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Foto do escritorRogério Ramos

A história do Deus de amor.

Oseias 1:2-3:5


Um dos versículos que ressoa profundamente conosco neste livro de Oseias está no capítulo 14:4 – “Curarei sua infidelidade e os amarei espontaneamente; porque minha ira se apartou deles.”

O livro de Oseias conta uma história de amor: o amor absoluto de Deus por seu povo. Devemos lembrar que o povo de Deus são os escolhidos, aqueles cujas vestes foram lavadas no sangue de Cristo, o Salvador da humanidade.

Pedro reafirmou isso diante do Sinédrio, onde estavam judeus proeminentes, incluindo sacerdotes, escribas e o sumo sacerdote (Atos 4:5-6). Ele enfatizou que “não há salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não há outro nome entre os homens pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). Lembrem-se – “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mateus 22:14). Dentro dos Israelitas, apenas alguns eram verdadeiramente israelitas (Romanos 9:6...).

O livro de Oseias nos lembra que a misericórdia e o amor de Deus estão sobre o seu povo, os escolhidos por Ele. Paulo compreendeu isso e citou Oseias 1:10-11 em Romanos 9:25-26 – “Como também diz em Oseias: Chamarei "Não-meu-povo" de "Meu-povo"; e a "Não-amada" de "Amada". E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; aí serão chamados filhos do Deus vivo” (Romanos 9:25-26). Ele também nos lembra do que o profeta Isaías disse sobre Israel: “Também Isaías exclama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. Porque o Senhor executará sua palavra sobre a terra, de maneira completa e decisiva. E como antes dissera Isaías: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, teríamos nos tornado como Sodoma, e seríamos semelhantes a Gomorra” (Romanos 9:27-29).

Para compreendermos claramente essas verdades apresentadas pelos apóstolos no Novo Testamento e profetizadas pelos profetas no Antigo Testamento, vamos relembrar o amor de Deus por homens e mulheres caídos, lembrando como Deus nos amou, sendo nós ainda pecadores.

Então, vamos ler os capítulos 1 até 3.


A primeira questão que quero destacar aqui é:

A SEVERIDADE DE DEUS DIANTE DO PECADO

Ao considerarmos tanto Judá quanto Israel, embora agora divididos, não deveriam ter abandonado o que Deus sempre exigiu deles como povo: serem uma nação santa em meio a um mundo de pecado. Eles foram escolhidos como povo e desfrutaram de privilégios que outras nações nunca tiveram. Tinham uma vantagem sobre o restante do mundo, pois foi a eles que Deus confiou Sua palavra (Romanos 3:2). Apenas a desobediência anulava essa vantagem. Este foi o cerne do problema descrito em todo o livro de Oseias: a desobediência e o pecado desse povo.

O pecado deu origem à profecia do livro de Oseias. A partir do capítulo 4, veremos o pecado sendo detalhado, mas nos primeiros três capítulos, fica claro que Deus se sentia traído. Traído por um povo que Ele separou, que Ele escolheu para ser um exemplo entre todas as nações. Um povo que deveria olhar para Ele, mas que agora se prostituía com os deuses de outras nações. Tal era a severidade de Deus diante do pecado do povo, que Ele chama o profeta Oseias e o instrui sobre o que Ele estava sentindo em relação ao povo de Israel.

Deus prepara Oseias para ser o porta-voz adequado para expressar os sentimentos de Deus em relação ao Seu povo. E como Ele faz isso? Vejam o que lemos no versículo 2:

“Quando o SENHOR começou a falar por intermédio de Oseias, ele lhe disse: Vai, toma uma mulher adúltera* e filhos da relação adúltera; porque a terra adulterou, apartando-se do SENHOR.” – versículo 2.


COMO DEUS VIA ISRAEL (1:2)

Gômer, filha de Diblaim, representa Israel, o reino do norte. No Novo Testamento, eles são conhecidos como os samaritanos.

