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Foto do escritorSónia Ramos

A amável saudação de Cristo; uma evidência da ressurreição; a comissão dos apóstolos



10/12/2024

Leia João 20.19-23



Esses versículos contêm verdades de difícil entendimento. Assim como todos os eventos que seguiram a ressurreição de nosso Senhor, existem muitos assuntos misteriosos nos fatos relatados neles, assuntos que exigem reverência de nossa parte ao considerá-los. As atitudes do Senhor Jesus, ao aparecer repentinamente entre os discípulos quando estavam a portas fechadas e ao soprar sobre eles, podem nos levar imediatamente a especulações inúteis.

Nessas passagens, é fácil obscurecer o significado com palavras que não revelam entendimento. Acharemos mais sábio e prudente restringir nossa atenção aos fatos que são evidentes e instrutivos.

Devemos observar inicialmente a admirável linguagem com que nosso Senhor saudou os apóstolos ao encontrá-los pela primeira vez após a ressurreição. Duas vezes ele se dirigiu aos apóstolos utilizando estas amáveis palavras: "Paz seja convosco!". Devemos rejeitar como insustentável, em todas as probabilidades, a insensível e cautelosa sugestão de que tais palavras não eram mais do que uma insignificante frase de cortesia. Aquele que falava como nenhum outro homem jamais disse algo sem significado. Podemos estar certos de que ele falou com especial referência ao estado psicológico de seus apóstolos, aos acontecimentos dos últimos dias e ao futuro ministério deles. "Paz", e não culpa; "paz", e não uma denúncia das falhas; "paz", e não reprimenda, foi a primeira palavra que aquele pequeno grupo de apóstolos ouviu dos lábios de nosso Senhor, após a ressurreição.

Era conveniente, justo e adequado que assim fosse e estava em plena harmonia com os acontecimentos anteriores. "Paz na terra" foi o cântico das hostes celestiais quando Cristo nasceu. Paz e descanso para a alma, esse foi o assunto geral da pregação do Senhor Jesus durante os três anos de seu ministério. Paz, e não riqueza, havia sido o legado que Cristo deixara aos seus discípulos, naquela noite que antecedeu a crucificação. Com certeza, o fato de "paz" ter sido a primeira palavra de nosso Senhor, quando visitou novamente seu pequeno grupo de discípulos, está em completa harmonia com sua maneira de lidar com eles. "Paz" tinha o objetivo de acalmar e confortar as mentes dos apóstolos.

Podemos ainda afirmar: o Senhor Jesus tencionava que "paz" seria a palavra-chave do ministério cristão. Essa mesma paz, que estava constantemente nos lábios do Senhor, deveria ser o grande assunto do ensino de seus apóstolos. Paz entre Deus e os homens, por intermédio do precioso sangue da expiação, paz entre os homens por meio da infusão de graça e amor - propagar essa paz seria a obra da igreja. Qualquer religião, tal como o islamismo, que faz adeptos por meio da espada, não procede dos céus, mas, sim, da terra. Qualquer tipo de cristianismo que mata os homens em fogueiras, a fim de promover seu próprio sucesso, traz consigo a estampa da apostasia. O verdadeiro cristianismo é aquele que se esforça ao máximo para propagar a verdadeira paz, a paz de Cristo.

Também devemos observar a notável evidência deixada por nosso Senhor em referência à sua própria ressurreição. Ele, graciosamente, apelou aos sentidos de seus temerosos discípulos, mostrando-lhes "as mãos e o lado". Ordenou que, com seus próprios olhos, vissem que ele tinha um verdadeiro corpo físico, e não era um fantasma ou um espírito. De acordo com Lucas, Jesus disse: "Apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho". Sem dúvida, grande foi a condescendência de nosso bendito Senhor em se humilhar perante a inconsistente fé manifestada pelos onze apóstolos! Porém, grande também foi o princípio que ele estabeleceu para sua Igreja utilizar em todas as épocas, até que ele volte - nosso Senhor não exige que creiamos em nada contrário aos nossos sentidos. Coisas que estão acima de nossa capacidade de entender, temos de encontrar em uma religião que procede das alturas, mas não coisas que são contrárias ao nosso raciocínio.

Devemos sustentar com firmeza esse grande princípio e nunca esquecer de utilizá-lo. Em especial, tenhamos o cuidado de aplicá-lo à maneira como avaliamos os efeitos das ordenancas e da obra do Espírito Santo. Exigir que as pessoas acreditem que certos homens têm o poder de vivificar exclusivo do Espírito Santo, quando nossos olhos nos mostram que tais homens estão vivendo em constante indolência e pecado ou creem que o pão e o vinho, na Ceia do Senhor, tornam-se o verdadeiro corpo e sangue de Cristo - isso equivale a exigir mais crença do que o próprio Senhor Jesus exigiu de seus discípulos; corresponde a exigir aquilo que é contrário à razão e ao bom senso. Cristo jamais fez exigências assim. Não procuremos ser mais sábios do que nosso Senhor.

Por último, devemos observar nesses versículos a maravilhosa comissão que nosso Senhor outorgou aos seus onze apóstolos. Ele lhes disse: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-Ihes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos".

Não podemos negar que o verdadeiro significado dessas solenes palavras tem sido, durante séculos, motivo de controvérsia e discórdia. É inútil esperarmos acabar com a controvérsia. O que almejamos é apresentar uma razoável explicação dessa passagem.

Parece bastante provável que nosso Senhor, nessa ocasião, comissionou solenemente seus apóstolos a irem por todo o mundo a fim de proclamar o evangelho que ele mesmo havia pregado. Também conferiu-lhes poder ao declarar, com peculiar autoridade: "Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos". Foi exatamente isso que os apóstolos fizeram, conforme verificamos na leitura de Atos dos Apóstolos. Quando Pedro proclamou aos judeus: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados" (At 3.19), e Paulo declarou em Antioquia: "A nós nos foi enviada a palavra desta salvação (...) Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste" (At 13.26, 38), eles estavam obedecendo ao que Jesus, nessa passagem, comissionou aos apóstolos. Com autoridade, Pedro e Paulo estavam abrindo a porta da salvação e convidando os pecadores a entrar para que fossem salvos.

Por outro lado, parece improvável que, por meio dessas palavras, nosso Senhor tencionava sancionar a prática de absolvição dos pecados após a confissão auricular. Apesar do que muitos se deleitam em afirmar sobre essa prática, no livro de Atos não existe qualquer ocasião em que achamos um apóstolo servindo-se desse tipo de absolvição. Acima de tudo, não há qualquer indício nas epístolas pastorais (escritas a Timóteo e Tito) recomendando essa confissão e essa absolvição. Em resumo, não importa o que os homens dizem a respeito da absolvição realizada em particular por um sacerdote; para ela, não encontramos na Palavra de Deus qualquer precedente.

Devemos concluir nossas considerações sobre a passagem com um profundo senso da importância do ofício de um ministro do evangelho quando esse ofício é realizado de acordo com a mentalidade do Senhor Jesus. Não existe honra maior do que o fato de sermos embaixadores de Cristo e proclamarmos, em nome dele, o perdão dos pecados a um mundo perdido. Mas tenhamos cuidado para não tributar ao ministério cristão mais autoridade do que o próprio Senhor Jesus lhe conferiu. Tratar os ministros do evangelho como intermediários entre Deus e o homem equivale a roubar de Cristo sua prerrogativa, a ocultar dos pecadores a verdade da salvação e a exaltar homens ordenados ao ministério a uma posição para a qual estão completamente desqualificados.


Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos


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