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30/06/2024
Leia João 8.37-47
As verdades ensinadas nessa passagem são peculiares a todas as épocas. A igreja e os crentes se beneficiarão em meditar cuidadosamente nesses assuntos.
Em primeiro lugar, somos instruídos sobre a ignorante justiça própria do homem natural. Vemos os judeus vangloriando-se de sua descendência natural de Abraão, como se isso cobrisse toda a imperfeição deles: "Nosso pai é Abraão". Além disso, reivindicaram ser os favoritos de Deus, pertencentes à sua família: "Temos um pai, que é Deus". Eles esqueceram que o relacionamento carnal com Abraão era inútil, a menos que desfrutassem a graça que o salvou. Esqueceram que o fato de Deus haver escolhido Abraão para ser o cabeça de uma nação favorecida jamais tinha o propósito de trazer salvação aos descendentes, a menos que andassem nos mesmos passos de seu progenitor. Por causa de seu conceito iludido a respeito de si mesmos, os judeus recusaram-se a perceber tudo isso. "Somos judeus, somos filhos de Deus", esse era o argumento deles!
Por mais estranho que pareça, há milhares de pessoas que se declaram cristãs e agem exatamente como aqueles judeus. A religião delas consiste apenas em alguns conceitos não melhores e mais sábios do que esses propostos pelos inimigos de nosso Senhor. Confessam que vão regularmente à igreja, já foram batizadas e participam da Ceia do Senhor; todavia, não podem dizer-nos nada mais além disso. Ignoram todas as doutrinas essenciais do evangelho. Não conhecem coisa alguma acerca da graça divina, do arrependimento, da santidade e de um espírito de humildade. Porém, são pessoas que frequentam a igreja e esperam ir para o céu! Existem milhares nessa condição. Parece triste, mas, infelizmente, é verdade. Gravemos em nossas mentes, de que o fato de participar de uma boa igreja e de ser nascido em uma família de crentes não constitui uma prova de que nós mesmos estamos no caminho da salvação. Precisamos mais do que isso; é necessário que sejamos unidos ao próprio Cristo por meio de uma fé viva. Temos de conhecer pessoalmente a obra do Espírito em nossos corações. "Os princípios da igreja" e "ser bom membro de igreja" parecem rótulos excelentes; todavia, não livrarão nossas almas da ira vindoura, tão pouco nos darão ousadia no Dia do Juízo.
Em segundo lugar, somos instruídos sobre as verdadeiras marcas da filiação espiritual. Nosso Senhor tornou isso evidente através de duas poderosas afirmativas. Quando os judeus disseram: "Nosso pai é Abraão", Jesus respondeu: "Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão". Quando os judeus afirmaram: "Temos um pai, que é Deus", Jesus replicou-lhes: "Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis de amar".
Permitamos que essas palavras de nosso Senhor aprofundem-se em nossos corações. Elas respondem a dois dos mais enganosos e comuns erros da atualidade. Existe outro assunto mais comum do que o ensino sobre a paternidade universal de Deus? "Todos os homens", dizem-nos, "são filhos de Deus, não importando sua crença ou sua religião; por fim, todos obterão um lugar na casa do Pai, onde há muitas moradas". Além disso, existe outro assunto mais comum do que o ensino sobre a eficiência do batismo e da importância de ser membro de igreja? "Através do batismo, alguns afirmam com segurança, "todas as pessoas tornam-se filhos de Deus; todos os membros de igreja, sem distinção, têm o direito de ser chamados filhos e filhas do Senhor Todo-poderoso".
Afirmações desse tipo jamais podem ser harmonizadas com o evidente ensino de nosso Senhor, na passagem que estamos considerando. Se as palavras expressam algum significado, nenhum homem que não ama Jesus é realmente um filho de Deus. As amáveis palavras proferidas no culto de batismo ou a esperançosa afirmativa de uma declaração doutrinária podem dizer-lhe que você pertence à família de Deus. No entanto, a realidade da filiação a essa família e todas as bênçãos que a acompanham são possuídas somente por aquele que, com sinceridade, ama Jesus (Ef6.24). Em assuntos semelhantes a esse, não nos devemos deixar abalar por meras alegações. Temos condições de rejeitar a acusação de menosprezar a importância das ordenanças. Precisamos apenas indagar: "O que está escrito na Bíblia? O que o Senhor disse?". E, com essas palavras de Jesus em mente, podemos somente concluir: "Se alguém não ama Cristo, também não pertence à família de Deus".
Por último, esses versículos nos instruem sobre a realidade e o caráter de Satanás. Nosso Senhor falou a respeito dele como alguém cuja existência e cuja personalidade são inquestionáveis. Em palavras solenes de severa repreensão, ele declarou aos seus inimigos incrédulos: "Vós sois do diabo, que é vosso pai", sendo guiados por ele e, infelizmente, mostrando que sois semelhantes a ele. Em seguida, o Senhor Jesus retratou o diabo em cores drásticas, descrevendo-o como "homicida desde o princípio", "mentiroso e pai da mentira".
O diabo é uma realidade! Temos um inimigo invisível sempre ao nosso redor, alguém que jamais cochila ou dorme, que segue nossos passos e está próximo às nossas camas, espionando nossos caminhos até à morte. Ele é um homicida! Seu grande objetivo é arruinar-nos para sempre e destruir nossas almas. Destruir, roubar-nos a vida eterna e levar-nos à segunda morte no inferno são coisas em favor das quais ele está constantemente trabalhando. Ele está sempre procurando alguém para devorar. Satanás é mentiroso! Está continuamente procurando enganar-nos por meio de falsos conceitos, assim como iludiu Eva, no princípio. Está sempre ensinando que o bom é mau e o mau, bom; a verdade é mentira, e esta, a verdade; o caminho largo é excelente, e o estreito, ruim. Milhares são levados cativos pelos enganos de Satanás e o seguem, tanto ricos como pobres, cultos e iletrados. As mentiras são suas armas prediletas; através delas, ele destrói muitos. Esses fatos são terríveis, mas verdadeiros. Vivamos como pessoas que acreditam neles. Não sejamos semelhantes âqueles que escarnecem e zombam da existência do próprio ser que, de forma invisível, os leva para o inferno. Creiamos que Satanás é uma realidade e lutemos contra suas tentações. Ainda que ele seja poderoso, há outro maior do que ele, Aquele que disse a Pedro: "Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça" (Lc 22.32). Diante da existência de um ser como o diabo, que vive à solta pelo mundo, jamais devemos nos admirar de ver o mal ser tão abundante entre nós. Mas, com Cristo ao nosso lado, não precisamos temer. Maior é aquele que está conosco do que aquele que está contra nós. A Palavra de Deus
afirma: "Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7); "E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás" (Rm 16.20).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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