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Foto do escritorSónia Ramos

A importância de conhecer o Pai; a bondade de Cristo para com os fracos; os crentes desconhecem seus próprios corações; Cristo, a verdadeira fonte de paz

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15/10/2024

Leia João 16.25-33


Por duas razões, essa passagem é uma das mais notáveis porções das Escrituras. Ela

constitui uma adequada conclusão do longo discurso de nosso Senhor aos seus discípulos e contém a mais abrangente e unânime declaração de fé que os apóstolos fizeram: "Agora vemos que sabes todas as coisas (...) por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus".

Não podemos negar que esses versículos apresentam verdades de difícil entendimento. Mas, neles, encontramos três lições claras e úteis, que podemos considerar com proveito.

Em primeiro lugar, a passagem nos ensina que o conhecimento de Deus, o Pai, é um dos fundamentos do cristianismo. Nosso Senhor disse aos seus discípulos: "Vem a hora em que vos falarei claramente a respeito do Pai'. Devemos observar que Jesus não falou: "Eu vos falarei claramente a respeito de mim mesmo". Ele prometeu mostrar-nos o Pai.

A sabedoria dessa notável afirmativa é bastante profunda. O caráter e os atributos de Deus são assuntos sobre os quais os homens quase nada sabem. Não foi em vão que o Senhor Jesus declarou: "Ninguém conhece o Pai senão o filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11.27) e "Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (Jo 1.18). Milhões de pessoas imaginam que conhecem a Deus, porque pensam que ele é sábio, grande, todo-poderoso, eterno e sabe todas as coisas; contudo, não sabem mais nada sobre ele. Pensar que Deus é justo e justifica o pecador que crê em Jesus; saber que ele enviou seu Filho para sofrer e morrer, a fim de reconciliar consigo mesmo o mundo e pensar que Deus satisfez-se plenamente com o sacrifício expiatório de seu Filho, por meio do qual sua lei foi cumprida - essa maneira de pensar sobre Deus não é outorgada a todos os filhos dos homens. Não devemos ficar admirados de que nosso Senhor tenha dito: "Eu vos falarei claramente a respeito do Pai".

Em nossas orações, devemos suplicar diariamente que conheçamos melhor o "único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo", a quem ele enviou. Também estejamos cônscios dos erros que alguns cometem, ao falar sobre Deus como se Cristo não existisse, e dos enganos de outros que falam sobre Cristo como se o Pai não existisse. Procuremos conhecer igualmente as três pessoas da bendita Trindade, tributando a cada uma delas a honra devida. Guardemos firmemente em nossos corações a grande verdade de que o evangelho de nossa salvação resulta dos eternos conselhos do Pai, do Filho e do Espírito Santo; e de que somos completamente devedores ao amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Somente tem sido profundamente instruído por Cristo aquele homem que sempre se aproxima do Pai por intermédio do Filho, intensificando cada vez mais, tal como uma criança, sua confiança nele e constantemente entendendo com mais abrangência que em Cristo Deus não se mostra um Juiz severo, e sim um Amigo e um Pai amável.

Em segundo lugar, essa passagem nos ensina que nosso Senhor Jesus Cristo valoriza as pequenas virtudes e fala com bondade a respeito daqueles que as possuem. Ele disse aos seus discípulos: "O próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus".

Quão frágeis eram o amor e a fé daqueles apóstolos! Em breve, em poucas horas, eles seriam envolvidos por uma nuvem de incredulidade e covardia. Esses mesmos homens que Jesus elogiou por causa de seu amor e de sua fé, antes que o sol despontasse abandonariam Cristo e fugiriam. Entretanto, embora fracas, as virtudes espirituais deles eram autênticas, verdadeiras. Eram virtudes que milhares de eruditos fariseus, escribas e sacerdotes jamais obtiveram e, por isso mesmo, pereceram horrivelmente em seus pecados. Sejamos intensamente fortalecidos por meio dessa bendita verdade. O Salvador dos pecadores não lançará fora nenhum dos que creem nele, ainda que sejam bebês na fé e no conhecimento de Deus. Ele não "esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Por trás da imperfeição e da fraqueza, o Senhor Jesus vê a realidade e, onde a percebe, mostra-se graciosamente satisfeito. Os seguidores de um Salvador como esse podem sentir-se ousados e confiantes; eles têm um Amigo que não despreza o mais insignificante membro de seu rebanho e não despreza aqueles que vêm a ele, embora imperfeitos e fracos, mas que o buscam em verdade.

