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Foto do escritorSónia Ramos

A dureza de um coração ímpio; a voluntariedade dos sofrimentos de Cristo; o cuidado de Cristo pela segurança de seu povo; a submissão dele à vontade do Pai

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19/11/2024

Leia João 18.1-11


Esses versículos iniciam o relato do apóstolo João acerca dos sofrimentos e da crucificação de nosso

Senhor. Agora, contemplamos as cenas finais do ministério terreno de Cristo, passando imediatamente de sua intercessão ao seu sofrimento. Percebemos que, assim como os outros evangelistas, o discípulo amado relata em detalhes a história da crucificação. Mas também vemos, se lermos com atenção, que o apóstolo João menciona vários assuntos interessantes, não referidos por Mateus, Marcos e Lucas.

Em primeiro lugar, vemos nesses versículos a excessiva dureza que pode tomar conta do coração de uma pessoa impia. Somos informados de que Judas, um dos apóstolos, tornou-se o guia daqueles que prenderam Jesus. Judas utilizou o conhecimento que possuía sobre o lugar para o qual Jesus costumava retirar-se e trouxe os terríveis inimigos do Senhor. João nos conta que "Judas, o traidor, estava também com" o grupo de oficiais e soldados que se aproximou de Jesus, a fim de prendê-lo. Mas esse foi o homem que, durante três anos, esteve na companhia de Jesus, viu seus milagres, ouviu seus sermões, desfrutou dos benefícios de sua instrução particular, professava ser crente, trabalhou e pregou em nome de Cristo! Com razão, poderíamos indagar: "Senhor, que é o homem?". Para alguém cair do mais elevado grau de privilégio para as profundezas do pecado, são necessários apenas alguns passos. Um privilégio mal utilizado é capaz de paralisar a consciência. O mesmo fogo que derrete a cera endurece a argila.

Tenhamos cuidado para não fundamentar nossa esperança de salvação em conhecimento religioso, embora o tenhamos em abundância, ou em vantagens espirituais, ainda que sejam muitas. Talvez conheçamos todas as verdades doutrinárias e sejamos capazes de ensiná-las aos outros, mas, apesar disso, essas coisas podem mostrar-se inúteis, lançando-nos na condenação eterna, assim como Judas Iscariotes. Podemos nos aquecer em todo o resplendor dos privilégios espirituais, ouvir os melhores ensinos de Cristo e não produzir fruto para a glória de Deus; por conseguinte, seremos contados como varas murchas e lancados no fogo. "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia" (1Co 10.12). Acima de tudo, tenhamos cuidado para não alimentar em nossos corações qualquer pecado oculto e habitual, tal como amor ao dinheiro ou ao mundo. Um elo que falta na corrente da âncora de um navio pode causar um naufrágio. Um pequeno vazamento pode afundar um barco. Um pecado não mortificado pode arruinar um crente professo. Aquela pessoa tentada a ser negligente no que se refere à sua vida espiritual deve meditar nessas coisas e tomar cuidado. Lembre-se de Judas Iscariotes, cuja história é uma lição.

Em segundo lugar, vemos nesses versículos a completa voluntariedade dos sofrimentos de Cristo. Quando, pela primeira vez, o Senhor Jesus disse aos soldados: "Sou eu", eles recuaram e caíram por terra (Jo 18.6). Sem dúvida, um poder invisível e secreto acompanhou as palavras de Jesus. Essa é a única maneira de explicar como um destacamento de soldados romanos caiu por terra diante de um homem desarmado e sozinho. O mesmo poder invisível que fez os sacerdotes e fariseus permanecerem quietos diante da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e reteve toda oposição quando ele purificou o templo, expulsando os vendedores e cambistas; esse mesmo poder estava presente agora. Um verdadeiro milagre aconteceu, embora poucos o tenham visto. No momento em que o Senhor parecia fraco, demonstrou que era forte.

