-
31/07/2024
Leia João 13.1-5
Esses versiculos iniciam uma das mais interessantes partes do Evangelho de João. Em cinco capítulos seguidos, o apóstolo relata acontecimentos não mencionados por Mateus, Marcos e Lucas. Jamais poderemos ser gratos em medida suficiente pelo fato de o Espírito Santo tê-los escrito para nosso aprendizado. Em todos os séculos da era cristã, o conteúdo desses capítulos tem sido corretamente considerado uma das partes mais preciosas da Palavra de Deus. São comida e bebida, fortaleza e conforto para todos os verdadeiros crentes.
Sempre os leiamos e estudemos com muita reverência. O solo que estamos pisando é terra santa.
Inicialmente, aprendemos desses versículos que o Senhor Jesus tem um constante e paciente amor por seu povo. Está escrito: "Jesus (...) tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Sabendo perfeitamente que seus discipulos estavam prestes a abandoná-lo, de maneira vergonhosa, alguns momentos mais tarde, e contemplando a vindoura demonstração de fraqueza e imperfeição da parte deles, nosso bendito Senhor não deixou de nutrir pensamentos amáveis a respeito de seus discípulos. Jesus não se cansou deles; e os amou até o fim.
O amor de Cristo para com os pecadores é a própria essência do evangelho. Ele nos amou e se preocupou connosco, antes mesmo de o conhecermos, e nos amou a ponto de vir ao mundo para nos salvar, assumir a natureza humana, levar sobre si nossos pecados e morrer em nosso favor, na cruz - tudo isso é realmente maravilhoso! O intenso egoísmo da raça humana não pode compreender plenamente essa verdade. É um dos assuntos sobre os quais os anjos de Deus "anelam perscrutar". Essa é uma verdade que os pastores e ensinadores cristãos devem proclamar incessantemente e nunca sentir-se cansados. O amor de Cristo para com os crentes não é menos maravilhoso do que o amor dele para com os pecadores, embora estes não valorizem esse amor. O Senhor Jesus levou todas as inúmeras iniquidades dos pecadores; não desanimou diante das intermináveis inconsistências e provocações deles; perdoou e esqueceu constantemente, não sendo em momento algum motivado a rejeitá-los ou a desistir deles - todos esses fatos são realmente maravilhosos! Não encontramos qualquer mãe que, lidando com a teimosia de seu filho na infância, demonstre possuir uma paciência tão completa quanto a de Cristo, ao ser provado por seus discípulos. A longanimidade dele é infinita. Sua compaixão assemelha-se a uma fonte inesgotável. Seu amor "excede todo entendimento".
Nenhuma pessoa deve ter o receio de vir a Cristo, se deseja ser salva. O pior dos pecadores pode vir a Jesus e, com segurança, confiar nele para obter perdão. Esse amável Salvador se deleita em receber os pecadores (Lc 15.2). Devemos nós, que já viemos a ele e cremos, continuar andando com ele, sem temor. Ninguém deve imaginar que Jesus o abandonará por causa de suas falhas. Ele nunca rejeitará um servo por causa de seu serviço deficiente e imperfeito. Os que são recebidos por
Cristo são preservados por ele. Os que são amados por ele no princípio serão amados até o fim. Sua promessa jamais falhará, servindo aos santos e aos pecadores: "Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (Jo 6.37).
Também aprendemos desses versículos que podemos encontrar profunda corrupção no íntimo daqueles que professam ser cristãos. Somos informados de que "o diabo" pôs "no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus". Judas, devemos lembrar, era um dos doze apóstolos. Fora escolhido pelo próprio Senhor Jesus, ao mesmo tempo que Pedro, Tiago, João e os outros apóstolos. Durante os três anos em que andou com Cristo, Judas contemplou os milagres, ouviu as mensagens e viu muitas provas da amável bondade de nosso Senhor. Judas, sem dúvida, foi um daqueles que pregou e realizou milagres em nome de Cristo, quando ele mandou seus discípulos dois a dois. Contudo, aqui nós o vemos possuído por Satanás, caminhando para a destruição.
Em todos os lugares litorâneos, existem faróis para avisar os marinheiros sobre o perigo, assim como Judas serve de alerta a todos os crentes. Ele nos mostra que alguém pode declarar que tem uma profunda experiência religiosa e, apesar disso, tornar-se um terrível hipócrita, demonstrando, ao final, que jamais se converteu. Ele nos mostra a inutilidade de possuir elevados privilégios sem que a pessoa os valorize e os utilize para seu próprio bem. Desfrutar privilégios sem possuir a graça divina não salva ninguém e ainda tornará mais intensa a condenação. Judas nos mostra a inutilidade do conhecimento apenas intelectual. Sabermos as coisas em nossas mentes e sermos capazes de falar e pregar aos outros não prova que estamos no caminho da paz. Essas são lições terríveis, mas são verdadeiras.
Jamais nos surpreendamos ao ver a hipocrisia e a falsa confissão de alguns crentes de nossos dias. Isso não é algo novo ou especial; já aconteceu entre os próprios apóstolos de Cristo. O dinheiro falso é uma grande confirmação de que existe o verdadeiro em algum lugar. A hipocrisia religiosa é uma evidência indireta de que existe a vida espiritual genuína. Acima de tudo, devemos orar diariamente para que nosso cristianismo seja verdadeiro, sincero e puro. Talvez tenhamos uma fé sem muito vigor, nossa esperança ainda não seja bem definida, nossas falhas sejam constantes e muitas; mas, em todos esses casos, sejamos genuínos e sinceros. Devemos ter a capacidade de confessar, assim como o temeroso, frágil e vacilante apóstolo Pedro: "Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo" (Jo 21.17).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
Comments