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Foto do escritorRogério Ramos

Introdução ao livro de Oseias

PASSAGEM: 1:1-2


Esta noite começamos uma série de sermões no livro de Oseias. Este é o primeiro livro dos chamados profetas menores. Eles são chamados de menores porque seus livros são mais curtos do que os dos profetas maiores. No entanto, são tão importantes quanto os demais livros da Bíblia, pois são a palavra de Deus. Logo no início, somos lembrados disso mesmo – “A palavra do SENHOR...” (Versículo 1) e no versículo 2 – “Quando o SENHOR começou a falar por intermédio de Oseias...” Por que devemos olhar para este livro de Oseias? Lembrem-se do que Jesus Cristo disse aos dois discípulos na estrada de Emaús – Lucas 24:27 e também mais adiante, quando já estava com os onze – Lucas 24:44. Jesus Cristo está presente neste livro. A promessa da salvação, a graça, a misericórdia, o amor, a justiça, o castigo de Deus e o evangelho são claramente apresentados aqui neste livro. Quando Mark Dever pregou em uma única pregação o livro de Oseias, ele deu um título que revela o Deus que amou o mundo – “O que é o amor?”. Hernandes Dias Lopes diz que Oseias é o profeta da graça.

Mas o que podemos saber sobre este livro?

Antes de irmos ver as maravilhosas lições que nos são apresentadas neste livro de Oseias, quero vos dar uma breve introdução do livro de Oseias.


“A palavra do SENHOR, que veio a Oseias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.”versículo 1.


CONHECENDO OSEIAS

“A palavra do SENHOR, que veio a Oseias, filho de Beeri”

Quem é Oseias?

O versículo 1 menciona o nome de seu pai. Oseias era filho de Beeri. Não temos muitas informações sobre esse homem. O nome de Oseias tem um significado interessante, sendo uma forma reduzida de Hosaías (cf. Neemias 12:32; Jeremias 42:1; 43:2), que significa “o Senhor salva” – Deus Salva, ou salvação, equivalente a Josué e Jesus. Não há muito que possamos dizer sobre a vida anterior do profeta, mas não há dúvida de que ele era do norte, como indicado no versículo 1 e ao longo do livro, dirigindo suas profecias ao reino do norte, conhecido como Israel. Apesar de não conhecermos muito sobre o homem, o nome do profeta traz em si um chamado ao arrependimento e uma semente de esperança.

Hernandes Dias Lopes comenta: “James Wolfendale diz que o nome Oseias está em contraste com a sua missão, que é anunciar a ruína de Israel, mas em harmonia com a sua vocação, proclamar a libertação após o julgamento. Oseias foi o primeiro profeta da graça e o primeiro evangelista de Israel. Clyde Francisco o considera o Jeremias de Israel e o apóstolo João do Antigo Testamento. Oseias já foi chamado de 'o profeta do amor', porque seu livro manifesta um profundo amor da parte de Deus por Israel, um amor não correspondido. Deus é mostrado como um marido traído que procura reatar o casamento com a esposa, que se tornou prostituta. Há aqueles que consideram Oseias o mais belo poema de amor da Bíblia (2:14-16; 6:1-4; 11:1-4, 8, 9; 14:4-8).”

“nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.”


A ÉPOCA EM QUE FOI ESCRITO

Oseias foi contemporâneo de Amós, Isaías e Miqueias, durante o período áureo da profecia em Israel e Judá. Ele viveu no século VIII a.C. Durante esse período, Israel viveu sua era de ouro com o reinado de Jeroboão II.

Seu ministério começou cerca de 10 anos após Amós ter profetizado no Reino do Norte e durou pelo menos 25 anos, como indicado no primeiro versículo do livro, que menciona os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias de Judá, e Jeroboão II de Israel. Seus escritos estão entre os mais antigos oráculos proféticos registrados e sua obra inicia a seção da Bíblia Hebraica chamada O livro do Doze, embora Amós tenha antecedido Oseias. O livro de Oseias abrange o período Assírio (de meados ao final do século VIII a.C.) junto com os livros de Amós, Jonas e Miquéias.

Oseias denuncia o pecado do povo de Israel, que estava mergulhado em idolatria, imoralidade e injustiça, apesar de se considerarem prósperos e bons. O profeta compara a infidelidade espiritual do povo ao pecado do adultério. Para entender melhor este período da história, pode-se ler os livros de 2 Reis 14-17 e 2 Crônicas 26-29.

J. Sidlow Baxter observa que, “moral e espiritualmente, as coisas estavam ainda piores do que no terreno político. Desde os dias de Jeroboão I, quando as dez tribos haviam deixado a casa de Davi para formar um reino separado, a adoração do bezerro de ouro em Betei se tornara uma armadilha para Israel. Embora o bezerro de Betei devesse, em princípio, representar o Senhor, o ídolo em si cada vez mais se tornava objeto de adoração. Isso abriu espaço para outras formas de idolatria, e as alianças feitas pelos reis de Israel com potências estrangeiras introduziram as idolatrias imorais da Síria e da Fenícia. O caminho foi assim aberto para a grosseira e cruel adoração da natureza associada aos nomes de Baal e de Astarote, com todas as suas consequentes abominações, dentre as quais os sacrifícios de crianças e a licenciosidade revoltante.”

O ministério de Oseias provavelmente ultrapassou o reinado de Jeroboão II, uma vez que ele profetiza o fim da dinastia de Jeú (1:4,5). Zacarias, filho de Jeroboão, foi o último membro dessa dinastia. Após a morte do grande monarca Jeroboão II, Israel entrou em rápido declínio, marcado por assassinatos de reis e traições. Esse reino foi completamente derrotado em 722 a.C., quando foi levado cativo pela Assíria.


