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20/05/2024
Leia João 5.16-23
Esses versículos introduzem um dos trechos mais solenes e significativos dos quatro evangelhos.
Nessa passagem, vemos o Senhor Jesus declarando sua natureza divina, sua unidade com Deus, o Pai, e a sublime dignidade de seu ofício. Em nenhum outro lugar, exceto nesse capítulo, encontramos o Senhor abordando tão detalhadamente esses assuntos. E temos de confessar que, em nenhuma outra passagem das Escrituras, observamos de maneira tão ampla a fraqueza de compreensão da parte do homem.
Devemos admitir que, nessas palavras de Cristo referentes a si mesmo, há muitas coisas que estão acima de nossa compreensão. "Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir" (Sl139.6). Com frequência, os homens afirmam que desejam explicações mais claras sobre doutrinas como a da Trindade. No entanto, vemos aqui o Senhor abordando um assunto sobre sua própria pessoa e não o compreendemos! Parece que não conseguimos fazer mais do que tatear com a ponta de nossos dedos o significado de suas palavras.
Inicialmente, esses versículos nos ensinam que há algumas obras legítimas a serem realizadas no Dia do Senhor. Assim como, em muitas outras ocasiões, os judeus criticaram Jesus porque, no sábado, havia curado um homem que estivera doente por trinta e oito anos, acusaram-no de estar quebrando o quarto mandamento.
A resposta de Cristo aos judeus é notável: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também". É como se ele dissesse: "Embora meu Pai tenha descansado no sétimo dia da Criação, ele nunca descansou, por um momento sequer, no que concerne ao seu governo providencial do mundo e à sua obra de misericórdia em suprir as necessidades diárias de todas as suas criaturas. Se ele tivesse descansado de tais serviços, toda a natureza ficaria paralisada. Da mesma forma, eu também realizo obras de misericórdia no Dia do Senhor. Não transgrido o quarto mandamento ao curar o enfermo no sábado, assim como meu Pai não o transgride quando, nesse dia, faz o sol nascer e relva crescer".
Precisamos entender, com clareza, que o Senhor Jesus, aqui ou em qualquer outro lugar das Escrituras, não anulou a obrigação do quarto mandamento. Não há, nesses versículos e em quaisquer outros, palavra alguma que justifique as vagas declarações de alguns ensinadores modernos afirmando que "os cristãos não precisam guardar um dia de descanso" porque essa é uma "instituição judaica pertencente ao passado". O Senhor Jesus estabeleceu a perspectiva correta para as reivindicações a respeito de guardar o dia de descanso. Eliminou desse dia o falso e supersticioso ensino dos judeus sobre a maneira correta de observá-lo. E, com muita clareza, mostrou-nos que as obras de socorro e misericórdia não implicam a quebra do quarto mandamento.
Além disso, em nossos dias, os erros cometidos pelos cristãos a respeito desse assunto são bem diferentes dos erros daqueles judeus. É pequeno o risco de haver quem guarde de maneira rigorosa demais o Dia do Senhor. O que devemos temer é a inclinação do homem em observá-lo leviana e parcialmente ou não fazê-lo em absoluto. A tendência dessa geração não é a de exagerar na observância do quarto mandamento, mas, sim, a de eliminá-lo do Decálogo e desprezá-lo por completo. Precisamos estar atentos contra essa tendência. Levando em conta todos os séculos passados, encontramos provas abundantes de que a vida espiritual genuína jamais floresce quando o Dia do Senhor não é adequadamente observado. Esses versículos também nos ensinam a dignidade e a grandeza do nosso Senhor Jesus Cristo. Somos informados de que os judeus procuravam matar Jesus, por ter dito que "Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus". Em resposta, Jesus abordou com profundidade a questão de sua natureza divina. Enquanto lemos suas palavras, temos de perceber que estamos considerando assuntos misteriosos e pisando em terra santa. Ainda que não entendamos com clareza, devemos sentir profunda convicção de que as coisas afirmadas por Cristo jamais seriam ditas por alguém que era apenas um homem. Porém, aquele que nos fala não é menos do que o próprio Deus "manifestado na carne" (1Tm 3.16).
Ele declarou sua própria unidade com Deus, o Pai. Não podemos dar outro significado plausível às expressões: "O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz (...) O Pai ama o Filho, e lhe mostra tudo o que faz". Essa linguagem, embora profunda e elevada, parece significar que, em realizações, conhecimento, propósito e vontade, o Pai e o Filho estão unidos - duas pessoas, mas um só Deus. Certamente, verdades desse tipo vão além do que o homem consegue explicar. Para nós, o suficiente é crer e descansar nelas.
Logo a seguir, Jesus declarou seu divino poder em conceder vida. Ele disse: "O Filho vivifica aqueles a quem quer". A vida é a maior e mais sublime dádiva que pode ser outorgada, sendo ela mesma aquilo que o homem, com toda a sua habilidade, não pode conceder com suas próprias mãos, nem restaurar quando tirada. Mas, conforme lemos, a vida está nas mãos do Senhor Jesus, que a outorga de acordo com seu critério. Tanto os cadáveres como as almas espiritualmente mortas estão sob seu domínio. Ele tem as chaves da morte e do inferno (Ap 1.18); nele está a vida - ele é a vida (Jo 1.4).
Por último, ele declarou sua autoridade em julgar o mundo, afirmando que o Pai "ao Filho confiou todo o julgamento". Todo o poder e toda a autoridade sobre o mundo foram entregues nas mãos de Cristo. Ele é o Rei e o Juiz da humanidade. Em sua presença, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que ele é o Senhor. Aquele que uma vez foi desprezado e rejeitado pelos homens, condenado e crucificado como um malfeitor, um dia reunirá a todos em um grande tribunal e julgará o mundo. "Deus, por meio de Cristo Jesus", julgará "os segredos dos homens" (Rm2.16).
Agora, consideremos se há possibilidade de exagerarmos a respeito da importância de Cristo para nossa vida espiritual! Caso isso já nos tenha ocorrido, lancemos fora tais pensamentos. Cristo é digno de toda a honra, por sua natureza divina e por seu ofício de Mediador enviado ao mundo. Jamais sera exaltado acima do que convém aquele que é um com o Pai, o doador da vida, o Rei dos reis, o Juiz que há de vir. "Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou."
Se desejamos ser salvos, lancemos todo o nosso fardo sobre esse poderoso Salvador. Pois, ao fazermos isso, nunca temeremos. Cristo é a rocha eterna. Aquele que sobre ele edifica a sua vida jamais será confundido, na enfermidade, na morte ou no Dia do Juízo. A mão que foi cravada na cruz tem muito poder. O Salvador dos pecadores é "poderoso para salvar" (Is 63.1).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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