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21/06/2024
Leia João 7.25-36
Vemos nesses versículos a obstinada cegueira dos judeus incrédulos. Negavam que
Jesus era o Messias, dizendo: "Sabemos donde este é; quando, porém, vier o Cristo, ninguém saberá donde ele é". No entanto, estavam errados nessas duas afirmativas!
Estavam enganados ao declarar que sabiam de onde nosso Senhor procedia. Sem dúvida, queriam dizer que Jesus nascera em Nazaré e, consequentemente, era galileu. Porém, o fato é que nosso Senhor havia nascido em Belém, pertencia legalmente à tribo de Judá, e Maria e José faziam parte da linhagem de Davi. Seria espantoso imaginar que os judeus não teriam descoberto essas coisas, se procurassem com sinceridade. Além disso, é evidente que os judeus preservavam com muito cuidado a genealogia e o histórico das famílias judaicas. Portanto, tal ignorância era inescusável.
Os judeus também estavam errados ao afirmar que ninguém saberia de onde o Cristo viria. Havia uma profecia bem conhecida por toda a nação, segundo a qual o Cristo viria da cidade de Belém (Mq 5.2; Mt 2.5; Jo 7.42). Seria absurdo pensar que haviam esquecido essa profecia. Mas, ao que parece, acharam inconveniente lembrar-se dela na ocasião. É triste observar que, com frequência, a memória dos homens depende do que lhes convém.
Em uma de suas cartas, o apóstolo Pedro mencionou aqueles que "deliberadamente esquecem" (2 e 3.5). E tinha um bom motivo para usar essa expressão. Trata-se de uma enfermidade espiritual muito grave e bastante comum entre os homens. Em nossos dias, inúmeras pessoas mostram-se tão cegas em sua maneira de viver quanto os judeus. São pessoas que fecham os olhos para os fatos mais óbvios e as doutrinas do cristianismo. Fingem que não compreendem e, por isso, não podem crer nas coisas que lhes expomos como necessárias à salvação. Infelizmente, dezenove dentre vinte dessas pessoas desejam continuar ignorando os fatos! Elas não creem naquilo que não gostam de crer. Jamais procurarão ler, ouvir, examinar, pensar ou inquirir sinceramente a respeito da verdade. Podemos nos admirar de que tais pessoas permaneçam ignorantes? Fiel e verdadeiro é este antigo provérbio: "O pior cego é aquele que não quer ver".
Nesses versículos, também vemos que a mão de Deus prevalece sobre seus inimigos. O texto nos informa que os judeus incrédulos procuravam prender nosso Senhor, "mas ninguém lhe pôs a mão, porque ainda não era chegada a sua hora". Tinham a intenção deliberada de ferir o Senhor Jesus; todavia, por causa de uma invisível restrição, que vinha do alto, não tinham poder para isso.
São preciosas as verdades contidas nesse versículo e merecem uma análise cuidadosa. Mostram nitidamente que tudo que Cristo sofreu foi por sua própria e livre vontade. Foi crucificado não porque fosse incapaz de evitá-lo. Ele morreu não porque sua morte fosse inevitável. Judeus, gentios, fariseus, saduceus, Caifás, Anás, Herodes e Pôncio Pilatos - ninguém poderia ferir o Senhor Jesus, a menos que do alto lhes fosse concedido poder para isso. Tudo o que eles fizeram estava sob o controle e a permissão do Pai. A crucificação fazia parte dos eternos conselhos da Trindade. A paixão de nosso Senhor não poderia ter seu início antes do momento designado por Deus. É um grande mistério, mas é verdadeiro.
Os servos de Cristo, em todas as épocas, devem guardar em seus corações esse ensinamento e relembrá-lo nos momentos de necessidade. É um ensino que traz conforto indizível, pleno e sublime aos servos de Deus. Estes jamais devem esquecer que habitam em um mundo no qual Deus governa sobre os acontecimentos e as épocas; em que nada acontece sem que ele permita. Até os fios de cabelo de seus servos estão todos contados. Tristeza, enfermidade, pobreza ou perseguição nunca poderão atingi-los, a menos que Deus considere conveniente. Portanto, diante de qualquer cruz que tenham de carregar, podem dizer com firmeza: "Nenhuma autoridade terias sobre mim se de cima não te fosse dada" (Jo 19.11). E, assim, devem prosseguir no serviço com toda a confiança. São imortais, até que sua obra seja concluída. Se necessário, que sofram pacientemente! Seus dias estão nas mãos de Deus (Sl 31.15). Essas mãos governam todas as coisas neste mundo e não cometem enganos.
Por último, vemos nesses versículos o terrível destino que sobrevirá aos incrédulos. Assim falou nosso Senhor aos seus inimigos: "Haveis de procurar-me e não me achareis; também onde eu estou, vós não podeis ir". Sem dúvida, esse pronunciamento tinha um significado profético. Não podemos ter certeza quanto aos dois aspectos: se, ao dizer isso, o Senhor se referia aos casos de incredulidade entre seus ouvintes ou se estava prevendo o remorso nacional, que muitos sentiriam tarde demais, na época do cerco final de Jerusalém. Todavia, podemos estar certos de que muitos judeus se lembraram das palavras de Cristo, muito tempo após a sua ascensão e, de alguma forma, o procuraram quando já era muito tarde para isso. Com muita frequência, o homem esquece que a verdade pode, realmente, ser descoberta muito tarde. Pode haver convicção de pecados, reconhecimento de sua ignorância, anseio por paz, inquietações sobre o céu, temores quanto ao inferno, mas tudo isso quando já for tarde demais. O ensino das Escrituras a esse respeito é claro e objetivo. O Livro de Provérbios afirma: "Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar" (Pv 1.28). A parábola das virgens nos mostra que as néscias encontraram a porta fechada e bateram em vão, clamando: "Senhor, senhor, abre-nos a porta!" (Mt 25.11). Por mais horrível que pareça, é possível chegar ao ponto de perder a própria alma, por rejeitar continuamente a luz e as exortações do evangelho. Isso é terrível, mas verdadeiro.
Apliquemos essas lições a nossas vidas para que não venhamos a pecar, seguindo o exemplo dos judeus incrédulos. Tão pouco deixemos para buscar o Senhor Jesus, como nosso Salvador, apenas quando for muito tarde. As portas da misericórdia ainda se encontram abertas. O trono da graça continua aguardando por nós. No dia que se chama hoje, procuremos nos certificar de que somos salvos. É melhor nunca ter nascido do que ouvir o Filho de Deus afirmar: "Onde eu estou, vós não podeis ir".
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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