Veja como Deus via Israel:

1) Gômer era uma mulher de prostituição (1:2). Essa é a expressão mais próxima do original. Não sei se todos aqui estão cientes do que significa se prostituir. Essa era a natureza de Gômer antes do casamento e foi assim que ela agiu depois de se casar com Oseias. Ela se vendia em busca de prazer, dinheiro e lucro. Lembrem-se de que essa era a condição do povo judeu. Eram idólatras. Em Josué, somos lembrados disso:

- Josué 24:2, 14 – “Então Josué disse a todo o povo: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Antigamente vossos antepassados, como Terá, pai de Abraão e de Naor, habitavam além do rio e cultuavam a outros deuses.... Agora, temei o SENHOR e cultuai-o com sinceridade e com verdade; jogai fora os deuses a que vossos pais cultuaram além do rio e no Egito. Cultuai o SENHOR.”

Eles eram um povo que não honrava a Deus. Deus os escolheu e os separou para serem diferentes do resto do mundo. Em Josué, são chamados a abandonar os deuses do Egito. O casamento de Oseias com Gômer nos lembra disso. Vejam, Gômer era uma mulher de prostituição. Ela se vendia em busca de prazer, dinheiro e lucro. Oseias a tomou, mas em vez de deixar para trás sua vida anterior, ela continuou se prostituindo.

Mais adiante, lemos que ela era:

2) Infiel e adúltera (2:2). Gômer se afastava de casa, buscando coisas que seu marido não podia oferecer. Sua satisfação estava em algo ilícito. Veja o que lemos em 2:5 – “Porque sua mãe se prostituiu! Aquela que os concebeu agiu de forma vergonhosa; ela diz: Seguirei meus amantes que me dão pão e água, lã e linho, óleo e bebidas”. Não vemos isso hoje em dia? Há pessoas dentro do cristianismo buscando outro Cristo. Procuram um deus que lhes satisfaça seus desejos. Meus amigos, assim como nem todos os que são de Israel são israelitas, assim também nem todos os que se dizem cristãos são verdadeiramente cristãos. Vendem-se facilmente por um prato de lentilhas. Aquele povo deveria confiar apenas em Deus, que os tirou do Egito, mas estavam dividindo sua devoção com outros deuses, como Baal, como veremos nos capítulos seguintes. Deus não era suficiente para eles; era Deus e mais alguma coisa. Infiel e adúltera era Gômer.

3) Pecado incontrolável (2:7). Gômer ia atrás de seus amantes. Não eram eles que a buscavam, mas ela os buscava. Seu desejo pelo pecado era incontrolável. A riqueza dos outros era seu prazer. Porque a Assíria estava rica, Israel via isso como obra de Baal. Mas foi Deus quem concedeu tudo, não Baal. Como é triste ver tão detalhadamente o coração do homem. Não podemos fugir dessa realidade. Somos rápidos em esquecer que tudo o que temos vem de Deus. É Deus quem dá o trigo, o vinho, o azeite, a prata e o ouro. Tudo pertence a Ele. O povo de Israel desejava mais os presentes do que o verdadeiro doador. Por isso, diminuíram a Deus e exaltaram a Baal. Isso mostra a fé de muitas pessoas; sua fé está sempre ligada ao que podem obter. Se não conseguem, deixam de honrar e glorificar a Deus. Oseias tinha o suficiente para cuidar de sua esposa, mas Gômer queria mais e buscava em amantes o que queria. Os israelitas eram um povo desobediente e rebelde (Romanos 10:21). O que Paulo nos lembra em Romanos 10:21 vemos aqui em Gômer, que é a imagem do que Deus via em Israel.

A vida de Oséias estava repleta de sofrimento e dor. A mulher que ele amava o desprezava. Em vez de lhe agradecer por sua bondade em sustentá-la, ela dissipava os bens dele na prostituição. Em vez de permanecer com o único homem que realmente a amava, ela buscava homens inúteis que a usavam apenas para seu próprio prazer. Ela repetidamente quebrava o coração de seu esposo fiel e amoroso.

