31/03/2024
Leia Lucas 23.26-38
Inicialmente, devemos notar nesses versículos o aviso profético nas palavras de nosso Senhor. Ele disse às mulheres que o seguiam a caminho do Calvário: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos. Porque dias virão em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, que não geraram, nem amamentaram".
Eram palavras terríveis aos ouvidos de uma mulher judia. Para ela, sempre era uma desgraça não ter filhos. A ideia de chegar um tempo em que não ter filhos seria uma bênção deveria ter sido um novo e terrível pensamento em sua mente. Apesar disso, foram palavras que se cumpriram literalmente no prazo de cinquenta anos! O cerco de Jerusalém pelos exércitos romanos, sob o comando de Tito, trouxe para todos os habitantes da cidade os mais horríveis sofrimentos que se podem imaginar. Sabemos que as mulheres realmente comeram seus filhos durante o cerco por falta de comida. Sobre nenhuma outra pessoa, os últimos juízos enviados à nação judaica caíram tão severamente quanto sobre as esposas, as mães e os filhos.
Acautelemo-nos de pensar que o Senhor Jesus oferece aos homens somente misericórdia, perdão e amor. Sem dúvida alguma, ele tem misericórdia abundante. Ele se deleita na misericórdia; mas não podemos esquecer que nele há tanto justiça como misericórdia. Juízos estão preparados para os impenitentes e incrédulos. O evangelho revela ira para aqueles que endurecem a si mesmos na impiedade. A mesma nuvem que era luz para o povo de Israel era trevas para os egípcios. O mesmo Senhor Jesus que convida os cansados e sobrecarregados a virem a ele, para encontrar descanso, declara com muita clareza que, se o homem não se arrepender e crer, perecerá e será condenado (Lc 13.3; Me 16.16). O mesmo Salvador que agora retém sua ira dos rebeldes e desobedientes virá, um dia, "em chama de fogo, tornando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho" (2Ts 1.8). Permitamos que essas verdades se aprofundem em nosso coração. Cristo é realmente muitíssimo gracioso. Mas o dia da graça terminará. Por fim, o mundo incrédulo descobrirá, assim como os habitantes de Jerusalém naquela época, que em Deus há tanto o julgamento como a misericórdia. Nenhuma outra demonstração de ira virá com tanto poder quanto aquela que há muito tempo está sendo entesourada e acumulada.
Em seguida, devemos notar nesses versículos as palavras da graciosa intercessão de nosso Senhor. Quando ele foi crucificado, suas primeiras palavras foram: "Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem". Sua torturante agonia física não o levou a esquecer os outros. A primeira de suas sete afirmações na cruz foi uma súplica em favor da alma de seus assassinos. Seu ofício profético acabara de ser exibido por meio de uma predição notável; logo ele manifestaria seu ofício real, ao abrir as portas do Paraíso para um ladrão arrependido. Agora, seu ofício sacerdotal estava sendo demonstrado, ao interceder por aqueles que o crucificaram. Ele disse: "Pai, perdoa-lhes".
Os frutos dessa súplica maravilhosa jamais serão vistos plenamente até o dia em que os livros serão abertos e revelados os segredos de todos os corações. Provavelmente não fazemos a menor ideia de quantas conversões a Deus ocorridas em Jerusalém, nos primeiros seis meses após a crucificação, foram a resposta direta à oração de Jesus. Talvez essa súplica tenha sido o primeiro passo na direção ao arrependimento do ladrão crucificado. É possível que ela tenha sido um dos instrumentos que afetou o centurião, o qual afirmou: "Verdadeiramente este homem era justo" e o povo, que se retirou "a lamentar, batendo nos peitos" É provável que essa súplica tenha resultado na conversão daquelas três mil pessoas no Dia de Pentecostes, as quais, anteriormente, estavam entre os assassinos de jesus. O último dia o revelará. Nada há oculto que não será revelado naquele dia. Estejamos certos: o Pai sempre ouve o Filho (Io 11.42). Pode-
mos ter certeza de que essa oração maravilhosa foi ouvida.
Vejamos na intercessão de nosso Senhor mais uma comprovação do infinito amor de Jesus pelos pecadores. Sem dúvida, ele é bastante piedoso, compassivo e gracioso. Não existe uma pessoa tão ímpia que com ela o Senhor Jesus não se preocupe. Não há pessoas tão perdidas no pecado que o todo-poderoso amor de Cristo não se interesse por redimir. Ele chorou pela Jerusalém incrédula, ouviu a súplica do ladrão moribundo. Parou embaixo de uma árvore, em Jericó, a fim de chamar o publicano Zaqueu. Veio dos céus para converter o coração de Saulo, o perseguidor da Igreja; e, mesmo na cruz, encontrou tempo para orar em favor dos que o matavam. Jesus demonstrou um amor que excede todo entendimento. O pior dos pecadores não tem motivo para sentir receio de recorrer a um Salvador como este. Se quiser segurança e encorajamento para se arrepender e crer, essa passagem certamente os oferece com suficiência. Finalmente, vejamos na intercessão de nosso Senhor um notável exemplo do espírito que deve reinar no coração de todo o seu povo. Assim como Jesus, paguemos o mal com o bem e compensemos a maldição com a bênção. Seguindo o exemplo de nosso Senhor, oremos por aqueles que, com maldade, nos ameaçam e perseguem. O orgulho de nosso coração talvez se rebele frequentemente contra essa ideia. O mundo pode qualificar como mesquinho esse tipo de comportamento. No entanto, jamais nos envergonhemos de imitar nosso divino Senhor. O homem que ora por seus inimigos manifesta a mentalidade que havia em Cristo e terá sua recompensa.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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