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20/06/2024
Leia João 7.14-24
Em primeiro lugar, essa passagem nos ensina que a sincera obediencia à vontade de Deus e um dos meios para obtermos um nítido conhecimento espiritual. O Senhor disse: "Se alguém fizer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se falo por mim mesmo".
A dificuldade em saber "o que é a verdade" no que concerne à vida espiritual é algo de que os normalmente se queixam. Eles apontam para as muitas divergências que existem entre os crentes, nas questões doutrinárias, e declaram-se incapazes de decidir sobre quem está certo. Na maioria dos casos, essa alegada incapacidade de discernir a verdade torna-se uma desculpa para viverem sem qualquer preocupação com as coisas espirituais.
As palavras ditas pelo Senhor, na passagem que lemos, exigem especial atenção dos que têm essa maneira de pensar. Tais pessoas encontrarão dificuldade para se esquivar do argumento contundente encontrado nesses versículos. Eles nos ensinam que o segredo para obtermos a chave do conhecimento é praticar com sinceridade o que já conhecemos. E, se, conscientemente, usarmos a luz que já possuímos, em pouco tempo nossas mentes serão mais iluminadas. Em resumo, existe certo sentido em que é verdadeiro afirmar que pela obediência chegamos ao conhecimento.
Essa verdade tem grande valor. Bom seria para os homens se eles agissem de acordo com esse princípio. Em vez de afirmarem: "Antes, preciso entender claramente todas as coisas e, depois, agirei", deveriam falar: "Usarei diligentemente o conhecimento que possuo; e creio que, ao fazer isso, um novo conhecimento me será concedido". Quanto mistério seria resolvido por esse plano simples! Quantos assuntos complexos seriam entendidos se os homens vivessem com sinceridade, com a luz que lhes foi dada, e prosseguissem "em conhecer ao SENHOR!" (Os 6.3).
Jamais devemos esquecer que Deus nos trata como seres morais, e não como irracionais ou inanimados. Ele nos encoraja a nos esforçarmos e usarmos com diligência os meios que temos em nossas mãos. Sem dúvida, são muitas as verdades incontestáveis na vida espiritual. Os homens devem buscá-las com sinceridade e aprenderão as coisas profundas de Deus. Embora alguns afirmem serem incapazes de descobrir a verdade, dificilmente encontraremos entre eles um que não conheça mais do que pratica. Se tal pessoa é sincera, ponha logo isso em prática, usando com humildade o pouco conhecimento que adquiriu; e, brevemente, Deus lhe dará mais. "Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso" (Mt 6.22).
Em segundo lugar, essa passagem nos ensina que, na vida dos ministros do evangelho, a autoexaltação é inteiramente contrária ao caráter de Jesus. Nosso Senhor afirmou: "Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça".
A sabedoria e a verdade contidas nessas palavras ficam evidentes para aquele que nelas medita. O ministro do evangelho realmente chamado por Deus se mostrará sensível à majestade de seu Mestre e à sua própria insignificância, não vendo em si mesmo nada além de sua indignidade. Por outro lado, aquele que reconhece não ser impulsionado pelo Espírito Santo, em seu homem interior, esse tentará encobrir seus defeitos, por meio da exaltação de si mesmo e de seu serviço. O desejo de buscar nossa própria exaltação é um péssimo sintoma; é uma evidência segura de que algo está errado em nosso interior.
Se alguém deseja ilustrações práticas dessas atitudes, basta observar a vida de Paulo e a dos escribas e dos fariseus. Estes últimos eram homens infelizes, que se destacaram, mais do que por qualquer outra coisa, pelo desejo de obter glória para si mesmos. Mas é possível notar uma grande diferença no caráter do apóstolo Paulo. A tônica de todas as suas cartas é a humildade pessoal e o zelo pela glória de Cristo. Ele se considerou "o menor de todos os santos" (Ef 3.8), "o menor dos apóstolos" (1Co 15.9) e "o principal" dos pecadores (1Tm 1.15). E disse ainda: "Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus" (2Co 4.5). Se alguém procura um critério para discernir entre o verdadeiro homem de Deus e o falso ministro do evangelho, deve lembrar essas significativas palavras ditas por Cristo, observando com cuidado o que esse ou aquele ministro gosta de exaltar. O pastor segundo o coração de Deus não é aquele que diz: "Eis a igreja! Eis as ordenanças! Eis meu ministério!", e sim o que clama: "Eis o Cordeiro!". De fato, feliz é o ministro do evangelho que, ao pregar, esquece de si mesmo e procura esconder-se atrás da cruz. Esse é o homem que será abencoado em seu ministério e será uma bênção para muitos.
Por último, essa passagem nos ensina o perigo de alguém fazer um julgamento precipitado. Os habitantes de Jerusalém estavam prestes a condenar o Senhor Jesus como transgressor da lei de Moisés, visto que realizara uma cura em dia de sábado. Em sua cegueira e inimizade, ignoraram o fato de que o mandamento referente ao sábado não foi escrito para se evitar a realização de obras de misericórdia. Sem dúvida, nosso Senhor havia praticado uma obra nesse dia, mas fizera algo que não era proibido pela Lei. Por conseguinte, os judeus atraíram para si a reprimenda de Cristo: "Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça". Essa é uma lição de grande valor prático. Em nossa jornada pela vida, será útil lembrar esse ensino e, à sua luz, corrigir nossa maneira de avaliar os fatos e as pessoas.
Com frequência, tendemos a ser enganados por aquilo que aparenta ser bom. Corremos o risco de reputar alguns homens como excelentes cristãos, porque demonstram um pouco de espiritualidade, observam as formalidades do domingo, usam um linguajar cristão e aparentam ser peregrinos. Esquecemos que manifestar boa aparência não significa ser realmente bom e que nem tudo que reluz é ouro. De igual modo, esquecemos que o procedimento diário, as escolhas, as preferências, os hábitos e o caráter pessoal evidenciam o que o homem é. Em suma, facilmente ignoramos as palavras do Senhor Jesus: "Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça".
Por outro lado, também demonstramos a tendência de ser enganados por aquilo que aparenta ser mau. Corremos o risco de considerar alguns homens crentes falsos, devido a algumas falhas ou incoerências da parte deles; assim, incluímo-nos entre aqueles que, "por causa de uma palavra, condenam um homem" (Is 29.21). Precisamos lembrar que até o melhor dos crentes continua sendo um homem imperfeito. O santo mais eminente pode ser vencido pela tentação e, apesar disso, permanecer santo em seu coração. Não sejamos precipitados em achar que, onde há alguma aparência de maldade, tudo ali seja realmente mau. O melhor dos santos pode cometer um grave pecado, em determinada ocasião; todavia, a graça divina continuará em seu íntimo e o conduzirá à vitória. De modo geral, o caráter de um homem é íntegro? Então, não o julguemos quando ele cai mas preserva a esperança. Antes, julguemos de acordo com a "reta justiça".
Em qualquer caso, tenhamos cuidado em fazer um julgamento apropriado sobre nós mesmos. Seja o que for que pensemos acerca dos outros, estejamos atentos, para que não venhamos a errar a respeito de nosso próprio caráter. Procuremos ser justos, sinceros e imparciais. Não nos enganemos, pensando que tudo vai bem em nossa vida somente porque, diante dos homens, tudo parece estar em ordem. Devemos lembrar que "o homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração" (1Sm 16.7). Portanto, julguemos a nós mesmos com reto juízo e condenemos nossas atitudes enquanto vivemos, para que não sejamos julgados e definitivamente condenados pelo Senhor, no último dia (1Co 11.31).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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