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12/07/2024
Leia João 11.1-6
Esse capitulo e um dos mais notaveis do Novo Testamento. No que se refere a solenidade, à grandeza e à simplicidade, jamais foi escrito algo semelhante a essa passagem. Ela descreve um milagre que não foi relatado em nenhum outro evangelho: a ressurreição de Lázaro. Em nenhum outro texto das Escrituras, podemos encontrar prova tão convincente do poder divino de nosso Senhor. Em seu caráter divino, ele fez a própria morte libertar seu inquilino; não encontramos outra ilustração tão marcante da capacidade de nosso Senhor simpatizar com seu povo. Em sua natureza humana, ele pôde sentir-se entristecido por causa de nossas enfermidades. Esse milagre marcou o fim do ministério terreno de Cristo; a vitória em Betânia ocorreu pouco antes de sua crucificação no Calvário.
Esses versículos nos ensinam que os verdadeiros discípulos podem ficar doentes, assim como as outras pessoas. Somos informados de que Lázaro era alguém que Jesus amava e irmão de duas conhecidas mulheres piedosas. Todavia, ele ficou doente, até à morte! O Senhor Jesus, que tinha poder sobre todas as enfermidades, poderia ter impedido essa doença, se considerasse conveniente. Mas ele permitiu Lázaro ficar doente, em dores e fadiga, debilitado e em sofrimento, assim como qualquer outra pessoa.
Essa lição tem de ser gravada profundamente em nossas mentes. Vivendo em um mundo repleto de enfermidades e morte, certamente precisaremos dessa lição algum dia. A enfermidade, conforme a natureza das coisas, é apenas um instrumento de prova para nossa carne e nosso sangue. Nosso corpo e nossa alma encontram-se intrinsecamente ligados um ao outro, e aquilo que abate nosso corpo e o deixa enfraquecido pode fazer com que nossa mente e nossa alma fiquem perplexas. Entretanto, a doença, devemos sempre recordar, não é um sinal de que Deus esteja insatisfeito conosco e, em geral, é enviada para o bem de nossas almas. A enfermidade tende a afastar nossas afeições das coisas deste mundo e dirigilas às coisas do alto. Ela nos impulsiona a ler a Bíblia e nos ensina a orar melhor, ajudando-nos a testar a fé e a paciência, bem como mostrando-nos o genuíno valor de nossa esperança em Cristo. A doença nos recorda que não viveremos para sempre neste mundo; molda e treina nosso coração para nossa grande transformação. Portanto, sejamos pacientes e satisfeitos quando ficarmos abatidos por causa de enfermidades. Creiamos que o Senhor Jesus nos ama tanto na saúde como na doenca.
Em segundo lugar, esses versículos nos ensinam que o Senhor Jesus é o melhor amigo dos crentes nos tempos de necessidade. Quando Lázaro adoeceu, suas irmãs enviaram um recado a Jesus, apresentando-lhe o assunto. Simples, bela e tocante
foi a mensagem que elas enviaram. Não pediram que ele viesse imediatamente, ou realizasse um milagre, ou ordenasse que a doença se retirasse de Lázaro. Apenas disseram: "Senhor, está enfermo aquele a quem amas" e deixaram o assunto ali, na plena confiança de que ele faria o melhor. A verdadeira fé e a autêntica humildade dos santos consistem nisso! Essa foi uma graciosa submissão da vontade!
Os servos de Cristo, de todas as idades e de todos os lugares, serão abençoados ao lembrar esse excelente exemplo. Sem dúvida, quando aqueles que amamos ficam doentes, devemos utilizar com diligência todos os meios para sua recuperação. Não podemos medir os esforços para obter o melhor recurso médico. Precisamos ajudar nossos corpos, com todos os recursos naturais disponíveis, a travar um bom combate contra seus inimigos. No entanto, em tudo que fizermos, jamais devemos esquecer que o melhor e mais capaz Auxiliador está nos céus, à direita de Deus. Assim como Jó, quando ficou doente, nossa primeira atitude deve ser a de nos ajoelhar e adorar a Deus. Assim como Ezequias, temos de derramar nossas lágrimas diante do Senhor. E, à semelhança das irmãs de Lázaro, precisamos apresentar nossa súplica ao Senhor Jesus. Na inquietação e na ansiedade de nossos sentimentos, nunca esqueçamos que ninguém pode ajudar-nos de maneira semelhante àquele que é misericordioso, amável e gracioso.