Meus irmãos, devemos estar atentos ao que nos é relatado aqui. Espero que todos nós sejamos verdadeiramente povo de Deus, com um coração renovado. Pois neste mundo que se intitula cristão, não faltam os "Gômeres". Muitos vivem dentro da igreja, mas também vivem para o mundo. São adúlteros e prostitutos como Israel. Deus, no tempo certo, separará o trigo do joio, assim como fez com Israel e com Judá.

Observem o juízo que Deus trará sobre aqueles que não se arrependem – leiam 1:3-11.


O JUÍZO E O AMOR DE DEUS (1:3-11; 3:14-23)

A infidelidade de Israel traria juízo, como nos lembramos, foram derrotados pela Assíria.

Os filhos da mulher de prostituição:

Hernandes Dias Lopes afirma o seguinte:

"Se o casamento de Oséias com Gômer representava o amor de Deus por um povo ingrato e infiel, os filhos de Oséias representavam o juízo de Deus sobre esse povo. O casal teve três filhos: Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. São nomes carregados de simbolismo."

O primeiro filho se chama Jezreel. Literalmente, seu nome significa "Deus semeia/planta" ou "semeou/plantou".

Uma curiosidade sobre a escolha desse nome, Jezreel, para o primeiro filho:

- Jezreel era um vale entre as cadeias de montanhas da Samaria e da Galileia, local da vitória de Gideão sobre os midianitas (veja Juízes 6:33).

- Também era o nome de uma cidade na extremidade sul do vale, onde Jeú assumiu o poder por meio de uma violenta revolta (1 Reis 21:1; 2 Reis 9-10).

A explicação que Deus dá para a escolha desse nome é porque, em breve, visitaria o sangue dele sobre a casa de Jeú e faria cessar o reino da casa de Israel; e naquele dia, quebraria o arco de Israel no vale de Jezreel. Jeroboão II, o único rei do norte mencionado na apresentação, pertencia à dinastia de Jeú, que se tornou rei em uma carnificina em Jezreel (2 Reis 9:14-37; cf. 1 Reis 19:16-17); o acontecimento foi relembrado e o local do julgamento profetizado (v. 5) no nome do filho de Oséias. A dinastia de Jeú havia seguido a idolatria dos primeiros reis do Reino do Norte e experimentaria o julgamento de Deus no ataque violento das forças assírias.

Quando Deus fala que quebraria o arco de Israel, Ele estava se referindo ao arco de guerra, símbolo da força militar de Israel (Gênesis 49:24; 1 Samuel 2:4; Ezequiel 39:3; cf. Jeremias 49:35). Mas essa força foi quebrada pelo exército assírio sob o comando de Tiglate-Pileser III, que conquistou os territórios do norte de Israel no vale de Jezreel. Apropriadamente, o local do julgamento em 733 a.C. (2 Reis 15:29).

O castigo por meio da derrota militar foi uma das maldições pelo rompimento da aliança (Deuteronômio 28:25, 49-57; cf. Levítico 26:17).

O fim do reino de Israel seria algo concreto e definitivo. E assim foi. Não houve mais reis em Israel, no reino do norte, em Samaria.

Depois, Gômer teve uma filha:

Lo-Ruama, ou Desfavorecida. O nome lhe foi dado porque Deus não teria mais compaixão, nem perdoaria de maneira alguma a casa de Israel. Literalmente, seu nome significa que "ela não recebeu nenhuma compaixão"; significava a iminente retirada da compaixão que Deus havia demonstrado, apesar de Israel ter sido infiel à aliança.

A profecia de Oséias foi cumprida na destruição de Israel por Sargão II (2 Reis 17).

No entanto, embora Deus não tivesse compaixão de Israel, Ele teria compaixão de Judá. Num futuro próximo, Judá também enfrentaria a agressão assíria, mas com uma grande diferença: seria poupado. Essa promessa se cumpriu na miraculosa libertação sofrida por Jerusalém das mãos dos assírios em 701 a.C. (2 Reis 19:32-37; Isaías 37:14,33-38). A cidade foi salva – veja o versículo 7:

- Não pela força do arco,

- Nem pela espada,

- Nem pela guerra,

- Nem pelos cavalos,

- Nem pelos cavaleiros.

