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11/09/2024
Leia João 15.1-6
Esses versículos, precisamos lembrar com atenção, contêm uma parábola. Ao interpretá-la, não podemos
esquecer a grande regra que se aplica a todas as parábolas de Cristo. O ensino geral de todas elas é a primeira verdade a ser observada. Não precisamos insistir nos pequenos detalhes, interpretando-os em excesso, a ponto de encontrar um significado para todos eles. São muitos e imensos os erros em que os crentes têm caído por negligenciar essa regra. Em primeiro lugar, esses versículos nos ensinam que existe intima união entre Cristo e o crente. Ele é a "videira"; os crentes são os "ramos". A união entre os ramos e o caule principal de uma videira é a mais íntima que podemos imaginar. Nisso consiste o segredo de toda a vida, beleza, vigor e fertilidade do ramo. Se for desligado do caule, o ramo não possui vida em si mesmo. A seiva que flui através do caule é a fonte e o poder que mantêm todas as folhas, botões, flores e frutos. Arrancado do caule, logo o ramo há de secar e morrer
A união entre Cristo e o crente tanto é íntima como verdadeira. Em si mesmos, os crentes não possuem vida, poder ou vigor espiritual. Tudo que possuem em sua vida espiritual procede de Cristo. Eles são pessoas que vivem, se comportam e agem como crentes, porque recebem de Cristo um contínuo suprimento de graça, auxílio e capacidade. Unidos pela fé ao Senhor Jesus, em uma misteriosa união realizada pelo Espírito Santo, os crentes permanecem firmes, andam e percorrem a jornada da vida cristã. Mas qualquer sinal de bondade existente neles procede de seu Cabeça, o Senhor Jesus Cristo. Esse pensamento produz conforto e instrucão. Os crentes não têm motivo para se sentir desesperados quanto à sua salvação, imaginando que nunca chegarão ao céu. Devem meditar sobre o fato de que não foram deixados para viver por si mesmos, na dependência de seu próprio poder. Sua raiz é Cristo; tudo que existe na raiz tem em vista o benefício dos ramos. Se Cristo vive, eles também viverão. Os incrédulos não devem admirar-se da perseverança e da firmeza dos crentes. Embora sejam fracos, a raiz dos crentes está nos céus e jamais morrerá. "Quando sou fraco", disse o apóstolo Paulo, "então é que sou forte" (2Co 12.10).
Em segundo lugar, esses versículos nos ensinam que existem tanto os falsos como os verdadeiros crentes. Existem ramos na videira que parecem estar unidos ao caule principal, mas não produzem qualquer fruto. São homens e mulheres que aparentam ser membros do corpo de Cristo, porém, no último dia, ficará comprovado que não possuíam qualquer união com ele.
Nas igrejas, há miríades de pessoas que professam ser crentes, mas sua união com Cristo é apenas exterior e formal. Alguns pensam estar unidos a Cristo por causa do batismo ou por serem membros de igreja. Alguns vão muito além disso, tornando-se membros que participam da Ceia do Senhor e conversam com entusiasmo sobre as coisas espirituais. Mas falta-lhes algo necessário. Embora participem dos cultos, ouçam os sermões, tenham sido batizados e participem da Ceia do Senhor, não possuem a fé, a graça divina e a obra do Espírito Santo em seus corações. Não estão unidos a Cristo, e ele não está nessas pessoas. Sua união com Cristo é apenas nominal, e não verdadeira. Tais pessoas têm nome de que vivem, mas, aos olhos de Deus, estão mortas.
Esse tipo de crente é apresentado na figura dos ramos da videira que não produzem fruto. Inúteis e desagradáveis, esses ramos servem apenas para ser cortados e queimados, pois nada recebem da seiva do caule e não produzem resultado em troca do lugar que ocupam na videira. Assim ocorrerá no último dia com os crentes falsos, que apenas professam o nome de Cristo. Se não se arrependerem, seu fim será a eterna condenação. Ficarão eternamente separados da companhia dos verdadeiros crentes e, à semelhança dos ramos secos e inúteis, serão lançados no fogo eterno. Por fim, descobrirão que, não importando o que eles pensam neste mundo, existe o verme que não morre e o fogo que não se apaga.
Em terceiro lugar, esses versículos nos ensinam que os frutos do Espírito são a única evidência satisfatória de alguém ser um verdadeiro crente. O discípulo que "permanece" em Cristo, assim como o ramo que permanece na videira, produz muito fruto.
Aquele que deseja saber o significado do vocábulo "fruto" logo achará a resposta. Arrependimento para com Deus, fé em nosso Senhor Jesus Cristo, santidade de vida e de conduta - isso é o que o Novo Testamento chama de fruto. Essas marcas caracterizam a pessoa que vive como genuíno ramo da "videira verdadeira". Se não tivermos essas coisas, em vão confessaremos que possuímos graça divina e vida espiritual. Não existe vida onde não há frutos. Aquele que não possui essas virtudes, embora esteja vivo, encontra-se morto.
A verdadeira graça, não podemos esquecer, jamais é infrutífera. Não dorme, nem cochila. Em vão supomos que somos membros do corpo de Cristo, se o exemplo dele é a única evidência satisfatória da união salvadora que existe entre nossa alma e o Senhor Jesus. Não existe a verdadeira vida espiritual no coração em que não podemos ver o fruto do Espírito. O Espírito de vida em Cristo Jesus sempre se manifestará na vida e na conduta diária daqueles em quem ele habita. O próprio Senhor Jesus declarou: "Cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto" (Lc 6.44).
Por último, esses versículos nos ensinam que Deus frequentemente levará o crente a progredir em santidade por meio das providências que utiliza em seu lidar com ele. Está escrito: "Todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda". O significado dessas palavras é evidente. Assim como o viticultor poda e apara os ramos de uma vinha frutífera, a fim de torná-la mais frutífera, também Deus purifica e santifica os crentes nas circunstâncias da vida em que os coloca. Falando sinceramente, as provações são o instrumento pelo qual nosso Pai celestial torna o crente mais santificado. Por meio delas, o Pai desperta nos crentes suas virtudes passivas e comprova se eles são capazes de suportar a vontade dele, tão bem quanto o fazê-la. Por meio das provações, Deus os afasta do mundo, atraindo-os para Cristo, aproximando-os da Bíblia e da oração, fazendo-os conhecer seus próprios corações e tornando-os humildes. Esse é o processo pelo qual Deus "limpa" os crentes e os torna ainda mais frutíferos. A vida dos santos de todas as épocas é o melhor e mais verdadeiro comentário desse texto. Raramente encontramos um crente, do Antigo ou do Novo Testamento, que não tenha sido purificado por meio de sofrimentos e, à semelhança de seu Mestre, não tenha sido "um homem de dores".
Aprendamos a ser pacientes nos dias de trevas, se realmente conhecemos a união vital com Cristo. Sempre lembremos a doutrina ensinada nessa passagem, para que não murmuremos e nos queixemos por causa das aflições. Nossas provações visam fazer-nos o bem. Deus "nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade" (Hb 12.10). Fruto é algo que nosso Senhor deseja ver em nós; por isso, se achar necessário, utilizará a podadeira.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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