15/03/2024
Leia Lucas 21.1-4
Em primeiro lugar, esses versículos nos mostram que o Senhor Jesus observa com muito interesse as coisas realizadas na terra. A passagem nos conta que, "estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio. Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas". Com razão, poderíamos imaginar que, naquela ocasião, os pensamentos de nosso Senhor estavam completamente tomados pelas coisas que aconteceriam com ele. Sua traição, seu julgamento injusto, sua cruz, sua paixão e morte, tudo isso logo o alcançaria; e ele sabia disso. A imediata destruição do templo, a dispersão dos judeus, o longo período que se passaria até o segundo advento eram coisas que, semelhantes a uma paisagem, estavam visíveis aos olhos de sua mente. Ele acabara de falar sobre tais assuntos. Todavia, em uma ocasião assim, nós o vemos observando todas as coisas que se passam ao seu redor. O Senhor Jesus não considerou sem importância observar a conduta de "certa viúva pobre".
Recordemo-nos de que Jesus nunca muda. Aquilo que aconteceu naquele dia está sempre acontecendo em todo o mundo. "Os olhos do SENHOR estão em todo lugar" (Pv 15.3). Nada é tão insignificante que escape da observação de Jesus. Nenhuma atitude é tão simples que não seja registrada em seu livro de recordações. A mão que criou o sol, a lua e as estrelas é a mesma que formou a língua do pernilongo e as asas da mosca com perfeita sabedoria. Os olhos que contemplam o que se passa nas salas de reuniões particulares de ministros, presidentes e reis são os mesmos que observam tudo que se passa nos casebres dos pobres. "Todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas" (Hb 4.13). Ele julga a insignificância ou a importância das atitudes utilizando um critério diferente do critério dos homens. Os eventos de nossa vida diária, aos quais tributamos pouca importância, frequentemente são questões bastante sérias e graves aos olhos de Cristo. Ações e atitudes realizadas na vida semanal de um pobre, as quais o mundo reputa como insignificantes e desprezíveis, em geral são registradas como valiosas e significativas nos livros de Cristo. Continua vivo aquele que observou a oferta da "viúva pobre" com a mesma atencão com que considerou a oferta dos "ricos".
O crente de poucas condições deve confortar-se nessa grande verdade, recordando diariamente que seu Senhor nos céus registra tudo que se realiza na terra e que observa a vida dos habitantes de casas simples da mesma maneira como presta atenção à vida dos reis. Os atos de um crente pobre têm tanta dignidade quanto os de um príncipe. As contribuições singelas que, de seu pequeno salário, os crentes pobres ofertam com objetivos espirituais têm mais valor aos olhos de Deus do que as vultosas ofertas dos ricos, sem os mesmos objetivos. Entender isso em sua plenitude é um dos grandes segredos do contentamento. Reconhecer que Cristo leva em conta o que o homem é, e não o que ele possui, nos preservará da inveja e do pensamento de murmuração. Feliz é aquele que aprendeu a afirmar, assim como Davi: "Eu sou pobre e necessitado, porém o Senhor cuida de mim" (SI 40.17).
Esses versículos também nos mostram quais pessoas Cristo considera mais liberais em ofertar dinheiro para obietivos espirituais. Ele disse sobre a mulher que ofertara duas pequenas moedas: "Esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento". Essas palavras nos ensinam que, ao julgar a generosidade de uma pessoa, Cristo leva em conta mais do que simplesmente o total das ofertas que os homens dão. Ele avalia a proporcão com que as dádivas de alguém testemunham a respeito de seus bens. Ele considera o grau de renúncia pessoal que está envolvido na contribuição ofertada. O Senhor Jesus deseja que estejamos cientes de existirem pessoas que parecem ofertar muito dinheiro às causas espirituais, mas, aos olhos de Deus, tais pessoas estão dando muito pouco, enquanto outros parecem contribuir muito pouco, mas, do ponto de vista divino, estão ofertando muito.
Esse assunto é bastante perscrutador. Talvez em nenhum outro aspecto os crentes professos fiquem tão aquém do propósito divino quanto no assunto de ofertar dinheiro à causa de Deus. Receamos que milhares de crentes nada sabem sobre o ato de "contribuir" como uma obrigação espiritual. A pouca contribuição financeira que existe está completamente limitada a um seleto grupo nas igrejas. E, mesmo entre os que ofertam regularmente, precisamos reconhecer com ousadia, os pobres são os que, em proporção às suas posses, contribuem mais do que os ricos. Esses são fatos evidentes, que não podem ser contestados. A experiência de todos os que são responsáveis pela tesouraria das igrejas e de entidades religiosas testificará que tais fatos são corretos e verdadeiros.
Julguemos a nós mesmos quanto a esse assunto de contribuir financeiramente, para que não sejamos julgados e condenados no último dia. Tenhamos o firme princípio de que vigiaremos contra a mesquinhez e de que, embora tenhamos outras responsabilidades financeiras, ofertaremos regular e habitualmente para a causa de Deus. Lembremos que, embora a obra de Cristo não dependa de nosso dinheiro, ele se agrada em provar a realidade da graça divina em nosso coração, permitindo que tomemos parte dela, para que sejamos abençoados. Se não encontramos em nós mesmos a disposição de oferecer alguma coisa para a causa de Cristo, precisamos duvidar da realidade de nossa fé e bondade. Recordemos que, no Dia do Juízo, teremos de prestar contas da maneira como utilizamos o dinheiro que Deus nos outorgou. O "Juiz de todos" será o mesmo que observou a oferta da viúva pobre. Nossas receitas e despesas serão trazidas à luz diante do mundo reunido. Se, naquele dia, ficar comprovado que éramos ricos em relação a nós mesmos e pobres em relação a Deus, seria melhor nunca havermos nascido. Além disso, olhemos para o passado e o presente, e perguntemos: onde estão aqueles que se arruinaram por contribuir liberalmente para a obra de Deus e se tornaram pobres por emprestar ao Senhor? Descobriremos que as palavras de Salomão são estritamente verdadeiras: "A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda" (Pv 11.24).
Finalmente, devemos orar em favor dos ricos que não sabem nada sobre a magnificência de "contribuir", para que a riqueza não seja a causa de sua ruína. Muitas instituições de caridade e movimentos religiosos permanecem em constante necessidade de ajuda financeira. Oportunidades grandes e eficazes estão abertas para que a igreja de Cristo faça o bem em todos os lugares do mundo, mas, por falta de recursos financeiros, poucos têm sido enviados para aproveitar essas oportunidades. Oremos suplicando que o Espírito Santo venha sobre todas as nossas igrejas e ensine aos crentes o que fazer com seu dinheiro. Dentre todas as pessoas na terra, os crentes devem ser aquelas que contribuem com mais liberalidade. Tudo o que possuem, eles devem exclusivamente à graça divina. Cristo, o Espírito Santo, o evangelho, a Biblia, os meios da graça, a esperança da glória, todos esses são dons imerecidos e incomparáveis dos quais milhões de incrédulos jamais ouviram falar. Aqueles que possuem esses dons têm de ser "generosos em dar e prontos a repartir" (1Tm 6.18). Um Salvador que deu a si mesmo deve ter discípulos que estão dispostos a dar de si mesmos e de seus bens. De graça, recebemos; de graça, devemos dar (Mt 10.8).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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