Há um terceiro filho – Lo Ami, ou Não-Meu-Povo.

O julgamento viria e seria sem compaixão, porque Israel não era mais povo de Deus. Em virtude da obstinada infidelidade de Israel, Deus lhes dá carta de divórcio e rompe sua aliança com eles. Israel não era mais povo de Deus, nem Deus era mais o Deus de Israel. Era o fim da linha. Era a tragédia consumada.

Assim foi. Podemos observar isso mesmo nos dias de Jesus Cristo, como os samaritanos eram indesejados e postos de lado pelos judeus, sendo considerados como gentios.

Mas, vindo Cristo, a salvação também veio para eles. Não apenas para Jerusalém, mas também para Samaria e para o resto do mundo.

Nos últimos dias, como lemos em 3:5, os israelitas voltarão e buscarão o Senhor. Isso é corroborado pela história da mulher samaritana (João 4) e dos homens samaritanos que creram (João 4:39-42).

Deus é justo e misericordioso, fiel em suas palavras. Ele trouxe salvação novamente a Israel, ao reino do Norte, a Samaria (Oseias 1:10-11).

Dos versículos 2:14 a 3:5, lemos sobre o amor de Deus.

No capítulo 3, vemos Deus instruir Oseias a amar uma mulher amada por outro e adúltera. Deus ama os seus; Ele não quebra a sua aliança. O Novo Testamento é prova disso.

O Novo Testamento ensina que a promessa da restauração foi, é e será cumprida somente em Cristo.

A igreja, composta por judeus e gentios, constitui o povo restaurado (Romanos 9:24-26; 1 Pedro 2:10; Apocalipse 7:9; 21:3).

Os filhos do Deus vivo, agora em Cristo e com Cristo, se tornaram uma expressão singular que descreve o relacionamento íntimo (e legítimo) que Deus – o doador da vida – desejou desfrutar com Israel, em oposição ao relacionamento sem vida (e ilegítimo) que Israel tinha com Baal.

Deus salvou um povo para Si, constituído de samaritanos (gentios) e judeus.

Este é o amor de Deus.

Deus é como um marido dedicado, que vai atrás de sua esposa infiel (cf. Oseias 2:14-23); é como um pai ou uma mãe que nunca abandona o filho, por mais rebelde que ele seja (Oseias 11:1-4, 8-9).

Em todo o Antigo Testamento, estas são as passagens mais expressivas a respeito do amor de Deus pelo seu povo.

Esse perfeito amor proclamado por Oseias se fez carne em Jesus na plenitude dos tempos (cf. Gálatas 4:4).

Nós sabemos que essa promessa só se torna completa em Cristo. É através Dele que essa reconciliação se concretiza. Alexandrino Moura escreveu:

- Através de Cristo, não apenas os judeus são reconciliados, mas também os gentios, os povos que não faziam parte do povo de Deus. E nós somos os gentios! Somos o povo que não fazia parte da aliança do SENHOR. Não tínhamos direito de chamar Deus de Pai e SENHOR. Mas agora podemos fazer isto graças a Jesus Cristo. Porque Ele é o cabeça da Igreja. Ele é o noivo e nós, como sua Igreja, somos a sua noiva. Nós fomos unidos com pessoas de todas as línguas e nações. Com os mais ricos e os mais pobres.

- Temos tudo em comum. Temos o mesmo SENHOR e salvador. A mesma fé. Tudo isso foi realizado na cruz quando Cristo morreu e nos comprou com seu precioso sangue. Ele nos comprou e nos santificou. Por isso, Ele é nosso cabeça. E no dia de Sua volta, haverá um só pastor e um só rebanho. Jesus Cristo reunirá todos que fazem parte do Seu povo de uma vez por todas.

Jamais esqueçamos disso. Deus fez um povo para Si. E é por nos amar que hoje gozamos da salvação e podemos ser chamados filhos de Deus. A Deus toda a glória. Amém.


Estudo com várias consultas.


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