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25/10/2024
Leia João 17.17-26
Essas palavras maravilhosas constituem uma conclusão adequada para a mais admirável
oração já pronunciada na terra, a última oração do Senhor após a última ceia. Contêm os três mais importantes pedidos que nosso Senhor fez em benefício de seus discípulos.
Consideraremos agora esses três pedidos, deixando de lado todos os outros assuntos da passagem. Em primeiro lugar, devemos observar nesses versículos que o Senhor Jesus orou em favor da santificação de seus discípulos. Ele disse: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade". Sem dúvida, aqui a palavra "santificar" significa "tornar santo". Jesus estava pedindo que o Pai torna-se seus discípulos mais santos, espirituais, puros, em pensamentos, palavras, obras, vida e caráter. A graça divina já os havia chamado, convertido, regenerado e transformado. Agora o grande Cabeça da Igreja ora para que a obra da graça seja levada adiante e seu povo seja santificado de maneira mais completa, em corpo, alma e espírito - em outras palavras, mais semelhantes a ele mesmo.
Com certeza, não precisamos de muitos argumentos para demonstrar a incomparável sabedoria dessas palavras. Mais santificação é aquilo que todo verdadeiro servo de Cristo deseja. Viver em santidade é a grande prova da realidade do cristianismo. As pessoas podem recusar-se a reconhecer a veracidade de nossos argumentos, mas não podem esquivar-se da evidência de um viver em santidade. Esse tipo de vida adorna a vida espiritual, tornando-a sublime, e às vezes conquista aqueles que não foram ganhos "através da Palavra". Viver em santidade treina o crente para o céu. Quanto mais nos aproximamos de Deus, enquanto vivemos neste mundo, mais preparados estaremos para viver nos céus quando morrermos. Nossa admissão no céu será totalmente pela graça de Deus, e não por causa de nossas obras; todavia, o próprio céu não será céu para nós se entrarmos ali com um caráter destituído de santidade. Nossos corações devem estar em sintonia com os céus, se quisermos desfrutá-lo. Precisa existir uma idoneidade moral para a "herança dos santos na luz". Somente o sangue de Cristo pode outorgar-nos o direito de possuir aquela herança. A santificação precisa nos capacitar para desfrutá-la.
À luz desses fatos, quem se admira de ter sido a santificação uma das primeiras coisas que nosso Senhor suplicou para seu povo? Dentre os que são ensinados por Deus, quem deixaria de reconhecer que santidade significa felicidade e que os que andam em intimidade com Deus são aqueles que vivem com mais tranquilidade neste mundo? Ninguém deve enganar-nos com palavras vãs no que concerne a esse assunto. Aquele que despreza a santidade e negligencia as boas obras, sob o pretexto inútil de honrar a justificação pela fé, demonstra com clareza que não possui a mente de Cristo.
Em segundo lugar, devemos observar esses versículos que o Senhor Jesus orou em favor da unidade de seu povo. "A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste" - essa foi a principal súplica de nosso Senhor, em sua oração ao Pai. A grande proeminência que nosso Senhor tributou à unidade de seu povo constitui a maior prova da importância desse assunto e da pecaminosidade das divisões entre seu povo. Infelizmente, é verdade que as divisões, em todas as épocas da história da Igreja, têm sido um escândalo e causado o enfraquecimento da Igreja de Cristo. Com frequência, os crentes têm desperdiçado seu tempo contendendo com seus irmãos, em vez de contenderem contra o pecado e o mal! Por diversas vezes, eles têm dado oportunidade para que os incrédulos digam: "Quando vocês resolverem suas divergências internas, nós creremos". Sem dúvida, nosso Senhor viu tudo isso com olhos proféticos. E sua visão antecipada desses fatos o fez orar intensamente em favor da unidade dos crentes.