Sempre lembremos que nosso Senhor sofreu e morreu por vontade própria, e não porque não pudesse impedi-lo. Ele não sofreu por ser incapaz de evitá-lo. Todo o exército de Herodes não poderia prendê-lo se ele não estivesse disposto a ser preso. Não lhe teriam machucado a cabeça se ele não lhes tivesse permitido. Nessa ocasião, como em todo o seu ministério terreno, Jesus foi um sofredor voluntário; havia decidido realizar a obra de redenção. Ele nos amou e entregou-se a si mesmo alegre e espontaneamente, a fim de propiciar expiação para nossos pecados. Foi a "alegria que lhe estava proposta" que o fez suportar a cruz e não fazer caso da ignomínia, entregando-se sem relutância aos seus inimigos. Esse pensamento deve estar sempre em nossos corações e refrigerar nossas almas. Temos um Salvador que está mais disposto a nos salvar do que nós a sermos salvos. Se ainda não estamos salvos, a culpa é nossa. Jesus se mostra tão disposto a receber e perdoar as pessoas quanto esteve disposto a ser preso, crucificado e morto.

Em terceiro lugar, vemos nesses versículos a terna misericórdia do Senhor Jesus demonstrada em sua preocupação com a segurança dos discípulos. Nesses momentos críticos, quando seus sofrimentos estavam prestes a começar, ele não esqueceu o pequeno grupo de discípulos que estivera com ele. O Senhor Jesus lembrou a imperfeição deles. Sabia que seus discípulos ainda não estavam prontos para enfrentar a fornalha de aflição na casa do sumo sacerdote e no tribunal de Herodes. Misericordiosamente, ele lhes providenciou um escape: "Se é a mim, pois, que buscais, deixai ir estes". Parece mais provável que uma miraculosa influência tenha acompanhado essas palavras. De qualquer maneira, nenhum fio de cabelo de seus discípulos foi tocado. Enquanto o pastor estava sendo preso, as ovelhas tiveram permissão de fugir sem qualquer dano. Não devemos hesitar em ver nesse incidente uma ilustração da maneira como Jesus lida com seus discípulos até hoje. Ele não permitirá que sejam tentados além de suas forças. Haverá de controlar os ventos e as tempestades, não permitindo que os crentes, embora fustigados, sejam completamente destruídos. Ele cuida com ternura de cada um de seus filhos e, à semelhança de um médico sábio, dispensa com prudente habilidade a correta medida de provações de que eles necessitam. "Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão" (Jo 10.28). Sempre devemos descansar nessa preciosa verdade. Em nossas horas mais difíceis, os olhos do Senhor estão sobre nós, e, com certeza, ao final estaremos seguros.

Por último, vemos nesses versículos a perfeita submissão de nosso Senhor à vontade do Pai. Antes, no Jardim do Getsêmani, Ele havia dito: "Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres". E, de novo, ele orou: "Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade" (Mt 26.39-42). Agora, entretanto, Jesus demonstra mais uma porção de alegre aquiescência: "Não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?".

Vejamos essa bendita atitude de nosso Senhor como um exemplo para todos os que confessam ser crentes. Ainda que fiquemos aquém do padrão do Senhor Jesus para nossas vidas, o exemplo que ele nos deu deve ser sempre nosso alvo. A determinação de seguir nosso próprio caminho e fazer o que gostamos causa muita infelicidade. O hábito de apresentar ao Senhor todos os nossos assuntos, em oração, pedindo-lhe que escolha o nosso caminho, é o grande segredo para desfrutarmos paz. O homem verdadeiramente sábio é aquele que aprendeu a dizer em todas as circunstâncias da vida: "Dá-me o que tu quiseres, coloque-me onde desejares, faça comigo o que for do teu agrado. Faça-se a tua vontade, e não a minha". Esse é o homem que tem a mente de Cristo. Por causa da vontade própria, Adão e Eva caíram, trazendo o pecado e a miséria para o mundo. A completa submissão à vontade de Deus é a melhor preparação para o céu, onde Deus será tudo.


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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