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13/07/2024
Leia João 11.7-16
Devemos observar, em primeiro lugar, nesses versículos, a maneira misteriosa como o Senhor
Jesus guia o seu povo. Quando chamou seus discípulos a retornarem para a Judeia, eles ficaram perplexos. Era o mesmo lugar onde os judeus haviam tentado apedrejá-lo. Retornar para lá significava expor-se ao perigo. Esses tímidos galileus não podiam ver a necessidade ou a prudência desse passo.
Eles clamaram: "Mestre, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá?".
Sempre vemos atitudes assim ao nosso redor. Os servos de Cristo frequentemente são colocados diante de circunstâncias tão constrangedoras quanto aquela que os discípulos enfrentaram. São guiados por situações das quais não podem ver o objetivo ou o propósito; são chamados a assumir posições que, naturalmente, evitariam e que jamais escolheriam por si mesmos. Milhares de crentes de todas as idades estão constantemente aprendendo por sua própria experiência. O caminho pelo qual têm de seguir não foi escolhido por eles mesmos. No presente, não podem ver a utilidade e a sabedoria de tal caminho.
Em tempos como os nossos, o crente precisa exercitar sua fé e sua paciência. Ele tem de crer que seu Mestre sabe melhor por onde seu servo deve andar e que o está guiando pelo caminho certo à cidade celestial. O crente pode descansar seguro de que as circunstâncias em que foi colocado são exatamente aquelas que mais promovem suas virtudes e corrigem seus pecados habituais. Ele não precisa duvidar de que, mais tarde, entenderá as circunstâncias que não pode compreender agora. Um dia, o crente descobrirá que houve sabedoria em cada passo de sua jornada, embora, estando na carne e no sangue, não fosse capaz de se dar conta disso. Se os discípulos não houvessem retornado à Judeia, não teriam visto o glorioso milagre em Betânia. Se aos crentes fosse permitido escolher as circunstâncias de sua própria vida, nunca aprenderiam lições abundantes sobre Cristo e sua graça, que agora lhes são ensinadas nos caminhos de Deus. Recordemos sempre esse fato. Virá a ocasião em que seremos chamados a trilhar em nossa vida uma jornada que não apreciamos. Quando isso acontecer, sigamos adiante com alegria, crendo que tudo está certo.
Em segundo lugar, devemos observar nessa passagem a ternura de Cristo ao falar da morte de seus discípulos. Ele anunciou a morte de Lázaro utilizando uma linguagem de singular beleza e cordialidade: "Nosso amigo Lázaro adormeceu". Todo verdadeiro crente tem um Amigo no céu, Todo-poderoso e ilimitado em amor. O eterno Filho de Deus cuida, supre as necessidades, protege e se preocupa com o crente, o qual, por sua vez, possui um Protetor infalível, que jamais cochila ou dorme e que, continuamente, zela por seus interesses. O mundo pode desprezar o crente, mas este não tem qualquer motivo para se sentir envergonhado. O pai e a mãe talvez o rejeitem, mas Cristo, que o recebeu, nunca o abandonará. O crente é amigo de Cristo mesmo depois de sua morte! As amizades deste mundo frequentemente permanecem apenas nos tempos de prosperidade e nos decepcionam, assim como fontes sem água, quando estamos extremamente sedentos; porém, a amizade do Filho de Deus é mais forte do que a morte e vai além da sepultura. O Amigo dos pecadores é alguém mais próximo que um irmão.
A morte do verdadeiro cristão é "dormir", e não uma aniquilação. Sem dúvida, é uma miraculosa e solene mudança, que não precisa ser considerada com inquietação. Os crentes não têm o que temer em relação às suas almas na ocasião da morte, pois seus pecados foram lavados no sangue de Cristo. O mais afiado aguilhão da morte é o sentimento de pecado não perdoado. Os verdadeiros cristãos não devem recear coisa alguma em referência a seus corpos nessa mudança; eles ressuscitarão e serão transformados à imagem do Senhor Jesus. O sepulcro é um inimigo vencido, pois devolverá seus habitantes, em segurança e saudáveis, no momento em que Cristo os chamar no último dia.
Lembremos essas verdades quando nossos queridos dormirem em Cristo ou quando recebermos a notícia de que deixaremos este mundo. Nessa hora, lembremo-nos de que nosso grande Amigo se preocupa com nossas almas, assim como com nossos corpos, e não permitirá que se perca nenhum dos fios de nosso cabelo. Nunca esqueçamos que o sepulcro é o lugar no qual nosso próprio Senhor esteve e que, assim como ele ressuscitou triunfante do túmulo, também seu povo fará o mesmo. Para o homem mundano, a morte tem de ser algo terrível, mas o crente pode afirmar com ousadia quando estiver deixando esta vida: "Eu me deitarei em paz e descansarei, pois tu, Senhor, me fazes habitar em segurança".
Por último, devemos observar nesses versículos quanto do temperamento natural ainda permanece no crente após a sua conversão. Ao saber que Lázaro estava morto e que, apesar do perigo, Jesus decidira retornar à Judeia, Tomé disse: "Vamos nós também para morrer com ele". Pode haver somente um significado nessa declaração: era uma linguagem de desespero e desânimo, que, nessas circunstâncias, não podia ver nada além de escuridão. Esse mesmo homem, que, mais tarde, não foi capaz de crer que seu Senhor havia ressuscitado e pensou que a notícia era muito boa para ser verdade, era um dos doze apóstolos e imaginava que, se retornassem à Judeia, todos morreriam!
Coisas assim são profundamente instrutivas e foram relatadas para nosso ensinamento. Mostram que a graca de Deus na conversão não transforma tanto um homem a ponto de remover todas as características naturais de seu caráter. Ouando passam da morte para a vida, tornando-se verdadeiros cristãos, o sanguíneo não deixa de ser completamente sanguíneo e o desanimado ainda permanece mostrando desânimo. Esse relato de João nos ensina que devemos levar em conta o temperamento natural, ao fazer nossa estimativa de um crente. Não temos de esperar que todos os filhos de Deus seiam iguais. Cada árvore, em uma floresta, tem suas peculiaridades de formato e crescimento, porém, a distância, parecem uma mesma porção de folhas. Cada membro do corpo de Cristo tem suas características distintivas; no entanto, todos são guiados pelo mesmo Espírito e amam o mesmo Senhor. As duas irmãs. Marta e Maria, os apóstolos Pedro, João e Tomé com certeza eram diferentes entre si em muitos aspectos, mais tinham algo em comum: amavam Cristo e eram amigos dele.
Estejamos certos de que realmente pertencemos a Cristo: essa é a única coisa verdadeiramente necessária. Se estamos certos disso, seremos guiados pelo caminho correto e bem-aventurados no final. Talvez não tenhamos a mesma animação que caracteriza determinado irmão, ou aquele zelo ardente, ou a gentileza de outros. Mas, se a graça reina em nosso íntimo e, por experiência própria, conhecemos o arrependimento e a fé, permaneceremos no lado direito do trono naquele grande
dia de juízo. Feliz é o homem sobre o qual, apesar de seus defeitos, Cristo declara aos anjos: "Este é meu amigo".
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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