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07/10/2024
Leia João 16.16-24
Os discípulos não compreenderam todas as declarações do Senhor Jesus. A passagem que agora consideramos deixa isso bastante evidente: "Que vem a ser esse um pouco? Não compreendemos o que quer dizer". Nenhuma outra pessoa falou com tanta clareza quanto Jesus, e somente os apóstolos estavam suficientemente acostumados com sua maneira de ensinar. Entretanto, mesmo os apóstolos nem sempre entendiam o significado das palavras de seu Senhor. Há muitas verdades tão profundas que somos incapazes de perscrutá-las. Mas sejamos gratos a Deus porque, na Bíblia, existem muitas afirmações de nosso Senhor que nenhum homem pode deixar de entender.
Usemos com diligência a luz que possuímos, e, sem dúvida, "ao que tem se lhe dará".
Em primeiro lugar, esses versículos nos ensinam que a ausência de Cristo será uma ocasião de tristeza para os crentes e alegria para o mundo. Está escrito: "Em verdade, em verdade, eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará". Estaremos restringindo o significado dessas palavras se o limitarmos apenas ao assunto da aproximação da morte e do sepultamento de Cristo. À semelhanca de muitos dos ensinos de nosso Senhor, na última noite de seu ministério terreno, o ensino dessa passagem parece referir-se a todo o período entre o Primeiro e o Segundo Advento.
A ausência de Cristo deve ser motivo de tristeza para todo verdadeiro crente. "Podem acaso estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão-de jejuar"
(Mt 9.15). A fé exclui o ver; e a esperança, o experimentar. Ler e ouvir não são o mesmo que contemplar. Orar não equivale a conversar face a face. Existe algo nos crentes, inclusive nos mais eminentes, que jamais será satisfeito enquanto eles estiverem na terra e Cristo, nos céus. Vivendo em corpos corruptíveis, vendo "como por espelho", contemplando a criação gemer sob o poder do pecado e todas as coisas ainda não colocadas debaixo da autoridade de Cristo, os crentes não podem ter paz e felicidade completas. Isso é o que o apóstolo Paulo pretendia dizer quando declarou: "Também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo" (Rm 8.23).
Entretanto, a ausência pessoal de Cristo não é motivo de tristeza para os filhos deste mundo, assim como não o foi para os judeus incrédulos; podemos estar certos disso. Quando Cristo foi condenado e crucificado, eles se alegraram e rejubilaram. Pensaram que haviam silenciado para sempre o grande censurador de seus pecados e falsos ensinos. Também podemos estar certos de que a ausência pessoal de Cristo é um motivo de alegria para os incrédulos e ímpios de nossos dias. Quanto mais tempo o Senhor Jesus permanecer ausente desta terra, deixando-os sozinhos, mais eles hão-de se sentir contentes. "Não queremos que Cristo reine sobre nós", esse é o sentimento característico do mundo. A ausência dele não lhes causa qualquer tristeza. A suposta felicidade dessas pessoas está completa sem a presença de Cristo. Podemos achar tudo isso alarmante e desagradável; mas alguém que lê meditativamente a Bíblia pode negar que isso é verdade? O mundo não deseja que Cristo volte e pensa que está vivendo muito bem sem ele. Que terrível surpresa essas pessoas terão!
Esses versículos também nos ensinam que o retorno pessoal de Cristo será fonte de incalculável alegria para todos os crentes. Está escrito: "Outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar". Novamente, precisamos ter cuidado para não restringirmos o significado dessas palavras, ao procurar aplicá-las somente à ressurreição e a Cristo. Elas têm um alcance maior do que esse acontecimento. A alegria que os discípulos sentiram por terem visto o Senhor Jesus ressuscitado logo foi obscurecida por sua ascensão e retorno ao céu. O verdadeiro e perfeito regozijo, que jamais pode ser destruído, será o regozijo que o povo de Deus desfrutará quando Cristo retornar, no final deste mundo.
Falando com sinceridade, os crentes devem fixar seus olhos na Segunda Vinda pessoal de Cristo, segundo é ensinado por nosso Senhor, tanto aqui como em outras passagens. Precisamos estar sempre aguardando e amando a "manifestação" dele como aquilo que trará a perfeição de nossa felicidade e a consumação de nossas esperanças (2Pe 3.12; 2Tm 4.8). O mesmo Jesus que ascendeu de maneira visível aos céus virá novamente do mesmo modo como subiu. Os olhos da fé devem estar sempre contemplando essa vinda. Não é suficiente olharmos para trás e nos regozijarmos com sua morte na cruz em favor de nossos pecados e olharmos para o alto, contemplando o Senhor Jesus assentado à direita de Deus e nos alegrando com sua intercessão em nosso favor. Temos de ir além e olhar para a frente, contemplando a volta de Cristo, a fim de abençoar seu povo e consumar a obra de redenção. Somente então, a súplica de muitos séculos terá uma resposta completa: "Venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu". Com certeza, ele pôde dizer que, no dia da ressurreição e da reunião de todos os crentes, nosso coração se encherá de alegria. Ressuscitaremos na semelhança do Senhor Jesus e ficaremos satisfeitos (ver Salmos 17.15).
Por último, esses versículos nos ensinam que a ausência de Cristo deve levar os crentes a suplicar muitas coisas em oração. Está escrito: "Até agora, nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa".
Podemos muito bem acreditar que, até este momento, os discípulos não haviam compreendido toda a dignidade de seu Senhor. Ainda não haviam entendido que Jesus era o único Mediador entre Deus e o homem, e que deveriam apresentar-lhe suas orações por amor e em nome dele. Nessa ocasião, os discípulos foram ensinados que doravante deveriam pedir em nome de Jesus. Não podemos duvidar daquilo que nosso Senhor pretendia que seu povo, em todas as épocas, entendesse: permanecer em constante oração é o segredo para receberem consolo durante a ausência dele. O Senhor Jesus deseja fazer-nos saber que, se não podemos vê-lo com nossos olhos físicos, podemos conversar com ele e, por meio dele, ter acesso a Deus. Cristo disse a todo o seu povo, em todas as épocas: "Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa".
Guardemos essa lição profundamente em nossos corações. Entre os deveres cristãos, não existe qualquer outro que recebe tanto encorajamento quanto a oração. Esse é um dever de todos os crentes. Ricos e pobres, cultos e indoutos, todos nós devemos orar. A oração é um dever pelo qual todos eles são responsáveis. Alguns não sabem ler ou não podem ouvir e cantar; mas todos os que possuem o Espírito de adoção têm de orar. Acima de tudo, esse é um dever que depende da atitude e dos motivos de nosso coração.
Talvez usemos palavras simples ou mal escolhidas e uma linguagem pobre, sem concordância gramatical e sem valor para ser escrita; mas, se nosso coração estiver correto diante de Deus, a questão da linguagem não é importante. Aquele que está assentado nos céus pode entender cada uma das petições feitas em nome de Jesus, e o suplicante pode estar certo de que ele as aceitou.
"Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes" (Jo 13.17). A oração em nome de Jesus precisa tornar-se um hábito de cada manhã e noite em nossa vida. Mantendo-o sempre, acharemos consolo na aflição, força para os deveres cristãos, orientação na perplexidade, esperança na enfermidade e amparo na hora da morte. Fiel é a promessa: "A vossa alegria será completa"; e o Senhor Jesus honrará sua Palavra se pedirmos em oração.
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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