Também aprendemos nessa passagem que o melhor dos crentes conhece pouco o próprio coração. Vemos que os discípulos afirmaram em alta voz: "Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura. Agora vemos que sabes todas as coisas e não precisas de que alguém te pergunte; por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus". Que palavras ousadas! Porém, em breve, os mesmos homens que as pronunciaram seriam dispersos como ovelhas tímidas e abandonariam seu Senhor, deixando-o sozinho. Não precisamos duvidar da sinceridade dos onze apóstolos e de como eram verdadeiros. Estavam sendo honestos naquilo que afirmaram, mas não conheciam a si mesmos; não sabiam o que seriam capazes de fazer sob a pressão do temor dos homens e de grande tentação. Eles não avaliaram corretamente a fraqueza de sua própria carne, a fragilidade de sua resolução, a superficialidade de sua fé e o poder de Satanás. Eles ainda teriam de aprender por meio de dolorosas experiências. Assim como os recrutas de um exército, uma coisa é receber o treinamento e vestir o uniforme de soldado; outra coisa bem diferente é permanecer firme no dia da batalha. Estejamos atentos a essas verdades e aprendamos a ter sabedoria. Profunda humildade e não confiar em si mesmo constituem o verdadeiro segredo do poder espiritual. Um grande servo de Deus afirmou: "Quando sou fraco, então é que sou forte" (2Co 12.10). Talvez nenhum de nós tenha a menor ideia de até que ponto poderemos cair se, repentinamente, formos colocados diante de fortes tentações. Feliz é aquele que jamais esquece estas palavras: "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia" (1Co 10.12), e, recordando os discípulos de Cristo, suplica diariamente: "Sustenta-me, e serei salvo" (Sl119.117).

Por último, aprendemos que Cristo é a verdadeira fonte de paz. Nosso Senhor conclui seu discurso com estas afáveis palavras: "Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim". O objetivo e o alcance dessa afirmativa, desejava o Senhor que soubéssemos, eram atrair-nos para ele mesmo como única fonte de consolação. Ele disse que neste mundo passaremos por aflições; não fez promessa de nos isentar de tribulações enquanto estivermos neste corpo. Mas nos ordenou descansar no pensamento de que lutou e conquistou a vitória por nós. Embora afligidos, tentados e perturbados pelas coisas desta vida, não seremos destruídos. "Tende bom ânimo; eu venci o mundo", essas foram as palavras concludentes desse discurso de Jesus.

Nossas almas precisam descansar nessas revigorantes verdades e ser fortalecidas. Os ventos de aflição e perseguição podem ocasionalmente soprar com furor sobre nós; no entanto, somente permitamos que eles sirvam para nos aproximar ainda mais de Cristo. As tristezas, dificuldades, perdas e os desapontamentos desta vida podem fazer-nos sentir profundamente abatidos; porém, devemos permitir que essas coisas tornem mais intensa nossa dependência de Cristo. Apegando-nos a essa promessa, acheguemo-nos com ousadia, em meio a cada provação, junto ao trono da graça, a fim de obter misericórdia e graça na ocasião oportuna. Sempre digamos: "Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu" (SI 42.5); e confessemos ao nosso gracioso Jesus: "Senhor, não disseste: 'Tende bom ânimo'? Senhor, faze como disseste e concede-nos bom ânimo até ao final".


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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