Em terceiro lugar, esses versículos nos ensinam que Cristo ama todos os verdadeiros crentes. Somos informados de que "amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro". Aparentemente, esses três irmãos tinham temperamentos diferentes. Certa passagem dos evangelhos nos diz que Marta estava inquieta e se preocupava com muitas coisas, enquanto Maria assentarase aos pés de Jesus e lhe ouvia os ensinos. A Bíblia não apresenta uma característica peculiar de Lázaro. Entretanto, todos eram amados por nosso Senhor; pertenciam à família de Deus, e ele os amava.
Devemos ter isso em nosso coração ao formular opiniões sobre os outros crentes. Não podemos esquecer que existe variedade em nossos temperamentos, e que a graça não coloca os crentes em um único molde. Admitindo plenamente que os fundamentos do caráter cristão são os mesmos sempre e que todos os filhos de Deus se arrependeram e creram, tornaram-se santos e amam a oração e as Escrituras, temos de reconhecer a ampla variedade de seus temperamentos e maneiras de pensar. Não podemos menosprezar os outros porque não demonstram ter um caráter semelhante ao nosso. As flores de um jardim são muito diferentes, mas o jardineiro se interessa por todas elas. As crianças de uma família podem demonstrar muita diferença umas das outras; no entanto, os pais se preocupam com todas. O mesmo acontece na Igreja de Cristo. Existem graus e variedade no crescimento da graça, mas, sem dúvida, até os mais fracos e insignificantes discípulos são amados por ele. Por isso, nenhum crente deve sentir-se desanimado por causa de suas enfermidades; e nenhum crente deve ter a audácia de menosprezar e subestimar seus irmãos.
Por último, esses versículos nos ensinam que Cristo sabe qual é a melhor ocasião para fazer o bem ao seu povo. O texto bíblico nos diz que Jesus, ao saber "que Lázaro estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde estava". Na verdade, ele, propositalmente, retardou sua viagem e chegou a Betânia somente depois de Lázaro estar no sepulcro havia quatro dias. Sem dúvida, o Senhor Jesus sabia muito bem o que aconteceria, mas não viajou até chegar a ocasião que ele julgou conveniente. Em benefício de sua Igreja e do mundo, de seus bons amigos e de seus inimigos, Jesus demorou a ir para Betânia.
Com frequência, os filhos de Deus precisam treinar suas mentes para aprender essa grande lição. Nada nos ajuda tanto a suportar as provações da vida quanto a firme convicção da perfeita sabedoria que conduz todos os acontecimentos ao nosso redor. Esforcemo-nos para crer não somente que todos esses acontecimentos são bem realizados, mas também que ocorrem da melhor maneira possível, através do melhor instrumento e na melhor ocasião. Naturalmente, todos nós somos impacientes no dia da provação. Estamos prontos a dizer, assim como Moisés, quando nossos amados ficam doentes: "ó Deus, rogo-te que a cures" (Nm 12.13). Esquecemos que Cristo é um médico extremamente sábio para cometer erros. A fé deve afirmar: "Os meus dias estão em tuas mãos. Faze comigo o que desejares, como e quando tu quiseres. Não se cumpra a minha e sim a tua vontade". O mais elevado nível de fé é o de ser capaz de esperar, permanecer quieto e não se queixar. Deixemos as considerações sobre essa passagem com a firme resolução de confiar totalmente em Cristo, no que concerne aos interesses terrenos, tanto públicos como particulares. Creiamos que ele, por meio de quem todas as coisas foram criadas, é o que está controlando tudo por meio de sua perfeita sabedoria. Os negócios dos governos, das famílias e das pessoas são controlados por ele. O Senhor Jesus determina os acontecimentos de seu povo. Quando estamos doentes, isso acontece porque ele sabe que é para o nosso bem. Quando demora em nos socorrer, é pela mesma razão. A mão que foi cravada na cruz é bastante sábia para agir sem um motivo necessário ou para nos fazer esperar por alívio sem uma razão adequada.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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