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Foto do escritorSónia Ramos

A aparição de Cristo aos onze apóstolos


06/04/2024

Leia Lucas 24.36-43


Inicialmente, vemos nessa passagem as palavras singulares e graciosas com que nosso Senhor se apresentou aos seus discípulos, após a sua ressurreição. De súbito, Jesus apareceu entre eles e disse: "Paz seja convosco!".

Essa foi uma afirmação maravilhosa, quando pensamos quem foram os homens que as ouviram. Tais palavras foram dirigidas aos onze discípulos que, três dias antes, haviam abandonado vergonhosamente seu Senhor, fugindo. Eles haviam quebrado suas promessas, esquecendo-se de sua confissão de estar prontos para morrer por causa de sua fé. Fugiram e deixaram-no morrer sozinho. Um deles até mesmo o negara por três vezes. Todos eles se mostraram medrosos e covardes. Mas, assim mesmo, vejam a maneira como seu Senhor os reencontrou. Não veio com palavra de reprovação nem com censura em seus lábios. Com calma e tranquilidade, o Senhor Jesus apareceu entre eles e começou a falar-lhes sobre paz: "Paz seja convosco!".

Vemos, em sua comovente afirmativa, mais uma prova de que o amor de Cristo "excede todo o entendimento". Sua glória consiste em encobrir transgressões. Ele "tem prazer na misericórdia". Está mais disposto a perdoar do que os homens a serem perdoados e mais disposto a conceder perdão do que os homens a recebê-lo. Existe em seu coração a infinita disposição de cancelar as transgressões dos homens. Embora nossos pecados sejam vermelhos como o carmesim, o Senhor Jesus está sempre pronto a torná-los branco como a neve, a apagá-los, a lançá-los para trás de suas costas, a sepultá-los no fundo do mar, para nunca mais lembrar-se deles. Notamos uma linguagem bíblica cujo propósito é transmitir a mesma grande verdade. O homem natural está continuamente recusando-se a entendê-la. Não devemos nos admirar disso. O perdão gratuito, completo e imerecido não é uma atitude normal do ser humano Mas é uma característica de Cristo

Não existe pecador tão grande, e que tenha cometido pecados tão graves, que precise ter medo de invocar um Salvador como Jesus? Nas mãos dele, existe infinita misericórdia. Onde está o desgarrado que, embora esteja muito distante de Deus, deve ter receio de retornar? Em Cristo, "não há indignação" (Is 27.4). Ele está pronto a restaurar e levantar o pior dos pecadores. Onde está o crente que não deveria amar intensamente o Salvador Jesus, prestando-lhe voluntariamente obediência santa? Com ele, está o perdão, para que o temamos (S1 130.4). Onde encontramos o crente professo que não deve ser perdoador para com seus irmãos? Os discípulos do Salvador, cujas palavras foram tão cheias de paz, devem ser pacificadores, gentis e dispostos a perdoar uns aos outros (CI 3.13).

Em seguida, vemos nessa passagem a maravilhosa condescendência de nosso Senhor em relação à fraqueza de seus discípulos. Quando os discípulos ficaram admirados com sua aparição, não acreditando ser ele mesmo, nosso Senhor lhes disse: "Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai".

Convenientemente, ele poderia ter ordenado que seus discípulos cressem que havia ressuscitado. Com justiça, Jesus poderia ter dito: "Onde está a vossa fé? Por que não acreditais em minha ressurreição, quando me vedes com os vossos próprios olhos?". Mas ele não agiu assim, pelo contrário, demonstrou ainda maior humildade. Apelou aos sentidos físicos dos onze apóstolos. Ordenou-lhes que o apalpassem e satisfizessem suas dúvidas, confirmando que ele era um ser material, e não um espírito ou um fantasma.

Temos aqui algo que nos revela um poderoso princípio, que faremos bem em guardar em nosso coração. O Senhor Jesus nos permite utilizar nossos sentidos para atestar um fato ou uma afirmativa do cristianismo. Temos de esperar que, no cristianismo, encontraremos coisas que estão acima de nosso entendimento. Nosso Senhor desejava que soubéssemos que não precisamos acreditar em coisas contrárias à razão e aos nossos sentidos. Uma suposta doutrina que contradiz nossos sentidos não procede daquele que ordenou aos seus discípulos que apalpassem suas mãos e seus pés.

Recordemos esse princípio ao abordar a doutrina católica romana da transformação do pão e do vinho na Ceia do Senhor. Não acontece, de maneira alguma, qualquer transformação desses elementos. Nossos próprios olhos e nosso próprio paladar nos dizem que o pão continua sendo pão e o vinho permanece sendo vinho, antes e após a realização da Ceia do Senhor. O Senhor Jesus nunca exige que creiamos naquilo que é contrário aos nossos sentidos. Por conseguinte, a doutrina da transubstanciação é falsa e antibíblica.

Lembremo-nos desse princípio ao abordarmos a doutrina da regeneração batismal. Não existe uma inseparável conexão entre o batismo e o novo nascimento do coração de uma pessoa. Nossos próprios olhos e sentidos nos falam que miríades de pessoas batizadas não têm o Espírito de Deus, estão completamente sem a graça divina e são servos do mundo e de Satanás. Nosso Senhor nunca exigiu que creiamos naquilo que é contrário aos nossos sentidos. Portanto, a doutrina de que a regeneração, invariavelmente, acompanha o batismo não merece confiança. Dizer que existe graça divina onde esta não pode ser vista equivale a antinomianismo.

Uma importante lição prática, que faremos bem em recordar, está envolvida na maneira de nosso Senhor lidar com os discípulos. É a lição de agirmos com amabilidade em relação aos discípulos fracos, ensinando-lhes na medida em que são capazes de aprender. Assim como o Senhor Jesus, temos de ser pacientes e longânimos. À semelhança de Cristo, precisamos condescender à fragilidade da fé exercida por alguns homens, tratando-os com ternura, como crianças pequenas, a fim de trazê-los ao caminho correto. Não devemos rejeitá-los porque não veem tudo imediatamente; nem desprezar os mais humildes e simples meios que, na mão de Deus, poderão persuadir os homens a crer. Essa maneira de agir talvez exija muita paciência. Mas aquele que não é capaz de se humilhar para lidar com os imaturos, ignorantes e iletrados não possui a mente de Cristo. Seria bom para todos os crentes se lembrassem com mais frequência as palavras do apóstolo Paulo: "Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos" (1Co 9.22).



Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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