele nos dá. Tenhamos cuidado para não ficar ociosos devido ao pretexto de humildade. Procuremos, dia após dia, fazer aquilo que podemos e, agindo assim, Cristo nos assistirá e concederá a sua bênção. Em segundo lugar, devemos observar as palavras que nosso Senhor dirigiu a Marta quando ela se opôs à retirada da pedra que fechava o sepulcro. A fé dessa piedosa mulher abalou-se totalmente quando o lugar em que se encontrava o corpo de seu irmão estava prestes a ser aberto. Ela não acreditava que isso teria algum proveito. "Senhor", exclamou ela, "já cheira mal". Então, veio a solene reprovação de Jesus: "Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?".
Essa sentença é rica em significado. Ela contém uma referência à primeira mensagem que fora enviada às irmãs, Marta e Maria, quando comunicaram ao Senhor que Lázaro estava enfermo. Talvez essa solene resposta tencionasse relembrar-lhes que o Senhor havia dito: "Essa enfermidade não é para morte, mas, sim, para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado". Todavia, é mais provável que o Senhor Jesus desejava recordar a Marta a antiga lição que ele lhe ensinara durante todo o seu ministério: o dever de confiar nele sempre. Era como se Jesus estivesse dizendo: "Marta, Marta, estás esquecendo a grande doutrina da fé, que eu já te ensinei. Crê, e tudo sairá bem. Não temas, apenas crê".
Jamais poderemos aprender essa lição por completo. Quão rapidamente nossa fé desfalece em tempos de aflição! Em dias de saúde e prosperidade, conversamos com facilidade sobre as coisas espirituais; mas faremos isso com dificuldade em épocas sombrias, quando não aparecem o sol, a lua ou as estrelas. Guardemos em nosso coração o que Jesus disse a Marta nessa ocasião. Oremos para que tenhamos em nosso íntimo reservas de fé semelhante a essa, para que, ao vir o sofrimento, suportemos pacientemente e creiamos que tudo está em ordem. O crente que parou de afirmar "Tenho de ver para crer" e aprendeu a dizer "Eu creio e, por isso, verei" alcançou um grau elevado na escola de Cristo.
Em terceiro lugar, podemos observar as palavras de nosso Senhor dirigidas a Deus, o Pai, quando a pedra foi removida do sepulcro. Ele disse: "Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste".
Essa maravilhosa linguagem é totalmente diferente de qualquer coisa proclamada por intermédio dos apóstolos ou dos profetas, quando realizavam milagres. De fato, não constitui uma oração, mas, sim, um louvor. Evidentemente, essa linguagem transmite a ideia de uma constante e misteriosa comunicação entre o Filho e o Pai, uma comunicação que ultrapassa a capacidade de explicação e compreensão pelos homens. Não precisamos nutrir dúvidas de que, nessa passagem, assim como em outras de seu evangelho, o apóstolo João pretendia ensinar a completa e total unidade que existia entre Jesus e seu Pai, em tudo que ele fazia e em tudo que ensinava. Uma vez mais, somos lembrados de que o Senhor Jesus não veio apenas como profeta, mas como o Messias enviado pelo Pai e que era um com ele. Novamente, o Senhor Jesus desejava que aquelas pessoas soubessem que, assim como as palavras faladas por ele eram as próprias palavras que o Pai lhe dera para transmitir, também as obras que Jesus realizava eram as obras que o Pai lhe dera para realizar. Em resumo, ele era o Messias prometido, a quem o Pai sempre ouve, porque ele e o Pai são um.
Essa verdade é profunda e elevada; para desfrutarmos de paz em nossas almas, precisamos crer e aceitá-la plena e firmemente. Devemos ter como um inabalável princípio de nossa religião o fato de que o Salvador em quem confiamos não é outro senão o próprio Deus eterno, a quem o Pai sempre ouve, aquele que é realmente o verdadeiro amigo de Deus. Uma opinião clara a respeito da dignidade de nosso Mediador é um dos segredos de consolo em nosso íntimo. Feliz é a pessoa que pode dizer: "Sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia" (2Tm 1.12).
Por último, devemos observar as palavras de nosso Senhor dirigidas a Lázaro quando o ressuscitou dentre os mortos. O Senhor clamou em alta voz: "Lázaro, vem para fora!". Ao som dessas palavras, de imediato o rei dos terrores deu liberdade ao seu cativo, e a insaciável morte soltou sua presa. Instantaneamente, "saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras".
Não podemos exagerar a grandeza desse milagre. A mente humana raramente pode entender a amplitude da obra realizada nessa ocasião. Nesse evento, em pleno dia e diante de muitas testemunhas hostis, um homem que estava morto havia quatro dias foi trazido de volta à vida, em um instante. Essa foi uma demonstração pública do poder absoluto de nosso Senhor sobre o mundo físico. Um cadáver já deteriorado recebeu vida! Essa foi uma demonstração pública do poder absoluto de nosso Senhor sobre o mundo dos espíritos! Uma alma que havia deixado sua habitação terrena foi chamada de volta do paraíso e uniu-se novamente ao seu corpo físico. A Igreja de Cristo deve afirmar com certeza: aquele que realizou tal obra era o "Deus bendito para todo o sempre" (Rm 9.5).
Finalizemos nossas considerações sobre essa passagem com pensamentos de ânimo e consolo. O amável Salvador dos pecadores, de quem nossa alma depende plenamente para receber misericórdia, é aquele que tem todo poder no céu e na terra e pode salvar-nos - esse pensamento é reconfortante. Recebemos consolo ao saber que não existe pecador tão aprofundado no lamaçal do pecado que o Senhor Jesus Cristo não possa ressuscitá-lo e transformá-lo. Aquele que se colocou diante do sepulcro de Lázaro tem poder para dizer ao mais vil dos homens: "Sai para fora (...) Desatai-o e deixai-o ir". Um dia, a voz que chamou Lázaro para fora do sepulcro penetrará nossos sepulcros e ordenará que nossas almas e corpos se unam novamente. "A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados" (1Co 15.52).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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