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Foto do escritorSónia Ramos

A destruição de Jerusalém e a tribulação de Israel


18/03/2024

Leia Lucas 21.20-24


O assunto desses versículos é a invasão de Jerusalém pelos romanos. Era conveniente e próprio que esse grande evento, que concluía a dispensação do Antigo Testamento, fosse especialmente descrito por nosso Senhor. Era adequado que os últimos dias daquela santa cidade, que, por muitos séculos, fora o lugar em que se manifestava a presença de Deus, recebessem atenção especial na maior profecia que já foi entregue à Igreja.

Em primeiro lugar, devemos observar nesses versículos o perfeito conhecimento de nosso Senhor. Ele nos apresentou um terrível quadro das misérias que viriam sobre Jerusalém. Quarenta anos antes de os exércitos de Tito sitiarem a cidade, as pavorosas circunstâncias envolvidas no cerco foram detalhadamente descritas. A aflição das mulheres frágeis e desamparadas, o extermínio de milhares de judeus, a dispersão final de Israel para o cativeiro entre todas as nações e a cidade santa pisada pelos gentios durante muitos séculos são coisas que nosso Senhor relatou com muita particularidade, como se as estivesse contemplando com seus próprios olhos.

O conhecimento antecipado é um atributo especial de Deus. Por nós mesmos, não sabemos o que o "dia de amanhã [...] trará à luz" (Pv 27.1). Anunciar o que acontecerá a uma cidade quarenta anos à frente está muito além da capacidade humana. As palavras de Isaías são solenes: "Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is 46.9-10). Aquele que poderia falar com autoridade sobre as coisas que aconteceriam, assim como nosso Senhor o fez naquela ocasião, era o próprio Deus e, ao mesmo tempo, homem.

O verdadeiro crente sempre deve ter em mente o perfeito conhecimento de Jesus. As coisas passadas, presentes e futuras se encontram descobertas aos olhos daquele a quem prestaremos contas. A recordação de pecados da juventude pode humilhar-nos. Nossa fraqueza no presente talvez nos cause ansiedade. O temor das provações futuras pode desanimar nosso coração. Entretanto, é intensamente consolador pensar que Cristo sabe tudo. Podemos confiar-lhe com segurança as coisas passadas, presentes e futuras. Jamais nos acontecerá algo que Cristo não o saiba há muito tempo.

Em segundo lugar, devemos observar nesses versículos as palavras de nosso Senhor a respeito de fuga em tempos de perigo. No que se referia aos dias anteriores ao cerco de Jerusalém, ele afirmou: "Então, os que estiverem na Judeia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela".

A lição dessas palavras é bastante instrutiva. Elas nos ensinam com clareza que não há qualquer covardia ou indignidade em um crente esforçar-se para escapar do perigo. Utilizar com diligência os devidos meios para garantir nossa segurança não é inconveniente à nossa sublime vocação. Todo crente tem a incumbência de enfrentar a morte com ousadia e paciência se, no caminho da providência divina, ela o alcançar. Mas cortejar a morte e o sofrimento, apressando-nos, é característico de um fanático e entusiasta, mas não do sábio discípulo de Cristo. Aqueles que utilizam todos os recursos oferecidos por Deus podem esperar confiantemente sua proteção. Existe uma ampla diferença entre a fé e a presunção.

Em terceiro lugar, devemos observar nesses versículos as palavras de nosso Senhor em referência à vingança. Ele disse, ainda falando sobre o cerco de Jerusalém: "Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito".

Existe algo peculiarmente terrível na expressão citada. Ela demonstra que, havia muito tempo, os pecados da nação judaica estavam sendo registrados nos livros de Deus. Por causa de sua incredulidade e impenitência, durante muitos séculos os judeus estiveram acumulando ira contra si mesmos. A ira de Deus, à semelhança de uma represa, acumulou-se silenciosamente por muitos séculos. A terrível tribulação que acompanhou o cerco de Jerusalém seria apenas o desencadeamento de uma tempestade que se formara gradualmente desde a época dos reis. Seria apenas o golpe de uma espada que, por muito tempo, esteve sobre a cabeça de Israel.

Faremos bem em guardar essa lição em nosso íntimo. Não devemos dar ocasião ao pensamento de que a conduta das nações e de homens ímpios não é observada por Deus. Ele vê e sabe todas as coisas; e, por fim, chegará com certeza o dia do acerto de contas. Há uma grandiosa verdade nas Escrituras: "Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Ec 12.14). Nos dias de Abraão, ainda não se havia enchido "a medida da iniquidade dos amorreus" (Gn 15.16); e quatrocentos anos se passaram antes que recebessem o castigo. Mas, finalmente, a punição veio, quando Josué e as doze tribos tomaram posse da terra de Canaã. A sentença de Deus contra as obras más nem sempre se executa rapidamente, porém não significa que não será executada. O ímpio talvez prospere durante muitos anos; todavia, seu fim será que seu pecado o encontrará (Gn 15.16; Ec 8. 11; SI 37.35).

Por último, devemos observar nesses versículos as palavras de nosso Senhor em referência aos tempos dos gentios. Ele afirmou: "Até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles".

Aqui, nosso Senhor profetizou sobre um tempo específico, durante o qual Jerusalém seria entregue aos governantes gentios e os judeus deixariam de ter autoridade sobre sua antiga cidade. Jesus também profetizou sobre uma época específica, que seria o tempo da visitação dos gentios, o tempo durante o qual eles desfrutariam privilégios e ocupariam posição semelhante à de Israel no passado. Um dia, ambas as épocas terminarão. Jerusalém será novamente restaurada aos seus antigos habitantes. Os gentios, por causa de sua dureza de coração e incredulidade, serão destituídos de seus privilégios e sofrerão o justo juízo de Deus. Mas o tempo dos gentios ainda não acabou. Ainda estamos vivendo esse tempo.

Esse assunto é muito comovente e deve levar-nos a realizar profundas investigações em nosso próprio coração. Enquanto as nações do mundo estão envolvidas em conflitos políticos e interesses mundanos, seu tempo está se esgotando. Enquanto os governantes estão discutindo sobre assuntos seculares e os parlamentares dificilmente se humilham, a fim de permitir que as coisas espirituais tenham lugar em suas conversas, seus dias estão contados aos olhos de Deus. Em poucos anos, "os tempos dos gentios" se completarão. O dia de sua visitação se acabará, e perderão seus privilégios mal utilizados. O juízo de Deus cairá sobre eles. Serão colocados de lado como vasos com os quais Deus não se compraz. O domínio dos gentios desaparecerá, e suas instituições arrogantes serão despedaçadas. Os judeus serão restaurados. O Senhor Jesus virá novamente em poder e grande glória. Os reinos deste mundo se tornarão os reinos de nosso Deus e de seu Cristo, e "os tempos dos gentios" chegarão ao fim.

Feliz é aquela pessoa que sabe essas coisas e vive pela fé no Filho de Deus! É a única pessoa que está preparada para as grandes coisas que sobrevirão à terra e para a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo. O reino ao qual ela pertence é o único que jamais será destruído. O Rei a quem ela serve é o único que nunca será destruído (Dn 2.44; 7.14).


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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