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17/09/2024
Leia João 15.12-16
Três assuntos importantes demandam nossa atenção nessa passagem. Em cada um deles, a linguagem de nosso Senhor está cheia de instruções surpreendentes.
Em primeiro lugar, devemos observar a maneira como Jesus fala sobre a virtude do amor fraternal. Ele retorna a esse assunto pela segunda vez, embora já tivesse falado a respeito na parte anterior de seu discurso. Ele nos fez saber que nunca poderemos pensar de maneira suficientemente elevada sobre o amor, nunca poderemos acrescentar-lhe maior valor ou nos esforçar excessivamente para praticá-lo. As verdades que nosso Senhor julgou necessário repetir são verdades que devemos considerar como as mais importantes.
Ele nos ordena amar uns aos outros: "Este é o meu mandamento". Praticar essa virtude é uma obrigação positiva imposta às nossas consciências.
Não temos o direito de negligenciar esse mandamento, mais do que teríamos em relação a qualquer outro dos mandamentos entregues no Monte Sinai.
Ele nos fornece o mais elevado padrão de amor: "Ameis uns aos outros, assim como eu vos amei". Não devemos ficar satisfeitos com nada que seja inferior a esse amor. O mais fraco, o menor, o mais ignorante, o mais imperfeito discípulo não poderá ser desprezado. Todos devem ser amados com um amor ativo, sacrificial, que nega a si mesmo. Aquele que não pode fazer isso, ou não procura praticar esse amor, está desobedecendo ao mandamento de seu mestre.
Preceitos semelhantes deveriam estimular-nos a examinar nossos próprios corações. Esse mandamento condena totalmente o espírito egoísta, impertinente e invejoso de muitos que professam ser crentes. Pontos de vista corretos sobre as doutrinas cristãs e o conhecimento de controvérsias para nada servirão no último dia, se nada soubermos a respeito do verdadeiro amor. Sem demonstrá-lo, talvez até sejamos aprovados como bons membros de igreja. No entanto, o apóstolo Paulo disse que, se não temos amor, somos "como o bronze que soa ou como o címbalo que retine" (1Co 13.1). Onde não existe o amor de Cristo, ali também não há graça divina, a obra do Espirito Santo e a genuinidade na vida espiritual. Felizes são aqueles que não esquecem esse mandamento de Cristo! Terão direito à arvore da vida e entrarão na cidade celestial. O crente que não ama está desqualificado para o reino celestial
Em segundo lugar, devemos observar nessa passagem a maneira como nosso Senhor fala sobre o relacionamento que existe entre ele e seus discípulos. Ele disse: "Já não vos chamo servos (...) mas tenho-vos chamado amigos". Esse é, sem dúvida, um grande privilégio. Conhecer, servir, obedecer, seguir a Cristo, trabalhar em sua vinha e lutar em
favor dele, tudo isso é deveras importante. Entretanto, o fato de homens e mulheres pecadores como nós serem chamados "amigos de Cristo" é algo que nossa mente imperfeita dificilmente pode entender e assimilar. O Rei dos reis e Senhor dos senhores não apenas teve piedade e se compadeceu de todos os que creem nele, como também agora os chama "amigos". Não nos admiremos que, diante de uma linguagem como esta, o apóstolo Paulo tenha dito que "o amor de Cristo (...) excede todo entendimento" (Ef 3.19).
Essa expressão deve encorajar-nos a intensificar nossa familiaridade com Cristo, por meio da oração. Por que nos sentimos receosos de abrir nossos corações e de contar nossos segredos àquele que nos chama seus amigos? Permitamos que essa expressão nos fortaleça em todos os problemas e tristezas de nossas vidas e faça crescer nossa confiança no Senhor Jesus. Salomão disse: "O homem que tem muitos amigos sai perdendo; mas há amigo mais chegado do que um irmão" (Pv 18.24). Com certeza, nosso sublime Senhor, que está no céu, nunca esquecerá seus amigos. Embora sejamos pecadores e indignos, ele jamais nos abandonará, mas permanecerá ao nosso lado, preservando-nos até o fim. Davi nunca esqueceu Jônatas; e o Filho de Davi fará o mesmo em relação ao seu povo. Nenhuma pessoa é tão rica, tão forte, tão independente, tão bem-sucedida e tão completamente suprida quanto aquela a respeito de quem o Senhor afirmou: "Este é meu amigo".
Por último, devemos observar nessa passagem a maneira como nosso Senhor referiu-se à doutrina da eleição. Ele disse: "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi (...) para que vades e deis fruto". Evidentemente, a escolha aqui mencionada tem dois aspectos. Não somente inclui a escolha para o ministério apostólico, que era peculiar aos onze, mas também a eleição para a vida eterna, o privilégio de todos os crentes. Voltaremos nossa atenção, proveitosamente, a esse segundo aspecto da escolha, visto que se refere a todos nós. A eleição para a vida eterna é uma verdade das Escrituras que temos de aceitar e crer com humildade. Por que o Senhor Jesus chamou alguns e outros não, vivificou alguns e deixou outros permanecerem em seus pecados? Essas são questões que não podemos explicar. Para nós, o suficiente é reconhecer esse fato. Deus tem de começar a obra de salvação na alma das pessoas, pois, de outro modo, ninguém será salvo. É necessário que, em primeiro lugar, Cristo nos escolha e chame por intermédio de seu Espírito, ou jamais seremos salvos. Sem dúvida, se não somos pessoas salvas, a culpa pertence a nós mesmos. Mas, se já somos salvos, com certeza reconhecemos que nossa salvação teve seu início na eletiva graça de Deus. Nosso cântico, durante toda a eternidade, será aquele pronunciado pelos lábios de Jonas: "Ao SENHOR, pertence a salvação!" (In 2.9).
A eleição sempre tem em vista a santificação. Aqueles a quem Cristo escolheu dentre a raça humana, ele os escolheu não somente para que sejam salvos, mas também para que produzam frutos que possam ser vistos. Qualquer eleição que não manifesta essa característica é mera ilusão, uma fútil invenção dos homens. A fé, o amor e a esperança dos tessalonicenses levaram o apóstolo a afirmar: "Reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição" (1Ts 1.4). Onde não existe o fruto visível da santificação, podemos estar certos de que ali também não existe eleição.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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