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Foto do escritorSónia Ramos

A parábola dos lavradores ímpios


11/03/2024

Leia Lucas 20.9-19


Esta é uma das poucas parábolas relatadas mais de uma vez pelos autores dos evangelhos. Mateus, Marcos e Lucas,

Sem dúvida, essa parábola tinha como alvo especial os judeus, a quem ela foi dirigida. Mas não precisamos limitar sua aplicação a eles. A parábola contém lições que devem ser recordadas por todas as igrejas de Cristo, enquanto o mundo existir.

Em primeiro lugar, mostra-nos a profunda corrupção da natureza humana. A conduta dos lavradores ímpios é uma vívida ilustração da maneira como os homens lidam com Deus. É um retrato fiel da situação espiritual da nação de Israel. Apesar dos privilégios que nenhuma outra nação possuía, em face dos avisos que nenhum outro povo recebeu, os judeus rebelaram-se contra a legítima autoridade de Deus, recusaram-se a lhe prestar o culto devido, rejeitaram os conselhos de seus profetas e, por fim, crucificaram seu Filho Unigênito.

É também uma figura exata de todos os crentes professos. Embora tenham sido chamados das trevas da incredulidade, pela infinita misericórdia de Deus, pouco eles têm feito que seja digno da vocação a que foram chamados. Também têm permitido que falsas doutrinas e práticas inconvenientes se espalhem abundantemente entre eles e têm de novo crucificado o Filho de Deus. É um fato comovente que igrejas chamadas cristãs, por causa de dureza de coração, incredulidade, superstição e justiça própria, são pouco melhores do que os judeus da época de nosso Senhor. Ambos os grupos são descritos com dolorosa exatidão na história dos lavradores ímpios. Em ambos os grupos, poderíamos citar incontáveis privilégios mal utilizados e inumeráveis avisos desprezados. Oremos com frequência para entender por completo a pecaminosidade do coração humano. Poucos de nós, devemos recear, têm alguma noção do poder e da violência da enfermidade espiritual com a qual somos nascidos. Poucos compreendem em sua plenitude que "o pendor da carne é inimizade contra Deus" (Rm 8.7), e que a natureza humana não convertida, se tivesse poder, destronaria seu Criador. O comportamento dos lavradores na parábola - quer gostemos de pensar nisso ou não - é apenas uma imagem daquilo que todo homem natural, se tivesse capacidade, faria a Deus. Perceber o pecado é muito importante. Cristo nunca será devidamente valorizado enquanto o pecado não for visto com clareza. Temos de reconhecer a profundeza e a malignidade de nossa doença, a fim de podermos apreciar o grande Médico.

Em segundo lugar, essa parábola nos mostra as admiráveis paciência e longanimidade de Deus. O comportamento do "dono da vinha" é uma representação vívida da maneira como Deus lida com os homens. É uma ilustração correta da misericordiosa fidelidade de Deus para com a nação de Israel. Vários profetas foram enviados para avisa-los do perigo. Inúmeras mensagens foram constantemente transmitidas, apesar dos insultos e das injúrias lançados contra os mensageiros. Igualmente, é uma figura exata do gracioso lidar de Deus para com o cristianismo. Durante todos os séculos, Deus tem suportado suas atitudes erradas. Por repetidas vezes, Deus tem sido provocado por meio de falsas doutrinas, superstições e desprezo por sua Palavra. No entanto, Deus ainda não destruiu o falso cristianismo e lhe tem concedido tempos de refrigério, suscitando-lhe ministros dedicados e grandes reformadores, apesar de toda a perseguição que eles sofreram. As igrejas cristãs não têm de que se gloriar. São devedoras a Deus pelas incontáveis misericórdias, assim como os judeus da época de nosso Senhor. Deus não tem lidado com elas na proporção de seus pecados, nem as tem recompensado de acordo com suas iniquidades.

Devemos aprender a ser mais gratos a Deus por suas misericórdias. Provavelmente não fazemos a menor ideia da extensão de nossa obrigação para com elas e das inumeráveis mensagens graciosas que o "dono da vinha" está constantemente enviando à nossa alma. O último dia descortinará, diante de nossos olhos extasiados, uma extensa lista de bênçãos não reconhecidas, as quais, enquanto vivemos neste mundo, sequer percebemos. Descobriremos que a misericórdia de Deus é um dos mais queridos atributos de Deus. "O Senhor [...] tem prazer na misericórdia" (Mq 7.18). Há misericórdia antes e depois da conversão, misericórdia em cada passo da jornada terrena, revelando-se ao coração de todos os santos e deixando-os envergonhados de sua ingratidão. Misericórdias que pouparam as vidas, misericórdias de providência, de advertências e de visitações inesperadas - todas são desvendadas aos pecadores, confundindo-os por causa da revelação de sua própria dureza de coração e incredulidade. Todos descobriremos que Deus sempre esteve falando conosco, e nós não o ouvimos, e enviando-nos mensagens das quais não fizemos caso. Poucas palavras das Escrituras serão ressaltadas no último dia com maior clareza do que as redigidas pelo apóstolo Pedro: "O Senhor [...] é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça" (2Pe 3.9).

Por último, essa parábola nos mostra a severidade do juízo de Deus quando recai sobre os pecadores obstinados. A punição dos lavradores maus é uma figura vívida da maneira como Deus lidará ao final com aqueles que continuam na impiedade. Quando nosso Senhor proferiu a parábola, ela se tornou uma ilustração profética da aproximação da ruína que viria sobre a nação de Israel. A vinha do Senhor na terra de Israel estava prestes a ser destituída de seus arrendatários infiéis. Jerusalém seria destruída; o templo, incendiado. Os judeus seriam dispersos pela terra. No presente, essa parábola é uma figura dolorosa de coisas que ainda estão por vir às igrejas professas nos últimos dias. Os juízos de Deus ainda recairão sobre os cristãos nominais, assim como caíram sobre os judeus incrédulos. O solene aviso de Paulo aos crentes de Roma ainda se cumprirá: "Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado" (Rm 11.22).

Jamais podemos nos bajular com a ideia de que Deus não se ira. Ele é realmente um Deus que possui graça e compaixão infinitas. Mas as Escrituras também afirmam: "Deus é fogo consumidor" (Hb 12.29). Seu Espírito "não agirá para sempre no homem" (Gn 6.3). Haverá um dia em que sua paciência chegará ao fim e ele se levantará para julgar terrivelmente o mundo. Felizes são aqueles que estarão refugiados na arca da salvação, no dia da ira do Senhor! Dentre todas as manifestações de ira, nenhuma pode ser imaginada como tão horrível quanto "a ira do Cordeiro". Aquele sobre quem cair "a pedra [...] cortada sem auxílio de mãos" será esmiuçado até o pó (Dn 2.34).

Sabemos essas coisas e vivemos de acordo com o conhecimento que possuímos? Os anciãos e os principais sacerdotes, Lucas nos informa, "perceberam que, em referência a eles, [Jesus] dissera esta parábola". No entanto, eram orgulhosos demais para se arrepender e tinham os corações endurecidos demais para se converter de seus pecados. Acautelemo-nos de agir dessa maneira.


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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