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29/06/2024
Leia João 8.31-36
Esses versículos nos mostram, em primeiro lugar, a importância da perseverança na vida cristã.
Naquela época, muitos professaram crer no Senhor Jesus e expressaram o desejo de se tornar seus
discípulos. Contudo, nada indica que possuíam a fé verdadeira. Parecem ter agido sob a influência das emoções do momento, sem ponderarem sobre o que estavam fazendo. O Senhor pronunciou esta instrutiva advertência: "Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos".
Essas palavras contêm um tesouro de sabedoria. Iniciar no cristianismo é relativamente fácil. Há diversos motivos que nos impulsionam. O amor pelas coisas novas, a admiração de crentes bem-intencionados mas pouco sábios, a satisfação íntima de sentir "quão bom eu sou", a empolgação natural de estar em uma nova situação - todas essas coisas se combinam para auxiliar o principiante. Motivado por elas, ele começa a percorrer a jornada que conduz ao céu, abandona os maus hábitos e adquire novos, tem novos pensamentos e sentimentos e, por um tempo, prossegue às mil maravilhas. Mas, quando o frescor desses sentimentos se desvanece e se perde, quando o mundo e o diabo começam a pressioná-lo, quando as fraquezas de seu coração aparecem, então percebe as reais dificuldades do verdadeiro cristianismo. Descobre a profunda sabedoria das palavras de nosso Senhor. O ato de continuar, e não simplesmente de começar, no cristianismo é o teste da verdadeira graça de Deus.
Devemos lembrar essas coisas ao formarmos nossa estimativa a respeito do cristianismo de outras pessoas. Sem dúvida, temos de ser gratos a Deus quando vemos uma pessoa abandonando o mal e aprendendo a fazer o bem. Não podemos desprezar "o dia dos humildes começos'" (Zc4.10). Porém, devemos lembrar que começar é uma atitude simples; continuar é outra bem diferente. A perseverança contínua em fazer o bem é a única evidência segura de que recebemos a graça. Quem corre de tal maneira que pode alcançar "o prêmio" (1Co 9.24) não é o que faz isso no início, de maneira rápida e apressada, mas, sim, o que corre em uma velocidade constante. Tenhamos esperança quando virmos algo parecido com a conversão. No entanto, não nos asseguremos de haver ocorrido uma verdadeira conversão até que o tempo estampe seu selo. O tempo e o uso provam se os metais são frágeis ou resistentes. De modo semelhante, provam a veracidade da vida espiritual de um homem. Onde há vida espiritual, ali também existe contínua perseverança. O verdadeiro discípulo de Cristo é aquele que continua tão bem quanto começou em sua vida cristã.
Esses versículos também nos mostram a natureza da verdadeira escravidão. Os judeus amavam vangloriar-se, embora não tivessem fundamento correto, de que eram politicamente livres e de que não eram escravos de qualquer poder estrangeiro. Nosso Senhor recordou-lhes que havia outra escravidão à qual eles não davam a mínima atenção, ainda que estivessem subjugados a ela.
Quão profunda é essa verdade! Quantas pessoas, em todo o mundo, são escravas do pecado, embora não admitam isso! Tornaram-se cativas de suas habituais fraquezas e corrupções, mostrando-se incapazes de se libertar. Ambição, amor ao dinheiro, paixão por bebidas, desejo por prazeres e divertimento, jogos de azar, glutonaria, relações ilícitas - todas essas coisas dominam os homens. Todas possuem multidões de infelizes prisioneiros, acorrentados por mãos e pés. Os miseráveis prisioneiros não admitem sua escravidão. As vezes, orgulham-se de ser eminentemente livres. No entanto, existem ocasiões em que o fogo da aflição penetra-lhes a alma e eles percebem, amargamente, que, de fato, são escravos.
Não existe escravidão semelhante a essa. O pecado realmente é o mais severo de todos os senhores. Miséria e infelicidade nesta vida; desespero e inferno no porvir - esses são os únicos salários que o pecado paga aos seus súditos. Libertar o homem dessa escravidão é o grande objetivo do evangelho. Despertar as pessoas para que percebam sua degradação, mostrar-lhes as correntes em que estão presas, fazer com que acordem e lutem para ser livres - esse é o grande alvo pelo qual Cristo enviou seus ministros. Feliz é a pessoa que teve seus olhos abertos e descobriu o perigo. Saber que estamos cativos é o primeiro passo em direção à liberdade.
Por último, esses versículos nos mostram a natureza da verdadeira liberdade. Nosso Senhor declarou-a ao judeus, utilizando uma sentença abrangente: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres". A liberdade, todos sabemos, é reputada como uma das mais sublimes bênçãos temporais. Ser liberto da dominação estrangeira, Constituição, comércio e impressa livre, liberdade civil e religiosa - quantos significados encontram-se nessas expressões! A fim de manter os conceitos representados por essas palavras, muitas pessoas já sacrificaram suas vidas e seus bens. Contudo, apesar de toda a nossa vanglória, os supostos homens livres não passam de escravos. Existem muitos que ignoram completamente a mais sublime e pura forma de liberdade. Essa liberdade é uma propriedade do verdadeiro cristão. As pessoas perfeitamente livres são apenas aquelas que o "Filho" liberta. Todas as demais, cedo ou tarde, descobrirão que são escravas.
Em que consiste a liberdade dos verdadeiros cristãos? Eles se tornam livres da culpa e das consequências do pecado, por intermédio do sangue de Cristo. Ao serem justificados, perdoados e purificados, podem olhar com ousadia para o Dia do Julgamento e afirmar: "Quem intentará acusação contra nós? Quem nos condenará?". Pelo Espírito de Cristo, eles são libertos do poder do pecado, que não tem mais domínio sobre eles. Visto que foram regenerados, convertidos e santificados, mortificam e vencem o pecado, não sendo mais levados cativos por ele. Essa liberdade pertence a todos os verdadeiros cristãos desde o momento em que vieram a Cristo e lhe entregaram suas almas. Naquela ocasião, tornaram-se livres e têm essa liberdade para sempre. A morte não os destruirá. Nem mesmo o sepulcro poderá reter seus corpos por muito tempo. Aqueles que Cristo libertou estão libertos por toda a eternidade.
Jamais descansemos até que, por experiência própria, tenhamos essa liberdade. Sem ela, qualquer outra liberdade é apenas um privilégio inútil. Liberdade política, comercial, nacional - nenhuma delas pode confortar alguém em seus últimos dias, nem mesmo anular o aguilhão da morte, ou conceder paz à nossa consciência. Somente a liberdade que Cristo outorga pode fazer isso. E ele a oferece gratuitamente a todos aqueles que a buscarem com humildade. Por conseguinte, não descansemos até que ela nos pertença.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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