A recordação dessa parte da oração de Cristo deve permanecer constantemente em nossos corações e influenciar nosso comportamento cristão. Nenhum de nós deve pensar com leviandade, como alguns às vezes o fazem, a respeito de divisões e imaginar que a atitude de sectarismo, de partidarismo e de criar novas denominações seja algo insignificante. Podemos estar certos de que essas coisas apenas servem de ajuda ao diabo e prejudicam a causa de Cristo. "Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens" (Rm 12.18). Antes de nos entregarmos à divisão, devemos suportar, ceder e aguentar muito. Há movimentos em que frequentemente existe muito fogo enganoso. Os zelosos fanáticos que se deleitam em criar divisões e partidos na igreja podem nos vituperar, se desejarem. Não devemos nos preocupar com eles. Enquanto tivermos o Senhor Jesus Cristo e uma boa consciência, com paciência permaneçamos onde estamos, seguindo aquilo que conduz à paz, esforçando-nos para promover a unidade. Não foi em vão que o Senhor Jesus suplicou intensamente que seu povo seja "um".
Por último, observamos nesses versículos que o Senhor Jesus orou para que seu povo, ao final de tudo, esteja com ele e desfrute de sua glória. Ele disse: "Pai, a minha vontade é que, onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória".
Essa é uma pungente conclusão para a notável oração de nosso Senhor. Estejamos certos de que essas palavras tinham o propósito de animar e trazer conforto àqueles que as ouviram, fortalecendo-os para os acontecimentos finais, que se aproximavam rapidamente. Entretanto, para todos aqueles que, até hoje, a leem, essa parte da oração de Cristo está repleta de indizível consolo e refrigério.
Agora não podemos ver a Cristo. Lemos a respeito dele, ouvimos sua voz, cremos em sua Pessoa e descansamos nossas almas em sua obra consumada. No entanto, até mesmo os melhores de nós, no melhor de nós mesmos, andamos pela fé, e não pelo que vemos; e nossa pobre e vacilante fé com frequência nos faz andar com dificuldade no caminho para o céu. Mas haverá um final para todo esse estado de coisas que temos hoje. Naquele dia, veremos Cristo assim como ele é e conheceremos da maneira como agora somos conhecidos. Nós o contemplaremos face a face, e não mais como por espelho. Estaremos definitivamente na presença e na companhia de Cristo, para nunca mais sairmos dela. Se a fé nos tem sido agradável, quanto mais será vê-lo com nossos próprios olhos; se a esperança nos tem produzido refrigério, quanto mais consolo obteremos ao estar pessoalmente com ele. Não nos devemos admirar que, depois de ter escrito, "Estaremos para sempre com o Senhor" o apóstolo Paulo tenha acrescentado: "Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras" (1Ts 4.17-18).
Agora sabemos pouco a respeito do céu. Nossos pensamentos tornam-se confusos quando procuramos formar a ideia de um futuro estado em que os pecadores redimidos serão perfeitamente felizes. "Ainda não se manifestou o que haveremos de ser" (1Jo 3.2). Todavia, podemos descansar no bendito pensamento de que, após a morte, estaremos com Cristo. Se, antes da ressurreição do corpo, estaremos no paraíso ou, após a ressurreição, desfrutaremos a glória final, a perspectiva é a mesma. Os verdadeiros cristãos estarão "para sempre com o Senhor". Não precisamos de mais informações. Onde está aquela bendita pessoa que veio a este mundo e morreu e ressuscitou em favor de nossos pecados, ali não falta coisa alguma. Davi pôde afirmar com seguranca: "Na tua presença há plenitude de alegria; na tua destra, delícias perpetuamente" (S1 16.11).
Terminemos nossas considerações sobre essa maravilhosa oração recordando-nos solenemente das três grandes peticões que ela contém. A santificação e a unidade na jornada cristã, e a presença de Cristo, no futuro, devem ser assuntos que jamais se afastem de nossos pensamentos e estejam distante de nossas mentes. Feliz é o crente que se preocupa primordialmente em ser, nesta vida, tão amável e santo quanto seu Senhor e em estar, após a morte, na presença dele.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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