“Quando o SENHOR começou a falar por intermédio de Oseias, ele lhe disse”versículo 2a.


O QUE O LIVRO NOS FALA

É então durante um tempo de grande declínio espiritual que Oseias é chamado por Deus para anunciar as consequências de seus atos, mas também lembrar que Deus é um Deus de graça e amor.

O livro de Oseias, talvez mais do que qualquer outro livro do Velho Testamento, expõe o coração de Deus. Oseias vive no próprio casamento o que Deus estava passando em relação a Israel. Os primeiros três capítulos descrevem a vida de Oseias. Ele se casa, mas a mulher é uma adúltera, como lemos no versículo 2.

Gômer já era uma mulher prostituta quando Oseias a desposou.

Gerard Van Groningen entende que essa é a única posição que pode fazer justiça à história. Lembrem-se, o ancestral da nação de Israel, o patriarca Abraão, foi tirado do meio da idolatria, em Ur dos caldeus (Josué 24:2-4). Israel foi escolhido não porque era um povo santo, mas apesar de seu pecado.

Crabtree diz que a experiência trágica do profeta com a esposa amada fornece a melhor explicação de sua profecia e de seu ensino acerca do amor imutável do Senhor.

Oseias sofre então com a infidelidade de sua esposa, mas ainda mostra misericórdia ao recebê-la de volta. É desta maneira que Deus olha para o povo de Israel, envolvendo-se com "outros deuses", ou seja, cometendo adultério espiritual. Mesmo depois de tudo que Israel havia feito, Deus teria graça e misericórdia para reconciliar-se com esta esposa adúltera e estabelecer uma nova aliança com ela.

Israel foi como um filho rebelde e como uma esposa infiel.

• Deus é o pai de Israel, que anseia pelo retorno do filho pródigo para seus braços.

• Ele é o marido de Israel, que deseja o amor e a fidelidade da esposa. Israel, porém, abandonou a Deus e foi atrás de Baal. Atribuiu as bênçãos de Deus ao ídolo cananeu. Rendeu-se à idolatria em vez de conservar sua fidelidade.

O livro começa (capítulos 1-3) com a dolorosa experiência de Oseias, que, em obediência à ordem de Deus, casa-se com Gômer, possivelmente uma mulher que tenha sido uma prostituta cultual (sagrada) do templo de Baal, o deus cananeu da fertilidade. Desse casamento nascem dois filhos e uma filha, que recebem nomes simbólicos: “Jezreel” (1:4), “Não-Amada” (cf. 1:6) e “Não-Meu-Povo” (cf. 1:9). Depois, sua esposa o abandona; mas, novamente em obediência à ordem de Deus, Oseias vai atrás dela e faz com que ela volte a ser sua esposa.

Essa experiência triste leva Oseias a compreender e a proclamar, com vigor e eloquência, o amor de Deus para com o seu povo desobediente e rebelde (capítulos 4-14). O pecado de Israel e de Judá é duplo:

1) em vez de adorarem o Senhor, o seu Deus, eles passaram a adorar os deuses da fertilidade, pensando que esses deuses lhes dariam terras frutíferas e animais férteis;

2) em vez de dependerem do Senhor para salvá-los de seus inimigos, eles buscaram a ajuda dos países mais fortes, especialmente o Egito e a Assíria (14:3).

Oseias tem um papel muito importante neste livro. Hernandes Dias Lopes destaca cinco pontos importantes sobre o profeta Oseias:

1) Ele foi um homem chamado não apenas para falar, mas também para representar o amor de Deus;

2) foi um homem levantado por Deus em um tempo de prosperidade financeira e decadência espiritual;

3) foi um homem que profetizou durante um período marcado tanto por estabilidade quanto por instabilidade política;

4) foi um homem que anunciou tanto o juízo quanto a misericórdia de Deus;

5) foi um homem que anunciou tanto a soberania de Deus quanto a responsabilidade humana.

É interessante notar que o livro de Oseias é citado várias vezes no Novo Testamento:

• Mateus 2:15 (Oséias 11:1), 9:13 (Oséias 6:6), 12:7 (Oséias 6:6), Romanos 9:25-26 (Oséias 2:23; Oséias 1:10), 1 Coríntios 15:55 (Oséias 13:14), 1 Pedro 2:10 (Oséias 1:10).


A mensagem mais significativa deste livro é que Deus ama o seu povo com um amor incondicional e eterno.

Deus é retratado como um marido dedicado que busca sua esposa infiel (cf. 2:14-23); como um pai ou uma mãe que nunca abandona o filho, por mais rebelde que ele seja (11:1-4, 8-9).

Essas passagens são algumas das mais poderosas do Antigo Testamento sobre o amor divino pelo seu povo. O amor perfeito proclamado por Oseias se manifesta plenamente em Jesus, na plenitude dos tempos (cf. Gálatas 4:4).

A última mensagem de Oseias para o povo é um apelo à reconciliação: “Ó Israel, volta para o SENHOR, teu Deus; pois tens caído pela tua maldade. Preparai as vossas palavras e voltai para o SENHOR; dizei-lhe: Tira toda a maldade e aceita o que é bom; e ofereceremos os sacrifícios dos nossos lábios como novilhos” (14:1-2).

Meus queridos irmãos, que o estudo deste livro nos conduza à santidade e pureza. Que nos leve a considerar o amor de Deus que nos salva das trevas, para que não sejamos um povo adúltero, mas que sirvamos e adoremos somente ao único e verdadeiro Deus. Que Deus seja glorificado. Que nós, como povo de Deus, possamos dar honra e glória a Ele.

Amém.


Estudo com várias consultas.


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