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Aqueles que mais amam a Cristo são os que mais recebem dele; os diferentes temperamentos dos discípulos; a ignorância permanece no coração dos crentes

Foto do escritor: Sónia RamosSónia Ramos


06/12/2024

Leia João 20.1-10


O capítulo que agora iniciamos nos leva da morte à ressurreição de Cristo. Assim como Mateus, Marcos e Lucas, o apóstolo João fala sobre esses dois acontecimentos com especial particularidade. E não devemos ficar admirados. Todo o cristianismo está centrado nestes dois fatos: Cristo morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. Este último merece atenção especial. De todos os evangelistas, o discípulo a quem Jesus amava foi aquele que mais forneceu evidências tão profundas e interessantes da ressurreição de Cristo.

Essa passagem nos ensina que recebem as maiores bênçãos de Cristo aqueles que mais o amam. O evangelista menciona Maria Madalena entre as primeiras pessoas que vieram ao sepulcro. A história dessa mulher, sem dúvida, está marcada por muitos fatos que não sabemos. Bastante difamação tem sido lançada contra a memória dela, como se ela fosse uma habitual transgressora do sétimo mandamento. Entretanto, não existem evidências de que ela tenha feito qualquer coisa desse tipo! E somos claramente informados de que ela foi uma pessoa de quem o Senhor Jesus expeliu sete demônios (Mc 16.9; Lc 8.2) - uma mulher que, de maneira especial, estivera sujeita à possessão de Satanás; uma mulher que, por causa de sua libertação, sentia irrestrita gratidão pelo Senhor. Em outras palavras, de todos os seguidores de nosso Senhor, enquanto ele esteve na terra, parece que ninguém o amou tanto quanto Maria Madalena. Nenhum outro sentiu tanto a intensidade de sua dívida para com ele. Por conseguinte, nas belas palavras do bispo Andrews: "Maria Madalena foi a última a se retirar de perto da cruz e a primeira a se dirigir ao sepulcro; portanto, foi a que mais permaneceu diante da cruz e a que mais rapidamente veio ao sepulcro. Maria Madalena não descansaria enquanto não achasse o Senhor. Ela o procurou enquanto ainda estava escuro, mesmo antes que houvesse claridade suficiente para começar sua busca". Resumindo, ela havia recebido grandes bênçãos; por isso, amou muito ao Senhor. E, amando-o desse modo, realizou muito para demonstrar quanto seu amor era genuino.

O exemplo de Maria Madalena fornece bastante esclarecimento sobre uma questão que deve ser interessante para todo verdadeiro servo de Cristo. Por que muitos daqueles que se declaram cristãos fazem tão pouco pelo Salvador, cujo nome eles confessam? Por que muitos, cujas graça divina e fé não podemos negar, fazem, contribuem, falam e sofrem tão pouco, a fim de promover a obra de Cristo e glorificá-lo neste mundo? Essas perguntas admitem somente uma resposta. Tais pessoas agem assim porque falta-lhes senso de dívida e obrigação para com Cristo. Onde não há senso do pecado, nada se faz para resolvê-lo; onde existe pouco senso de pecado, pouco se faz. O homem que está profundamente cônscio de sua própria culpa e corrupção e profundamente convicto de que, sem o sangue e a intercessão de Cristo, ele deve, por merecimento, ser lançado nas profundezas do inferno - esse é o homem que gastará sua vida em favor de Cristo, pensando que jamais fará o bastante para expressar seu louvor. Todos os dias devemos orar para que percebamos com mais clareza a pecaminosidade do pecado e a maravilhosa graça de Cristo. Somente então, deixaremos de ser indiferentes, relaxados e insensíveis em nosso trabalho para o Senhor Jesus, entenderemos o intenso zelo de Maria Madalena e compreenderemos as palavras do apóstolo Paulo ao dizer: "Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2Co 5.14-15).

