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Foto do escritorSónia Ramos

A dureza de coração e a incredulidade do homem; o motivo pelo qual muitos odeiam Cristo; diversas opiniões sobre a pessoa de Cristo


19/06/2024

Leia João 7.1-13


O capítulo que agora consideramos está separado do anterior por um período longo. João mantém

algum silêncio a respeito dos milagres que o Senhor realizou enquanto "andava pela Galileia". Os fatos que

João estava especialmente inspirado a registrar foram os que ocorreram em Jerusalém ou nas proximidades.

Em primeiro lugar, devemos observar, nessa passagem, a intensa dureza de coração e a incredulidade da natureza humana. Somos informados de que "nem mesmo os seus irmãos criam nele". Jesus era manso, imaculado e santo, mas alguns de seus parentes mais próximos não o receberam como o Messias. "Os judeus procuravam matá-lo", e isso era triste. Porém, pior ainda era a incredulidade de seus irmãos.

Nesse acontecimento, destaca-se, de maneira evidente, a grande doutrina bíblica sobre a necessidade de o homem receber a graça divina, que o leva a se converter e se resguardar do pecado. Os que questionam a doutrina devem ler essa passagem e refletir sobre ela: devem observar que ver os milagres de Cristo, ouvir seus ensinos e viver em sua companhia não foram suficientes para converter os homens. O simples fato de desfrutar privilégios espirituais não transforma ninguém em filho de Deus. Tudo isso é inútil sem a operação eficaz do Espírito Santo de Deus. Não nos admiramos que o Senhor tenha afirmado: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer" (Jo 6.44).

Os verdadeiros servos de Cristo farão bem se recordarem essa verdade. Eles, em geral, se veem surpresos e perplexos ao notarem que permanecem sozinhos servindo a Cristo. Tendem a pensar que, por sua culpa, muitos não experimentam a mesma conversão que eles. Estão prontos a culpar a si mesmos pelo fato de que seus familiares permanecem incrédulos e mundanos. Tais servos devem observar a passagem que estamos examinando. O Senhor Jesus não cometeu qualquer falta, seja em palavras, seja em ações. Contudo, nem mesmo seus irmãos "criam nele".

Nosso Mestre bendito sabe realmente o que significa compadecer-se dos filhos que permanecem sozinhos. Nessa verdade, há abundante doçura, satisfação e indizível consolo. Ele conhece o íntimo de cada um de seus filhos e deles se compadece por causa das provações que enfrentam. Cristo já experimentou esse cálice de amargura e essas chamas de aflição. Os que se sentem fracos e rejeitados porque seus parentes desprezam seu relacionamento com Deus devem buscar conforto em Cristo, derramando diante dele seus corações. Pois, de modo semelhante, ele mesmo "sofreu, tendo sido tentado", e mostra-se capaz de sentir nossas aflições e socorre-nos (Hb2.18).

Também devemos observar o motivo principal pelo qual muitos odeiam Cristo. A passagem nos informa que o Senhor disse aos seus irmãos incrédulos: "Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más".

Essas palavras revelam um dos princípios que influenciam a maneira de o homem considerar a vida espiritual. Elas explicam a razão da inimizade mortal que muitos demonstraram para com Cristo e seu evangelho, durante seu ministério na terra. O que ofendia os ouvintes não era tanto a sã doutrina pregada, mas o elevado padrão de vida que ele proclamava. Tão pouco era a atitude de Jesus em se declarar o Messias que realmente desagradava os homens, mas, sim, o testemunho dado por ele contra a impiedade de suas vidas. Em resumo, se Cristo tão somente houvesse deixado de apontar os pecados dos homens, esses teriam suportado os ensinamentos dele.

Podemos estar certos de que esse princípio tem aplicação universal. O que acontece agora é o mesmo que acontecia nos tempos de Cristo. A verdadeira causa de muitos não gostarem do evangelho é a santidade de vida que ele requer. Quando apenas ensinamos doutrinas abstratas, poucos encontram dificuldade para aceitá-las. Mas, se denunciamos os pecados cometidos no dia a dia e chamamos os homens ao arrependimento e a uma vida de comunhão com Deus, milhares de pessoas se ofendem.

A verdadeira razão pela qual muitos afirmam não crer no cristianismo e até mesmo o criticam é que ele testemunha contra o mau proceder dessas pessoas. De modo semelhante a Acabe, odeiam o cristianismo porque este nunca profetiza a respeito delas "o que é bom, mas somente o que é mau" (1Rs 22.8).

Por último, devemos observar nessa passagem a diversidade de opiniões que, desde aquele tempo, existe sobre a pessoa de Cristo. O texto nos informa que "havia grande murmuração a seu respeito entre as multidões. Uns diziam: ele é bom. E outros: Não, antes, engana o povo." A predição que Simeão pronunciara há trinta anos agora se cumpria de maneira surpreendente. Ele dissera à mãe de Jesus: "Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição (...) para que se manifestem os pensamentos de muitos corações" (Lc 2.34-35). Na diversidade de opiniões levantadas entre os judeus a respeito do Senhor Jesus, vemos o cumprimento das palavras daquele bom ancião.

Diante de uma passagem como essa, não devemos ficar surpresos com as inúmeras divergências e divisões, concernentes à religião, vistas com abundância em nossos dias. O ódio sincero que alguns demonstram por Cristo; os que criticam, procuram falhas e têm o espírito preconceituoso; os poucos fiéis que testemunham corajosamente de sua fé; o grande número de crentes que temem os homens; e a incessante guerra de palavras e troca de ofensas - todas essas são coisas familiares à Igreja e sintomas modernos de uma enfermidade bastante antiga. A corrupção da natureza humana tem um caráter tal que, onde Cristo é anunciado, torna-se motivo de divisão entre os homens. Enquanto este mundo existir, alguns que ouvirem a respeito de Jesus o amarão, enquanto outros o odiarão; alguns crerão nele, outros não. Essa profunda declaração profética de nosso Senhor continuamente se cumprirá: "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz mas espada" (Mt 10.34).

O que pensamos sobre a pessoa de Cristo? Essa é a única indagação que deve nos preocupar. Jamais nos envergonhemos de pertencer ao pequeno grupo dos que seguem Cristo, creem nele, ouvem sua voz e o confessam perante os homens. Enquanto alguns desperdiçam o tempo em discussões e controvérsias inúteis, tomemos a cruz e procuremos diligentemente confirmar nossa eleição e chamada. Os filhos deste mundo podem nos odiar, assim como fizeram a nosso Mestre, porque nossa vida espiritual é uma firme testemunha contra eles. Porém, o último dia mostrará que fizemos a escolha certa: nada perdemos e ganhamos uma "imarcescível coroa da glória"


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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