07/03/2024
Leia Lucas 19.11-27
O motivo de nosso Senhor proferir essa parábola foi corrigir as falsas expectativas dos discípulos em referência ao reino de Cristo. Foi um anúncio profético de coisas presentes e futuras que deveriam suscitar pensamentos solenes na mente de todos os que professam ser crentes.
Algo revelado nessa parábola é a posição presente de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é comparado a "certo homem nobre" que "partiu para uma terra distante, com o fim de tomar posse de um reinei e voltar".
Quando nosso Senhor deixou o mundo, ascendeu ao céu como um vencedor, levando "cativo o cativeiro" (Ef4.8). Agora ele se encontra no céu, assentado à direita de Deus, realizando a obra de um Sumo Sacerdote em favor de todos os crentes e sempre intercedendo por eles. Mas não ficará ali para sempre; o Senhor Jesus deixará o Santo dos Santos para abençoar seu povo. Virá novamente com poder e glória para sujeitar todos os inimigos debaixo de seus pés e estabelecer seu reino. No presente, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas (Hb 2.8). O diabo é "o príncipe do mundo" (Jo 14.30). Um dia, o presente estado de coisas será transformado. Quando Cristo voltar, os reinos do mundo se tornarão dele.
Essas são verdades que devem ser gravadas em nossa mente. Em tudo que pensamos sobre a pessoa de Cristo, jamais nos esqueçamos de seu segundo advento. É ótimo saber que ele viveu, morreu, ressuscitou e intercede por nós. Mas também é ótimo saber que, em breve, o Senhor Jesus retornará. Em segundo lugar, vemos nessa parábola a posição atual de todos os que professam ser crentes. Nosso Senhor os comparou a servos que receberam o encargo de cuidar do dinheiro de seu senhor ausente, que lhes deu instruções específicas sobre como utilizar bem seu dinheiro. "Disse-lhes: Negociai até que eu volte."
Os incontáveis privilégios que o crente desfruta, em comparação aos dos incrédulos, são "minas" que lhe foram dadas por Cristo; e um dia ele prestará contas disso. No Dia do Juízo, não ficaremos lado a lado com aqueles que nunca ouviram falar sobre as Escrituras, a Trindade e a crucificação. Devemos recear que a maioria dos crentes não tem a menor ideia de sua responsabilidade. Àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido.
Estamos "negociando"? Estamos vivendo como homens que sabem com quem estão endividados e a quem um dia terão de prestar contas? Essa é a única maneira de viver digna de um ser racional. A ordem de nosso Senhor na parábola é a melhor resposta que podemos dar àqueles que nos convidam para nos arrastar às coisas mundanas e às frivolidades. Digamos a eles que não podemos aceitar tal convite, porque aguardamos a vinda de nosso Senhor. E queremos estar "negociando", quando ele vier.
Em terceiro, vemos nessa parábola o correto ajuste de contas que aguarda todos os crentes professos. Quando o Senhor retornou, "mandou chamar os servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber que negócio cada um teria conseguido".
Virá o dia em que o Senhor Jesus julgará todo o seu povo e recompensará a cada um de acordo com suas obras. O curso deste mundo não permanecerá para sempre no estado em que se encontra agora. Desordem, confusão, falsa confissão de fé e pecados impunes não permearão sempre a face da terra. O Grande Trono Branco será estabelecido; e, sobre ele, tomará assento o Juiz de todos. Os mortos ressurgirão de seus sepulcros. Os vivos serão todos convocados ao tribunal. Os livros serão abertos. Grandes e pequenos, ricos e pobres, nobres e simples, todos finalmente prestarão contas a Deus e receberão a sentença eterna. Permitamos que o pensamento sobre esse julgamento exerça influência em nossas vidas e em nossos corações. Esperemos com paciência enquanto assistimos à impiedade triunfar na terra. O tempo é curto. Existe alguém que está vendo e registrando tudo que os ímpios estão fazendo, alguém que está acima de todos eles. Antes de tudo, vivamos sob o sentimento permanente de que, um dia, compareceremos diante do tribunal de Cristo. Julguemos a nós mesmos, para que não sejamos condenados pelo Senhor Jesus Cristo (1Co 11.31). Vejamos esta significativa afirmação de Tiago: "Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade" (Tg 2.12).
Em quarto lugar, vemos nessa parábola a recompensa justa de todos os verdadeiros crentes. Nosso Senhor nos falou que serão recompensados com honra e dignidade todos os que forem achados fiéis. Cada um receberá uma recompensa proporcional à sua diligência. Um será colocado sobre "dez cidades"; outro, sobre "cinco cidades".
Aparentemente, o povo de Deus recebe pouca recompensa na época presente. Com frequência, seus nomes são desprezados como vis. Eles entram no reino de Deus sofrendo muitas tribulações. Suas coisas boas não se encontram neste mundo. O lucro de sua piedade não consiste em recompensas terrenas, e sim na paz, na esperança e na alegria interior, resultantes de seu crer. Mas, um dia, terão uma recompensa abundante. Receberão galardões muitíssimo excedentes a qualquer coisa que fizeram por Cristo. Descobrirão, para sua surpresa, que, por todas as coisas que fizeram e suportaram por seu Senhor, ele os compensara cem vezes mais Estejamos sempre aguardando as coisas boas que ainda estão por vir. "Os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós" (Rm 8.18). Pensar naquela glória deve animar-nos em todas as horas de necessidade e suster-nos em todos os momentos de aflição. Sem dúvida, "muitas são as aflições do justo" (SI 34.19). Um grande remédio para as suportarmos com paciência é contemplar "o galardão" (Hb 11.26). Por último, vemos nessa parábola a revelação justa de todos os falsos cristãos, no último dia. O Senhor Jesus falou sobre um servo que não fizera nada com o dinheiro de seu senhor, mas o enterrou envolvido em um lenço. O Senhor também contou os argumentos inúteis que ele utilizou em sua defesa e sua ruína final, por não usar o conhecimento que confessou possuir. Não pode haver erros quanto ao tipo de pessoa que esse servo representa: ele é a figura de todos os ímpios, e sua condenação representa seu terrível destino no Dia do Juízo.
Nunca esqueçamos o destino para o qual todos os ímpios estão caminhando. Mais cedo ou mais tarde, o incrédulo e impenitente ficará envergonhado diante do mundo inteiro, destituído de todos os meios da graça, sem esperança de glória, e será lançado no inferno. Não haverá escape no último dia. A falsa confissão de ser crente e a formalidade não resistirão ao fogo do juízo de Cristo. A graça, e somente a graça, será vitoriosa. Ao final, os homens descobrirão que existe uma coisa chamada a "ira do Cordeiro". As desculpas com que muitos agora acalentam sua consciência serão tidas como inúteis no tribunal de Cristo. A pessoa mais ignorante das coisas espirituais descobrirá que tinha conhecimento suficiente para sua condenação. Aqueles que possuem "minas" escondidas verão, no último dia, que melhor lhes teria sido não haver nascido.
Essas são verdades solenes! Quem ficará isento de condenação naquele grande dia, quando o Senhor exigirá contas de suas "minas"? As palavras do apóstolo Pedro constituem uma conclusão adequada para essa parábola: "Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis" (2Pe 3.14).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
Comments