Essa passagem também nos ensina que existe ampla diferença de temperamento entre os seguidores de Cristo. Isso é curiosamente ressaltado pela atitude de Pedro e João quando Maria Madalena lhes contou que o corpo do Senhor havia sido tirado do sepulcro (Jo 20.2). O texto bíblico nos informa que ambos correram ao sepulcro, mas João, o discípulo a quem Jesus amava, correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro vazio. Em seguida, percebemos a diferença de temperamento nesses dois homens. João, o mais gentil, calmo, moderado, cauteloso, retraído e profundamente sensível, abaixou-se, viu os lençóis de linho, mas não entrou. Pedro, o mais ativo, zeloso, impulsivo, veemente e precipitado, satisfez-se somente quando entrou no sepulcro e viu com seus próprios olhos. Os dois discípulos eram bem próximos do Senhor Jesus, podemos estar certos disso. Seus corações, nesse momento crítico, estavam repletos de esperança, temor e ansiedade. No entanto, cada um deles se comportou de acordo com suas próprias características. Sem dúvida, essas coisas foram escritas para nosso aprendizado.

À vista desse incidente, devemos aprender a levar em conta a grande variedade no caráter dos discípulos de Cristo. Fazer isso nos poupará muitos problemas na jornada da vida cristã e evitará muitos pensamentos impiedosos. Não julguemos com severidade nossos irmãos, desprezando-os somente porque não entendem nem percebem as coisas exatamente como nós a entendemos e percebemos ou porque as coisas não os afeta nem os impressiona assim como nos afeta e impressiona. As flores do jardim do Senhor não têm as mesmas cores e o mesmo aroma, embora tenham sido plantadas pelo mesmo Espírito. Os súditos do reino não possuem exatamente a mesma índole e o mesmo temperamento, embora todos amem o mesmo Senhor e seus nomes estejam escritos no livro da vida. A Igreja de Cristo tem, em sua membresia, algumas pessoas cujos temperamentos são iguais ao de Pedro e outras, iguais ao de João, mas nela existem lugar e serviço para todos. Devemos amar todos que, com sinceridade, amam a Cristo e agradeçamos a Deus porque eles realmente o amam. A coisa mais importante é amar Jesus.

Por último, essa passagem nos ensina que pode haver muita ignorância mesmo nos discípulos de Cristo. Esse fato é ressaltado com intensidade e clareza singulares. O próprio João, o escritor desse evangelho, relatou que ele mesmo e Pedro, seu companheiro, "ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos". Isso não parece realmente estranho? Durante três anos, esses dois importantes apóstolos ouviram o Senhor Jesus falar sobre sua ressurreição, mas, apesar disso, não o compreenderam. Em muitas ocasiões, o Senhor Jesus havia fundamentado a verdade a respeito de seu messiado em sua ressurreição dentre os mortos, e, apesar disso, os discípulos não entenderam o significado das palavras de Jesus. Não sabemos muito sobre o poder que age na mente de uma pessoa que, na infância, foi exercitada em ensinos errados e em preconceitos assimilados na juventude. Com certeza, o ministro do evangelho tem pouco direito de se queixar da ignorância no meio de seu povo quando encontra ignorância similar à de Pedro e João, os quais receberam o ensino do próprio Senhor Jesus.

Acima de tudo, temos de lembrar que a verdadeira graça, e não um cabedal de conhecimento, é a única coisa necessária. Estamos nas mãos de um Salvador misericordioso e compassivo, que perdoa toda ignorância quando vê um coração reto aos olhos de Deus. Algumas coisas precisamos realmente saber, e, se não as soubermos, não seremos salvos. Nossa própria pecaminosidade e nossa culpa, o ofício de Cristo como Salvador, a necessidade de arrependimento e fé - essas coisas são essenciais à salvação. Entretanto, um dos mistérios da vida cristã, o qual será revelado somente no último dia, é este: um homem pode ter uma elevada medida da graça divina, ao mesmo tempo que não possui muito conhecimento; outro, por sua vez, pode ter muito conhecimento e, ao mesmo tempo, não desfrutar qualquer medida da graça divina. Procuremos conhecimento e nos envergonhemos da ignorância. Mas, acima de tudo, estejamos certos de que, assim como Pedro e João, temos a graça divina e corações retos diante de Deus.



Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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