29/05/2024
Leia João 6.41-51
Verdades de singular importância se sucedem, umas após as outras, no capítulo que estamos examinando.
Provavelmente, em poucas partes da Bíblia encontram-se reunidas tantas "verdades profundas" como as de João A passagem que lemos é um exemplo disso. Nesses versículos, aprendemos que a condição de humildade assumida por Cristo, durante sua vida na terra, foi uma pedra de tropeço para o homem natural. Lemos: "Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. E diziam: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu?". Se o Senhor tivesse vindo como um rei conquistador, com riquezas e honras para conceder aos seus seguidores e com exércitos poderosos sob o seu comando, aqueles homens estariam dispostos a recebê-lo. No entanto, um Messias pobre e humilde era uma ofensa para eles. O orgulho de seus corações os impediu de crer que ali estava o enviado de Deus.
Esse fato em nada nos surpreende. Com isso, vemos a natureza humana mostrando seu verdadeiro caráter. O mesmo também ocorreu nos dias dos apóstolos. Cristo crucificado era "escândalo para os judeus, loucura para os gentios" (1Co 1.23). A cruz era uma ofensa para muitos, onde quer que o evangelho fosse pregado. Em nossos dias, podemos observar o mesmo acontecendo. Ao nosso redor, há muitos que odeiam as evidentes doutrinas do evangelho, por causa do caráter de humildade que apresentam. Tais pessoas não conseguem suportar a verdade da expiação, do sacrifício e da substituição realizada por Cristo. Aprovam os ensinamentos morais e admiram o exemplo de abnegação dado por ele. Mas fale sobre o sangue de Jesus, sobre ter sido feito pecado por nós; diga-lhes que a morte de Cristo é a pedra angular de nossa esperança e que a pobreza do Senhor Jesus se tornou a nossa riqueza; faça isso e verá como abominam essas verdades com ódio mortal. A ofensa da cruz certamente ainda não cessou!
Nesses versículos também aprendemos a falta de capacidade e poder do homem natural para se arrepender ou crer. Encontramos aqui o Senhor Jesus dizendo: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer". Enquanto o coração não for atraído pela graça de Deus, o homem não poderá crer.
A solene verdade contida nessas palavras deve ser considerada com especial atenção. É inútil contestar que, sem a graça de Deus, alguém pode tornar-se um cristão verdadeiro. Estamos espiritualmente mortos e não temos capacidade para dar vida a nós mesmos. Precisamos que uma nova vida, que venha do alto, seja implantada em nós. Os fatos comprovam, e os pregadores reconhecem isso. O décimo artigo da Igreja Anglicana declara expressamente: "Após a Queda de Adão, a condição do homem é tal que, por sua força natural e suas boas obras, não pode mudá-la e preparar-se para crer ou clamar por Deus". Esse testemunho é verdadeiro.
Mas, afinal de contas, em que consiste essa incapacidade do homem? Em que parte de nossa natureza interior está a deficiência? Esse é um ponto sobre o qual surgem muitos erros. De uma vez por todas, lembremos que a vontade do homem é a parte na qual se encontra a incapacidade. Sua falta de capacidade não é física, mas, sim, moral. Não seria verdadeiro afirmar que o homem tem o desejo sincero e a vontade autêntica de vir a Cristo, mas que não possui forças para isso. Seria mais verdadeiro dizer que o homem não tem poder para vir a Cristo porque não tem desejo ou vontade de fazer isso. Não é verdade que ele desejaria vir a Deus, caso pudesse. O correto é declarar que ele viria a Deus se o desejasse. A vontade corrompida, as inclinações secretas e a necessidade do coração são as verdadeiras causas da incredulidade. É nesse aspecto que reside o engano. A capacidade de que necessitamos é, na verdade, uma nova vontade. É exatamente nesse ponto que precisamos ser "trazidos".
Sem dúvida, esses assuntos são profundos e misteriosos. Por meio de verdades assim, Deus prova a fé e a paciência de seu povo. Seus filhos podem realmente crer nele e esperar por uma explicação mais completa no último dia? O que não compreendem agora compreenderão mais tarde. De qualquer maneira, permanece bastante clara a responsabilidade do homem por sua alma. Tanto sua incapacidade como sua responsabilidade são reais. A incapacidade de vir a Cristo não o isenta de prestar contas. Se ele se perder, ficará provado que foi por sua própria culpa. Seu sangue recairá sobre sua cabeça. Cristo o teria salvo, mas ele não quis ser salvo; não quis vir a Cristo para obter vida.
Por último, aprendemos que a salvação daquele que crê é algo presente. O Senhor Jesus Cristo assegurou: "Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna". Devemos notar que a vida eterna é uma possessão presente. Jesus não disse que aquele que crê a receberá no último dia, por ocasião do julgamento final. Agora, no tempo presente e neste mundo, essa vida se torna uma propriedade do crente, que possui a vida eterna desde o momento em que crê.
Esse é um assunto que nos inquieta sobremaneira e a respeito do qual se cometem inúmeros erros. Muitos pensam que não é possível recebermos nesta vida o perdão e a aceitação da parte de Deus. Essas coisas, dizem, são conseguidas ao longo de uma vida de arrependimento, fé e santidade; poderão ser recebidas apenas diante do tribunal de Deus, no último dia. Afirmam também que nem mesmo devemos ter a pretensão de obtê-las, enquanto vivemos neste mundo! Pensar assim é estar completamente enganado. O pecador é justificado e aceito por Deus no exato momento em que crê em Cristo. Para ele, não há mais condenação. Ele desfruta a paz com Deus, imediatamente, sem qualquer demora. Seu nome está escrito no livro da vida, ainda que tenha pouca consciência disso. Ele passa a ter direito ao céu, direito esse que nem a morte, nem o inferno, tão pouco Satanás podem anular. Felizes são os que conhecem essa verdade! Essa é uma parte essencial das boasnovas do evangelho.
Finalmente, o assunto fundamental que devemos considerar é se realmente cremos. O que ganharemos com o fato de Cristo ter morrido em favor dos pecadores, se não cremos nele? "Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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